quarta-feira, 13 de abril de 2016

Emancipação da Alma - Sensibilidade X Insensibilidade

Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

Um dos fenômenos mais extraordinários que se pode verificar através de um estado de emancipação da alma é o da insensibilidade física. Não é todo estado de emancipação que pode provocar essa situação, nem qualquer indivíduo. Porém, quando se manifesta, chama sempre a atenção pelo inusitado. Escreveu Deleuze em seu livro Instruções Práticas sobre o Magnetismo que “entre os fenômenos que frequentemente tem apresentado o sonambulismo há do qual se pode tirar, em certas circunstâncias, a maior vantagem: tal é o da insensibilidade absoluta. Tem-se visto sonâmbulos a quem se pode beliscar e espetar com força sem que o sentisse”. 

Por outro lado, sabe-se o quanto certos indivíduos em estado de transe se tornam sensíveis num sentido especial. Percebem os sentimentos e intenções das pessoas à sua volta que lhe produzem sensações agradáveis ou desagradáveis de conformidade com o que vai no íntimo delas. A presença de curiosos ou opositores pode causar mal-estar e obstar o bom funcionamento das suas faculdades psíquicas.

Na mesma obra abordou Deleuze essa questão da seguinte forma: “Afastareis todas as testemunhas inúteis, todos os curiosos, e em especial os incrédulos”.

Se alguém entra no ambiente de experiências de inopino, isso pode causar impressões que através das vibrações emitidas atrapalham o processo de emancipação da alma e provocam certos distúrbios ao fenômeno e seus resultados. Há aqueles que sentem com facilidade a emanação fluídica das pessoas e coisas ao seu redor devido a uma extrema sensibilidade magnética que possuem nesse estado. Nesses casos não é necessário dizer que o toque direto deve ser evitado por quem não o induziu ao transe. 

A despeito dessa extraordinária sensibilidade e percepção, há aqueles que desenvolvem a capacidade de insensibilizar-se fisicamente. Mantém a sensibilidade da alma, mas não são afetados através dos sentidos. O tato foi anulado, assim como a audição, a visão e o olfato. 

A esse respeito assim se expressou o Barão du Potet em seu livro Tratado Completo de Magnetismo Animal: 

Donde vem esse poder incomensurável do magnetismo que chega a suspender a sensibilidade durante as operações mais dolorosas e que permite aos instrumentos lacerar as carnes, cortá-las e queimá-las sem que o paciente emita um grito, sem que ele enfim sinta uma única das angústias e, digo mais, sem que ele tenha uma pulsação a mais do que no seu estado de calma? 

Mais adiante o Barão relata uma das cirurgias praticada em Cherbourg, de glândulas cancerosas, pelo Dr. Loysel assistido pelo Sr. Gibon, médico-cirurgião. A cirurgia, ocorrida em 19 de setembro de 1846 teve os dados extraídos dos autos do relatório e foi assistida por mais 50 pessoas. Citamos apenas alguns trechos.

 “Às duas horas e quarenta minutos, a paciente foi magnetizada e adormecida pelo Sr. L. Durand, de uma distância de dois metros e em menos de três segundos. Então o cirurgião, para se assegurar da insensibilidade da doente, perfurou-a bruscamente e por repetidas vezes com um longo estilete na carne do pescoço; um frasco de amoníaco concentrado foi colocado sobre o nariz da paciente. Esta permanece imóvel; nenhuma sensação é percebida, nenhuma alteração se mostra sobre sua feição e nem uma única impressão de fora chega até ela.” 

[...] 

“Por toda a duração da operação, a Srta. Le Marchand permaneceu calma e insensível; nenhuma emoção a agitou; nenhuma contração muscular aconteceu, mesmo quando o bisturi penetrou na carne; ela estava como uma estátua; enfim, a insensibilidade era absoluta.” 

Terminada a cirurgia, dizem os autos, a paciente sorria sem nenhuma lembrança do que tinha ocorrido, com o semblante a demonstrar calma e bem-estar.

Aumento da sensibilidade psíquica e redução da sensibilidade física fazem parte dos fenômenos de emancipação da alma, dos quais ainda pouco se conhece necessitando de estudos e pesquisas para descobrirmos toda a sua aplicabilidade.

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