quinta-feira, 20 de outubro de 2016

História da Era Apostólica - A lição do arado

 

“O ato de seguir a Jesus não é definido como a sensação de uma luz interior, ou a percepção de uma consciência intelectual, mas é comparado com a execução de uma tarefa criativa, consumidora e ativa, como a de colocar a mão no arado e dirigir uma junta de bois.”

HAROLDO DUTRA DIAS

Narra o Evangelho de Lucas a pitoresca história do impetuoso candidato a discípulo, cuja lealdade estava divida entre a obediência aos padrões culturais da sua época e o suave jugo do Cristo:

Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas permita--me despedir-me dos que estão em minha casa.
Jesus, porém, lhe disse: Ninguém que põe sua mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus. (Lucas, 9:61-62.)

Muitos intérpretes salientam que o “despedir-se” da família, no mundo oriental, implicava o pedido de permissão para partir. A autoridade dos genitores, sobretudo a do pai, era suprema, motivo pelo qual a pessoa que partia precisava pedir permissão a quem ficava.

Quando alguém iniciava um novo empreendimento, costumava visitar seu pai na aldeia a fim de lhe pedir a bênção e a permissão para o cometimento, ainda quando se tratasse de um homem independente.

No caso em exame, o candidato condicionava sua adesão ao Cristo à aprovação dos pais, ou seja, buscava conciliar a exigência social da sua época com a convocação espiritual do Mestre.

Em resposta à sua súplica, Jesus estabelece um programa árduo, mostrando que a tarefa de segui-lo exige concentração, dedicação e abnegação.
Arar a terra na Palestina do primeiro século envolvia um conjunto complexo de providências. Joaquim Jeremias salientou algumas delas:

[...] O arado palestino, muito leve, é guiado com uma só mão. Esta mão, geralmente a esquerda, precisa ao mesmo tempo conservar o arado na posição vertical, regular a sua profundidade mediante pressão, e levantá- lo por sobre pedras e rochas que estejam em seu caminho. O arador usa a outra mão para guiar o boi teimoso com um aguilhão com cerca de um metro de comprimento, provido de uma ponta de ferro. Ao mesmo tempo ele precisa ficar olhando continuamente entre as pernas traseiras do animal, para não perder o sulco de vista. Esta forma primitiva de arado requer destreza, atenção, e concentração. Se o arador olhar para os lados, um novo sulco é aberto fora da linha. Desta forma, quem quiser seguir a Jesus precisa estar resolvido a quebrar os laços com o passado, e fixar os olhos apenas no Reino vindouro de Deus [...].2

Não bastasse a dificuldade de manejo do arado, o processo de aragem do campo desdobrava--se em múltiplas atividades, tornando a tarefa muito mais exigente do que se imagina à primeira vista:

[...] A aração era cuidadosa e minuciosa; logo que se quebrava o restolho depois da colheita, abriam-se sulcos com margens largas entre eles, para facilitar a absorção das chuvas. Ao arar, depois das primeiras chuvas, sulcos mais próximos, divididos por canteiros, eram abertos para propiciar a drenagem; só na terceira aração, antes da semeadura, os sulcos eram feitos consecutivamente, sem canteiros entre eles. O trabalho final era o de cobrir a semente... esse implemento era maior e mais pesado do que o moderno arado árabe, que em geral se parece com ele [...].3

Kenneth Bailey, após ter vivido 47 anos em comunidades agrícolas do Oriente Médio, pesquisando os aspectos culturais e literários que estão por trás dos textos do Novo Testamento, afirma:

[...] É claro que a aração era uma operação muito exata, iniciando-se com a abertura de estrias para a absorção da água. Em um estágio posterior, os sulcos eram feitos de forma a permitir a drenagem. Uma terceira aração preparava o solo, e uma quarta cobria a semente depois do plantio. Obviamente qualquer pessoa que desejasse desincumbir-se de uma responsabilidade destas precisava dar atenção irrestrita ao que estava fazendo [...].4

