Pensamento e
Inércia
Por Carlos
Bernardo Loureiro
Após a morte
de Helena P. Blavatsky, em 1891, os discípulos de C. W. Leadbeater e Annie
Besant deram a lume o livro "Thughtforms" (Formas Pensamento),
lançado no Brasil pela Editora Pensamento. As pesquisas dos dois teosofistas
partiram dos trabalhos do Dr. Hippolyte Baraduc, na expectativa de confirmar,
como realmente confirmaram, as informações colhidas através da vidência. Os
pensamentos-emoções, irradiados por uma pessoa manifestam-se em determinadas
formas e cores. Observou-se que o conteúdo moral dos pensamentos determinadas
formas. Ódio, amor, felicidade, agressividade, medo, frustração, cada
sentimento produzia imagem distinta, específica. Leadbeater e Annie Besant
concluíram que as pesquisas que se realizavam poderiam revolucionar a Ciência
que, finalmente, poderia envolver-se no estudo sobre os fenômenos psíquicos.
Mas, a Ciência jamais se interessou por esse tipo de pesquisa, salvo isoladas
investigações (algumas notáveis) a cargo de cientistas do porte de T. Fukurai,
o francês Comandante Darget e o alemão Barão Albert S. Notzing, os dois últimos
notáveis experimentadores no campo da ectoplasmia. Por volta de 1910, o Dr.
Fukurai realizou uma série de experiências com um grupo de médiuns. Solicitava
que transferissem símbolos e signos da escrita japonesa para uma chapa
fotográfica, usando tão somente a força do pensamento. O método do Dr. Fukurai
antecipava, em anos, o que seria utilizado com o sensitivo americano Ted
Sérios.
Considerava-se,
assim, o pensamento como uma forma de energia, que conseguia imprimir nas
chapas fotográficas, diretamente, imagens e signos. O êxito dessas
revolucionárias experiências não conseguiu, porém, sensibilizar os setores
ortodoxos da Ciência oficial. Houve, até, acerba reação ao trabalho do Dr.
Fukurai, por parte de seus colegas da Universidade Imperial de Tóquio. A
ignorância, o preconceito, o espírito de sistema, a velha e perniciosa inveja
sempre se constituíram obstáculos aos avanços científicos. Na atualidade, o
estudo dos fenômenos psíquicos, promovidos pelos encarnados (vivos) e
desencarnados ( mortos? ), tem avançado consideravelmente. Criaram, até, em
Laboratório o termo PSI, retirado da letra grega de igual nome, por Thouless e
Wiesner, para designar qualquer espécie de conhecimento que se não coaduna com
as leis científicas usuais. Estabeleceram uma divisão:
PSI-GAMA (ou
Mentais)
PSI-KAPA (os
Físicos)
Em 1969,
dezembro, a "American Association for the Advancement of Science"
aceitou a filiação da "Parapsychological Association". O fato
representa o coroamento de longa e penosa luta desde os tempos gloriosos das
pesquisas psíquicas. Tem-se como provada a realidade dos fenômenos de
telepatia, da clarividência, da precognição e da psicocinesia. Mas, deve-se
fazer justiça ao Mestre Allan Kardec: ele foi o responsável direto e
consciencioso de todo o processo de investigação em torno do homem e da alma, a
partir do momento em que lançou, em Paris, "O Livro dos Espíritos", a
18 de abril de 1857.
Héctor
Durville (1848-1923), continuador da obra do magnetizador Barão Du Potet,
realizou extraordinárias experiências sobre o desdobramento espiritual.
Escreveu uma obra clássica a respeito do magnetismo, de parceria com Paul C.
Jagot. Certa ocasião, uma médium levada, por Héctor Durville ao estado
sonambúlico descreveu o seguinte:
O paciente
pensa, o médium lê.
"Não
posso ouvir a sua voz, mas "vejo" seus pensamentos como espécies de
raios de luz saindo de seu cérebro; eles emanam de sua própria alma; nós, almas
livres, conseguimos ver com incrível facilidade as vibrações que a alma emite,
através do organismo físico, ao pensar."
