Sérgio
Biagi Gregório
1.
INTRODUÇÃO
Quem foi Santo Agostinho? O que
nos deixou quando esteve encarnado? Qual a sua importância na codificação da
Doutrina Espírita? As suas comunicações têm algum ranço do catolicismo? Para
melhor conhecer esse Espírito, anotaremos os seus dados biográficos, os livros
que publicou e as comunicações mediúnicas arroladas nas obras espíritas.
2. DADOS
BIOGRÁFICOS
Agostinho (354-430 d.C.) nasceu
em Tagaste, norte da África, quando o Império Romano estava sendo destruído
pelas invasões bárbaras. Seu Pai, Patrício, era pagão; sua mãe, Mônica,
posteriormente Santa Mônica, era cristã. Aos 16 anos, foi estudar direito em
Cartago, mas em 375 começou a se dedicar à filosofia, como resultado da leitura
de Hortêncio, de Cícero. Converteu-se ao Maniqueísmo e tornou-se
professor de retórica em Roma, em 383. De Roma, foi para Milão, onde se viu
tomado pelo carisma do bispo cristão Ambrósio. Por algum tempo, atraiu-o o
neoplatonismo, mas depois de longa e dolorosa luta tornou-se cristão em 386,
recebendo o batismo de Ambrósio na Páscoa de 387. Sua intenção era levar uma
vida “monástica”, mas em 391 foi ordenado, contra a sua vontade, bispo de
Hipona (hoje Annaba, na Argélia). Foi bispo durante trinta e quatro anos, tempo
em que escreveu copiosamente, combateu heresias e viveu em comunidade com
outros cristãos. Aos 76 anos de idade, foi morto Hipona, durante cerco da
cidade pelos vândalos. (Raeper, 1997, p. 25)
3. AS
DUAS PRINCIPAIS OBRAS DEIXADAS POR SANTO AGOSTINHO
3.1.
CONFISSÕES
As Confissões de
Santo agostinho, iniciada em 391 e concluída em 400, é uma obra fascinante. São
treze livros, dos quais 9 auto-biografados e 4 teologais. Nela se apresenta
como o Filho Pródigo e a Ovelha Perdida do Evangelho de Lucas – perdido e
depois encontrado, tal como o apóstolo Paulo.
Procura mostrar pelo seu exemplo
o que pode a graça para os mais desesperados dos pecadores. Com admirável
franqueza e contrição confessa os desregramentos de sua mocidade (teve
inclusive um filho bastardo, Adeodato), sempre atribuindo a si mesmo as
tendências perversas e a Deus os progressos de seu espírito para o bem.
Foi um homem em permanente batalha contra as suas próprias emoções e fraquezas.
Discute também questões acerca do
tempo e a presença do mal no mundo.
3.2.
CIDADE DE DEUS
Os principais temas são: a vontade
humana, as relações entre teologia e razão e divisão da história entre as duas
cidades – dos homens e de Deus.
O pensamento político contido na Cidade
de Deus forja-se no encontro de duas tradições: a da cultura
greco-romana e a das Escrituras judaico-cristãs. Da Antigüidade grega Agostinho
retém as idéias de Platão (República e Leis). Traça, assim, os planos de
uma cidade ideal, a Cidade de Deus, em contrapartida com a da cidade terrestre,
em que predomina a guerra, a injustiça, o egoísmo etc. Para ele, a verdadeira
administração de uma cidade deve estar baseada na justiça, e esta por sua vez
na caridade, ensinada por Cristo.
4.
ORIGENS DO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO
Santo Agostinho usou a filosofia
a serviço da teologia, adotando as idéias platônicas e neoplatônicas e as
moldando de acordo com a sua visão de mundo. Da mesma forma que Platão,
acreditava que a alma habitava um corpo. Dizia: “O homem é uma alma racional habitando
um corpo mortal”.
Em relação ao platonismo, o
posicionamento de Santo Agostinho não é meramente passivo, pois o reinterpreta
para conciliá-lo com os dogmas do cristianismo, convencido de que a verdade
entrevista por Platão é a mesma que se manifesta plenamente na revelação
cristã. Assim, apresenta uma nova versão da teoria das idéias, modificando-a em
sentido cristão, para explicar a criação do mundo. Deus cria as coisas a partir
de modelos imutáveis e eternos, que são as idéias divinas. Essas idéias ou
razões não existem em um mundo à parte, como afirmava Platão, mas na própria
mente ou sabedoria divina, conforme o testemunho da Bíblia. (Rezende, 1996, p.
77 e 78).
5. FÉ,
RAZÃO E REVELAÇÃO
Deixou formulado indicando o
caminho para a sua solução – o problema das relações entre a Razão e Fé, que
será o problema fundamental da escolástica medieval. Ao mesmo tempo demonstra
claramente sua vocação filosófica na medida em que, ao lado da fé na revelação,
deseja ardentemente penetrar e compreender com a razão o conteúdo da mesma.
Entretanto, defronta-se com um primeiro obstáculo no caminho da verdade: a
dúvida cética, largamente explorada pelos acadêmicos. Como a superação dessa
dúvida é condição fundamental para o estabelecimento de bases sólidas para o conhecimento
racional, Santo Agostinho, antecipando o cogito cartesiano, apelará
para as evidências primeiras do sujeito que existe, vive, pensa e duvida.