Refletindo acerca da lição do arado, é forçoso concluir que o arador distraído poderá bater com o arado em uma rocha, quebrar sua ponta de madeira, cansar inutilmente a parelha de animais, cortar, sem rumo, o campo não arado, ou destruir o trabalho já realizado. Em suma, o arador deve equilibrar o serviço feito, o que está por fazer, e aquele que está sendo realizado, já que qualquer distração tornará sua ação não apenas improdutiva, mas também destruidora.
No tocante ao símbolo do arado, é valioso o ensino de Emmanuel:

O arado é aparelho de todos os tempos. É pesado, demanda esforço de colaboração entre o homem e a máquina, provoca suor e cuidado e, sobretudo, fere a terra para que produza. Constrói o berço das sementeiras e, à sua passagem, o terreno cede para que a chuva, o Sol e os adubos sejam convenientemente aproveitados.

É necessário, pois, que o discípulo sincero tome lições com o Divino Cultivador, abraçando-se ao arado da responsabilidade, na luta edificante, sem dele retirar as mãos, de modo a evitar prejuízos graves à “terra de si mesmo”.
....................................................
Um arado promete serviço, disciplina, aflição e cansaço; no entanto, não se deve esquecer que, depois dele, chegam semeaduras e colheitas, pães no prato e celeiros guarnecidos.5

O servidor do Cristo conhece o cansaço, jamais o desânimo. Conhece o peso e a rotina do arado, mas aprende no trabalho de cada dia que a disciplina não é um cárcere, é a chave da porta, como dizia Chico Xavier.

Fonte: Reformador  Ano 126 • Nº 2. 157 • Dezembro 2008

1BAILEY, Kenneth E. Through peasant eyes. Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1983. Cap. 2, p. 32.
2JEREMIAS, Joaquim. As parábolas de Jesus. 9. ed. São Paulo: Editora Paulus, 2004. Parte III, cap. VI, p. 196.
3APPELEBAUM. The jewish people in the first century, apud BAILEY, Kenneth E. Through peasant eyes. Combined  Edition. Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1983. Cap. 2, p. 30.
4BAILEY, Kenneth E. Through peasant eyes. Combined Edition. Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1983. Cap. 2, p. 30.

5XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 3.

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Profecias bíblicas
O Novo Testamento - Redação

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Profecias bíblicas


“O resultado final de um acontecimento pode, portanto, ser certo, por se achar nos desígnios de Deus; como, porém, quase sempre, os detalhes e o modo de execução se encontram subordinados às circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens, podem ser eventuais os caminhos e os meios.”1

HAROLDO DUTRA DIAS

Ao discorrer sobre o fenômeno da predição do futuro, em sua magnífica obra A Gênese, o Codificador esclarece que a Providência Divina regula os acontecimentos que envolvam interesses gerais da Humanidade, salientando que os homens concorrem para a execução dos desígnios divinos, mas nenhum deles é indispensável ao seu cumprimento, visto não estar o Criador à mercê de suas criaturas.

Por esta razão, “os detalhes e os modos de execução” constituem estratégias da Providência Divina, que podem variar segundo o grau de adesão da Humanidade aos propósitos celestes, que buscam invariavelmente o progresso e o aperfeiçoamento intelectual e moral dos seres humanos.

O livre-arbítrio do homem, relativo e sempre subordinado à vontade soberana do Criador, pode opor inúmeros obstáculos ao progresso individual e coletivo, como também pode representar poderosa alavanca na execução desses desígnios.

Em matéria de predição dos acontecimentos concernentes ao futuro da Humanidade, ou seja, no tocante à profecia bíblica, urge compreender e meditar a respeito das questões acima mencionadas, de modo a não incorrer em falsas interpretações ou em alarmismo inconveniente.