Eis por qual
motivo almas mais adiantadas podem ler nossos pensamentos, a eles reagindo
conforme o teor de que os mesmos se revestem. Em escala menor, é claro, pode-se
identificar o fenômeno da Natureza. Cleve Backster, pioneiro da moderna
pesquisa sobre o comportamento dos vegetais, admite que eles possuem, ainda que
a nível primário, um tipo de percepção cujo mecanismo é uma incógnita. Após uma
série de demoradas experiências, Cleve Backster (com o seu Polígrafo) começou a
ter acesso ao fantástico universo emocional das plantas. Constatou que uma
planta doméstica às vezes escolhe uma pessoa que se encontra na sala e começa a
produzir no Polígrafo um padrão gráfico que reproduz, à perfeição, as batidas
cardíacas da pessoa tomada como modelo. As plantas "sabem" quando
devem encenar um "desmaio" estratégico. Quando um cientista canadense
visitou Backster, para observar as suas experiências, as plantas não se
manifestaram. Enquanto o pesquisador estrangeiro permaneceu no ambiente, as
plantas não se prontificaram a cooperar, percebendo que algo determinara o
"procedimento"das plantas, perguntou ao canadense se seus trabalhos,
de algum modo, envolviam violências contra plantas. A resposta deixou-o
espantado. - "sim, eu as levo ao forno, a fim de obter o seu peso seco
para análise". Pouco tempo depois da partida do visitante, as plantas
retornaram as suas surpreendentes manifestações...
O tema é
sobretudo fascinante e perturbador. Admitindo-se que as revelações de
Leadbeater e Annie Besant não se sustentem na ilusão, devendo ser tratadas como
autênticos fenômenos, deve-se concluir que as formas-pensamento que ambos viram
são compostas de uma matéria sutil, capazes de se movimentar. Vejamos o que
esses expoentes da Teosofia informam a respeito: "Se os pensamentos de
alguém estão concentrados em outra pessoa, a forma criada por tais pensamentos
estão concentrados no próprio emitente, então eles ficam circulando à sua
volta, sempre prontos a influenciá-lo." Eles finalizam: "O homem
viaja pela vida dentro de um invólucro de pensamentos que ele mesmo cria".
Alguns
cientistas, ao longo de suas pesquisas, perceberam que existe uma
inquestionável relação entre o pensamento e a matéria. O físico Niels Bohr
chegou a afirmar que "se quisermos interpretar corretamente a mecânica dos
"quantas", suas experiências, e seus paradoxos, temos de aceitar o
pensamento como uma ação puramente física".
Einstein, por
sua vez, admite que "Do conceito de que a matéria é um fantasma
eletrônico, até a idéia de que o pensar ; e uma imagem-pensamento que se
materializa, não existe um grande passo".
Há algum
tempo, o Físico Marcel Vogel, da Califórnia, realizou experiências
utilizando-se métodos espectográficos, destinados a medir uma seqüência de
pensamentos concentrados, e expressar os resultados graficamente. Voguel
publicou os resultados de suas notáveis e revolucionárias experiências em 1973.
Vem-se
observando, pois, que os fenômenos antes estudados e praticados pelo Ocultismo,
constituem objeto das preocupações dos grandes cientistas, que não medem
esforços para penetrar-lhes a natureza íntima de seus mecanismos. Na verdade, o
que antes andava no terreno da superstição é matéria de laboratório. Afinal de
contas, a fenomenologia espiritual tem a sua gênese na própria Lei Natural. E o
pensamento é, nada mais nada menos, que a expressão do Ser espiritual quer
esteja vivenciando uma existência corpórea ou incorpórea. Ambos, como afirmou
Allan Kardec, têm condições de provocar idênticos fenômenos dependendo das
circunstâncias ambientais.
Publicado
no Correio Fraterno do ABC, novembro de 2001
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