6. SANTO
AGOSTINHO E O ESPIRITISMO
6.1.
INSTRUÇÕES MEDIÚNICAS DADAS POR SANTO AGOSTINHO
Em O Evangelho Segundo o
Espiritismo encontra-se algumas comunicações deste insigne Espírito.
São elas: Os Mundos de Expiações e de Provas, Mundos Regeneradores e Progressão
dos Mundos (Cap. 3, 13 a 19), O Mal e o Remédio (Cap. 4, 19), O Duelo (Cap. 12,
11 e 12), A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família (Cap. 14, 9) e Alegria
da Prece (Cap. 27, 23).
Em O Livro dos Médiuns há
anotações Sobre o Espiritismo (Cap. 31, 1) e Sobre as Sociedades Espíritas
(Cap. 31, 16).
6.2. O
PONTO DE VISTA DO ESPÍRITO ERASTO
O Espírito Erasto, discípulo de
São Paulo, em uma de suas comunicações enfatiza:
1) Santo Agostinho é um dos
maiores divulgadores do Espiritismo; ele se manifesta quase que por toda parte.
2) Como muitos, ele também foi
arrancado do paganismo.
3) Em meio de seus excessos,
sentiu o alerta dos Espíritos superiores: a felicidade se encontra alhures e
não nos prazeres imediatos.
4) Depois de ter perdido a sua
mãe, disse: “Eu estou persuadido de que minha mãe voltará a me visitar e me dar
conselhos, revelando-me o que nos espera a vida futura”.
5) Hoje, vendo chegada a hora
para a divulgação da verdade que ele havia pressentido outrora, se fez dela o
ardente propagador, e se multiplica, por assim dizer, para responder a todos
aqueles que o chamam. (Kardec, 1984, cap. 1, item 11, p. 41)
6.3. NOTA
DE ALLAN KARDEC
Santo agostinho veio destruir
aquilo que edificou? Não. Ele agora vê com os olhos do espírito; sua alma
liberta da matéria entrevê novos horizontes, que lhe propiciam compreender o
que não compreendia antes. Sobre a Terra, julgava as coisas segundo os
conhecimentos que possuía, mas, quando uma nova luz se fez para ele, pode
julgá-las mais judiciosamente. “Foi assim que mudou de idéia sobre sua crença
concernente aos Espíritos íncubos e súcubos e sobre o anátema que havia lançado
contra a teoria dos antípodas”. Com uma nova luz pode, sem renegar a sua fé,
fazer-se propagador do Espiritismo, porque nele vê o cumprimento das coisas
preditas. Proclamando-o, hoje, não faz senão nos conduzir a uma interpretação
mais sã e mais lógica dos textos. (Kardec, 1984, cap. 1, p. 42)
7.
CONCLUSÃO
A reflexão sobre a vida deste
filósofo e religioso da época patrística nos revela que o progresso espiritual
é uma constante. Será que o Espírito estaria pensando da mesma maneira, depois
da sua experiência como católico? Não seria mais racional crer que ele tenha
sido bafejado pelas luzes da verdade?
8.
VOCABULÁRIO
Antípoda – Habitante que, em relação a outro do globo, se
encontra em lugar diametralmente oposto.
Cícero (106-43)– Brilhante orador e político romano
que se inspirava no ecletismo – a busca de um acordo entre os ensinamentos das
escolas platônica, aristotélica, hedonista etc.
Íncubo – Demônio masculino que, segundo velha crença
popular, vem pela noite copular com uma mulher, perturbando-lhe o sono e
causando-lhe pesadelos.
Maniqueísmo – Seita persa que afirmava ser o Universo
dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, mantendo uma
incessante luta entre si. doutrina que reduz a realidade à oposição irredutível
de dois princípios contraditórios, o Bem e o Mal, aos quais correspondem as
realidades espirituais e materiais.
Neoplatonismo – Movimento filosófico do período
greco-romano desenvolvido por pensadores inspirados em Platão. Entre os
neoplatônicos, citam-se Plotino (205-270), Proclo (411-485). O neoplatonismo se
espalhou por diversas cidades do Império Romano, sendo marcado por sentimentos
religiosos e crenças místicas.
Patrística – Dá-se ao nome de patrística à fase de
fundamentação e da fixação dos dogmas cristãos. Essa grande obra foi realizada
pelos primeiros padres da Igreja, nos primeiros séculos da era cristã. Eles
buscavam estabelecer e explicar a doutrina cristã, mostrando que ela era
perfeitamente digna de ser aceita pelas autoridades romanas e pelo povo em
geral.
Súcubo - Demônio feminino que, segundo velha crença
popular, vem pela noite copular com um homem, perturbando-lhe o sono e
causando-lhe pesadelos.
9.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
RAEPER,
W. e SMITH, L. Introdução ao Estudo das Idéias: Religião e
Filosofia no Presente e no Passado. Tradução de Adail Ubirajara Sobral. São
Paulo: Loyola, 1997.REZENDE, A. (Org.). Curso de Filosofia: para
Professores e Alunos dos Cursos de Segundo Grau e de Graduação. 6. ed. Rio
de Janeiro: Zahar, 1996. KARDEC, A. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
São Paulo, agosto de 2005
Fonte http://www.ceismael.com.br/imagem/titulo.gif
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LUIZ CONCEDE ESPETACULAR ENTREVISTA EM 1964.
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