Nunca é demais lembrar que o amor e a misericórdia Emmanuel mais uma vez nos socorre na tarefa de interpretação deste versículo:

Muita gente insiste pela rigidez e irrevogabilidade das determinações de origem divina, entretanto, compete-nos reconhecer que os corações inclinados a semelhante interpretação, ainda não conseguem analisar a essência sublime do amor que apaga dívidas escuras e faz nascer novo dia nos horizontes da alma.
Se entre juízes terrestres existem providências fraternas, qual seja a da liberdade sob condição, seria o tribunal celeste constituído por inteligências mais duras e inflexíveis?
A Casa do Pai é muito mais generosa  que qualquer figuração de magnanimidade apresentada, até agora, no mundo, pelo pensamento religioso. Em seus celeiros abundantes, há empréstimos e moratórias, concessões de tempo e recursos que a mais vigorosa imaginação humana jamais calculará.3 (Grifo nosso.)

O Altíssimo conjuga todas as providências e recursos para que o progresso das almas se efetue em clima de harmonia e paz, sob os auspícios do seu infinito amor. A tormenta, o desajuste, o desequilíbrio e a expiação decorrem do abandono voluntário do Amor Divino.

Não há determinações rígidas e irrevogáveis nos códigos celestes. Se o condenado4 pela justiça humana é acompanhado durante o cumprimento de sua pena, tendo em vista a possibilidade da concessão de diversos benefícios, dependendo do seu comportamento na prisão, não há razão para aguardar comportamento diverso da Providência Divina, no curso das nossas expiações e provas.

Pelo contrário, a programação espiritual de uma existência ou de um iclo de progresso da civilização humana é sempre feita com base em cálculos de probabilidade.

Os caminhos são tão intricados e dependem de tantas variáveis que lembram uma teia de aranha, com suas vigorosas ramificações.

Nessa linha interpretativa, Emmanuel assim se expressa:

Cada homem possui, com a existência, uma série de estações e uma relação de dias, estruturadas em precioso cálculo de probabilidades. [...]5
Nesse contexto, podemos asseverar que todas as predições/profecias da Bíblia se acham subordinadas a um paradoxo, que pode ser expresso nos seguintes termos: “A profecia é revelada para que não se cumpra”.

A afirmação pode causar certa estranheza ao leitor. Pensando nisto, transcrevemos a seguir o trecho de uma entrevista concedida pelo médium Francisco Cândido Xavier sobre o assunto em estudo, que muito tem nos auxiliado na compreensão desse palpitante tema:
Jonas pregando para o ninivitas

O Célebre Nostradamus assinala os meses de julho e outubro de 1999 como sendo o período final do tempo que estamos atravessando; com a ocorrência de imensos cataclismos astronômicos e sociais. Nostradamus deve ser levado a sério?

– Com respeito às profecias de Nostradamus que, aliás, devemos estudar com o maior respeito ao mensageiro humano dos vaticínios conhecidos, pede-nos Emmanuel para lermos com meditação a Parábola de Jonas no Antigo Testamento.6(Grifo nosso.)

Sendo assim, no tocante ao cumprimento das profecias, sobretudo as bíblicas, o paradigma deve ser a Parábola de Jonas, encontrada no Antigo Testamento (Jonas, 3-4), segundo nos orienta o Benfeitor Emmanuel.

O profeta Jonas foi encarregado de transmitir à cidade de Nínive tenebrosos vaticínios de destruição e morte, caso os cidadãos daquele local não se arrependessem dos seus erros.

Todavia, contrariando as expectativas do profeta, os habitantes de Nínive se arrependeram, passando a viver segundo as determinações da Lei Divina, motivo pelo qual a profecia foi anulada, não obstante a revolta de Jonas, que se sentiu humilhado pelo suposto fracasso da sua missão.

Quando o profeta descansava do Sol ardente, sob a sombra de uma mamoneira, Deus enviou vermes que destruíram a planta, expondo o profeta novamente ao calor escaldante.

Diante da revolta de Jonas, Deus exclamou, na instrutiva parábola do Velho Testamento:

“Tu tens pena da mamoneira, que não te custou trabalho e que não fizeste crescer, que em uma noite existiu e em uma noite pereceu. E eu não terei pena de Nínive, a grande cidade, onde há mais de cento e vinte mil seres humanos, que não distinguem entre direita e esquerda, assim como muitos animais!”7

Sendo assim, considerando-se o infinito amor de Deus por todas as suas criaturas, bem como o caráter pedagógico de toda revelação acerca dos acontecimentos futuros, individuais ou coletivos, é lícito asseverar que “a profecia é revelada para que não se cumpra”.

Fonte: Reformador  Ano 128  Nº 2. 172 • Março 2010

1KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 16, item 14.
2Ap., 2:21. Tradução do articulista.
3XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 92, p. 199-200.
4Na legislação brasileira, o condenado, durante a execução de sua pena, é chamado de “reeducando”, o que revela a nova visão humanista do Direito Penal.
5XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 113, p. 258.
6XAVIER, Francisco C.; ARANTES, Hércio M. C. Autores diversos. Encontros no tempo. São Paulo: IDE, 1979. Cap. 1, q. 6.
7Bíblia de Jerusalém. 3. imp. São Paulo: PAULUS, 2004. Jonas, 4:10-1, p. 1.633.


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O Novo Testamento - Redação

domingo, 16 de outubro de 2016

História da Era Apostólica - Nascimento de Jesus

Os Quatro Evangelistas, quadro de Jacob Jordens
HAROLDO DUTRA DIAS

 “Para quem está familiarizado com a história antiga, não deve ser motivo deperturbação o fato de que as  principais datas na vida de Jesus sejam apenas aproximadas. [...] Na verdade, as datas de nascimento até mesmo de alguns imperadores romanos não são certas [...].”

No prólogo deste artigo há uma citação do historiador John P.Meier, professor na Universidade Católica de Washington D. C., considerado um dos mais eminentes pesquisadores bíblicos de sua geração. Ao stabelecer os limites da ciência e da 
investigação humanas, ele adverte:“Por Jesus da história, refiro-me ao Jesus que podemos ‘resgatar’ e examinar utilizando os instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica”.2

A pesquisa histórica baseia-se em fontes (documentos, registros, inscrições, ossuários, obras de historiadores, achados arqueológicos) e adota métodos específicos, adequados ao tipo de fonte analisada, com vistas à interpretação consistente dos dados coletados.

Por vezes, seja em razão da escassez dessas fontes, seja em decorrência da ausência de parâmetros na interpretação dos dados colhidos, somos obrigados a reconhecer a limitação dos “instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica”.

Nesse ponto, consideramos preciosa a contribuição dada pela Doutrina Espírita no equacionamento de graves questões. No caso da cronologia da vida de Jesus, é lícito concluir que a obra psicográfica de Francisco Cândido Xavier supre inúmeras lacunas, impossíveis de serem transpostas sem o auxílio da revelação espiritual, tendo em vista as limitações da historiografia.

Os dados cronológicos mais importantes da vida de Jesus encontram-se nas narrativas da infância (Mateus, 2; Lucas, 1:5, 2:1-40) e nas narrativas da paixão (Mateus, 26-27; Marcos, 14-15; Lucas, 21- -23; João, 13-19). Outros dados relevantes podem ser encontrados nos evangelhos de Lucas e João (Lc., 3:1-2 e 23; Jo., 2:20).

Os historiadores do Cristianismo, porém, chamam a atenção para o fato de que os Evangelhos não são essencialmente obras de história, no sentido atual da palavra. Os Evangelistas não pretendiam produzir uma biografia completa ou mesmo um sumário da vida de Jesus. Ao contrário, escreveram com a finalidade de transmitir o ensino do Mestre, os fatos principais da sua vida, de modo a legar à posteridade o testemunho da fé.

Nesse sentido, é justo considerar que os Evangelistas organizaram o material da tradição (oral e/ou escrita) de acordo com um propósito redacional. Compilaram e organizaram as narrativas sem se preocuparem com a ordem histórica dos acontecimentos. É o que nos demonstra o pesquisador norte-americano:

[...] Tais compilações ainda são visíveis em Marcos: por exemplo, as passagens polêmicas localizadas no início do ministério de Jesus na Galiléia (2:1; 3:6), em contraposição a outra série de passagens semelhantes já em Jerusalém, ao final do ministério (11:27; 12:34); uma seção central de relatos de milagres e palavras de Jesus, agrupados pela palavra- chave “pão” (6:6; 8:21) e uma coletânea de parábolas (4:1; 34). Não há motivo para considerarmos essas compilações como tendo preservado a inviolável ordem cronológica dos eventos, especialmente porque Mateus e Lucas não o fizeram.Mateus, por exemplo, reordena livremente os relatos de milagres que aparecem em Marcos, para criar um grupo conciso de nove relatos divididos em três grupos intercalados por material de “enchimento” (Mateus, 8-9). O grande Sermão da Montanha, em Mateus, reaparece, em parte, em Lucas como o Sermão da Planície, menor que o outro (ambos como tendo ocorrido na Galiléia) e, parcialmente, em material espalhado por todo o longo relato da jornada final de Jesus até Jerusalém, em Lucas, 9:51; 19:27 [...]”.3 

A Adoração dos Pastores, quadro de Giorgione

Por outro lado, seria temerário acusar os Evangelistas de terem distorcido os fatos para adequá-los a propósitos teológicos. Nesse caso, vale lembrar que escreveram para contemporâneos, muitos deles testemunhas oculares dos fatos narrados, razão pela qual não se justifica o ceticismo exagerado com relação aos dados contidos nos Evangelhos. Deve ser encontrada uma posição de equilíbrio que prime pela fé raciocinada.

Assim, considerando o relato dos Evangelistas, pode-se afirmar que Jesus nasceu no tempo do imperador Augusto (37 a.C.-14 d. C.), antes da morte de Herodes, o Grande.

No ano 525 d.C., o papa João I 470-526 d.C.) pediu a Dionísio4 que elaborasse um calendário com o cálculo dos ciclos pascais, as datas futuras da Páscoa. Frei Dionísio, além de elaborar uma efeméride pascal, estabeleceu um novo calendário, em oposição ao sistema alexandrino, da era diocleciana, fixando a data do nascimento de Jesus em 25 de dezembro de 753 A.U.C.,5 declarando 1o de janeiro de 754 A.U.C. como o início do primeiro ano da Era Cristã, o “Anno Domini” (Ano do Senhor).

Posteriormente, descobriu-se que a data estabelecida por Dionísio estava absolutamente equivocada, visto que fixava o nascimento de Jesus três anos após a morte de Herodes, o Grande.

Para se encontrar a data da morte de Herodes, utilizou-se preciosa informação fornecida pelo historiador judeu Flávio Josefo (Antiguidades Judaicas, livro XVII, cap. 6, § 4, item 167), segundo o qual teria ocorrido um eclipse lunar pouco antes do falecimento daquele monarca. Com base em cálculos astronômicos precisos, é possível afirmar que a morte daquele rei se deu por volta de março/abril do ano 750 A.U.C. (4 a.C.), logo após o referido eclipse.

Desse modo, concluem os exegetas que Jesus, seguramente, nasceu antes do ano 4 a.C. (data da morte de Herodes, o Grande). Todavia, esses pesquisadores são unânimes em reconhecer a impossibilidade de se determinar o ano exato do nascimento de Jesus, com base nas fontes históricas atualmente disponíveis.

Os “instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica” nos permitem  chegar somente até esse ponto.

É nesse momento que a revelação espiritual pode e deve ser conjugada com as pesquisas humanas, no intuito de resolver questões intricadas, mas extremamente relevantes para o estudo do Cristianismo Nascente.

Nesse sentido, merece ser transcrito o extraordinário texto do Espírito Humberto de Campos, revelando a data do nascimento do Cristo:

[...] o Senhor chamou o Discípulo Bem-Amado ao seu trono de jasmins matizado de estrelas. O vidente de Patmos não trazia o estigma da decrepitude, como nos seus últimos dias entre os espórades. Na sua fisionomia pairava aquela mesma candura adolescente que o caracterizava no princípio do apostolado.

– João – disse-lhe o Mestre –, lembras-te do meu aparecimento na Terra?

– Recordo-me, Senhor. Foi no ano 749 da era romana, apesar da arbitrariedade de Frei Dionísio, que, calculando no século VI da era cristã, colocou erradamente o vosso natalício em 754. – 

Não, meu João – retornou docemente o Senhor –, não é a questão cronológica que me interessa, ao te argüir sobre o passado. É que nessas suaves comemorações vem até mim o doce murmúrio das lembranças!...

– Ah! sim, Mestre Amado – retrucou pressuroso o Discípulo –, compreendo- vos. Falais da significação moral do acontecimento. Oh!... se me lembro... a manjedoura, a estrela guiando os poderosos ao estábulo humilde, os cânticos harmoniosos dos pastores, a alegria ressoante dos inocentes, afigurando-se-nos que os animais vos compreendiam mais que os homens, aos quais ofertáveis a lição da humildade, com o tesouro da fé e da esperança. [...] 6 (Grifo nosso.)

Assim, consoante a revelação espiritual, pelas mãos do respeitável médium Francisco Cândido Xavier, Jesus nasceu no ano 749 da era romana. Considerando que o primeiro ano do calendário gregoriano (Anno Domini – Ano 1), atualmente em vigor no mundo ocidental, corresponde ao ano 754 U.A.C. (ano da fundação de Roma), e tendo em vista que não há ano zero, nesse calendário, basta considerar a seqüência 753 U.A.C. = 1 a.C.; 752 U.A.C. = 2 a.C.; 751 U.A.C. = 3 a.C.; 750 U.A.C. = 4 a.C. e 749 U.A.C. = 5 a.C.

Desse modo, pode-se concluir que o nascimento do Mestre se deu no ano 5 a.C.
.
Fonte: Reformador Ano 126 Nº 2. 151 • Junho 2008


1MEIER, John P. Um judeu marginal: repensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1993. p. 367.

2Idem, ibidem. p. 35
3MEIER, John P. Um judeu marginal: repensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1993. p. 50-51.
4Dionysius Exiguus (470-540 d.C.) nasceu na Scythia Menor (Romênia/Bulgária), transferindo-se para Roma por volta do ano 500 d.C., onde se tornou tradutor de inúmeras obras da Igreja Romana, importantes para o direito canônico, além de ter elaborado a tabela com as datas da Páscoa. Todavia, seu nome entrou para a história por ser o criador do “Anno Domini”, alterando o calendário da época.
5A.U.C. (Anno Urbis Conditae) – Ano da fundação da cidade de Roma. Os historiadores fixam a data da fundação daquela cidade no ano 753 a.C., acolhendo os informes do historiador romano “Varrão”. É comum confundir-se a sigla A.U.C. com Ab Urbe Condita, título do livro de Tito Lívio sobre a história de Roma.
6XAVIER, Francisco Cândido. Crônicas de além-túmulo. Pelo Espírito Humberto de Campos. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 15, p. 89-90. A Adoração dos Pastores, quadro de Giorgione

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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

História da Era Apostólica - O candidato a discípulo


HAROLDO DUTRA DIAS

“[...] O Compositor compõe uma música, e a obra está terminada. O Escultor  cinzela o seu mármore, e um dia a estátua está acabada. Mas a tarefa do exegeta nunca tem fim. Ele pode parar, apenas, para registrar, um tanto timidamente, as suas descobertas em certo ponto do tempo, orando para que elas tenham alguma utilidade para outras pessoas, e para que ele tenha sido fiel ao que lhe foi dado, até então. [...].”1

Na visão profética de Jeremias, Deus compara sua palavra com “um martelo que despedaça a rocha” (Jr., 23:29). E o Talmud comenta: “Tal qual a rocha que se parte em muitos fragmentos sob o golpe do martelo, assim cada palavra do Santíssimo, bendito seja, foi dividida em setenta expressões” (B. Shabat, 83b) – uma multiplicidade  de significados e interpretações. Por esta razão, diz o Midrash que “a Torah2 tem setenta faces” (Midrash Rabá, Números, 13:15).

Advertidos da complexidade  que envolve a atividade do intérprete das Escrituras, podemos examinar a bela passagem do Evangelho de Lucas, na qual o candidato a discípulo pede a Jesus a concessão de tempo, antes de aceitar o convite para segui-lo; eis o texto:

E disse a outro: Segue-me.Mas, ele disse: Permite-me ir primeiro enterrar meu pai. Mas, ele respondeu: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e proclama o Reino de Deus. (Lucas, 9:59-60.)

Muitos intérpretes acreditam que o pai acabara de morrer ou estava prestes a expirar.Nesse caso, o candidato a discípulo pedia singela permissão para oferecer ao cadáver do genitor a bênção da sepultura.

O sepultamento dos pais era considerado um dever religioso dos judeus, uma espécie de desdobramento do mandamento “honrar pai e mãe”. (Gênesis, 50:5; Êxodo, 20:12;Deuteronômio, 5:16; Tobias, 4:3-4.) Desse dever estavam isentos somente o sumo sacerdote e aqueles que fizeram o voto de nazireu (Levítico, 21:10-11; Números, 6:6-7).

Não ser sepultado era uma maldição, uma vergonha (Deuteronômio, 28:26; Salmos, 79:2), razão pela qual o dever do sepultamento tinha primazia sobre o estudo da
Lei, o serviço do Templo, o sacrifício da Páscoa, a observância da circuncisão, a recitação do Shemá e a leitura da Megillah (B. Berakhot 3a; B. Megillah 3b). Até os sacerdotes, que deveriam evitar a contaminação do contato com cadáveres, tinham permissão para sepultar seus pais (Levítico, 21:2-3).

A questão, posta nestes termos,  oferece enormes dificuldades ao exegeta. Joaquim Jeremias salientou algumas delas:

[...] Ao chamar para o círculo dos discípulos que o acompanhavam, Jesus imprimiu um tom de urgência ao seu apelo. A Eliseu foi permitido despedir-se da sua família (1Rs., 19:20), mas Jesus não concede essa licença (Lc., 9:61), e até mesmo rejeita o pedido de um filho que roga se lhe permita cumprir o mais elementar dever de um filho, a saber, o de sepultar o seu pai. O sepultamento se fazia na Palestina no próprio dia da morte e em seguida faziam-se dois dias de luto, quando a família enlutada recebia as expressões de condolência. Jesus não pode conceder essa prorrogação. Por que tanta urgência? [...].3

Observando essa primeira “face” da interpretação do texto, concluímos que a exigência de Jesus é superior à de Elias, que permitiu a Eliseu despedir-se de seus pais (1Reis, 19:19-21), mas iguala-se à exigência de Deus, que não permitiu ao profeta Ezequiel fazer luto por sua mulher (Ez., 24:15-24).

Jesus redefine o núcleo familiar sobre as bases da obediência à vontade de Deus, e não sobre os laços sangüíneos (Mateus, 12:46-50), advertindo que o discipulado é duro, e exige um compromisso absoluto e permanente.
Allan Kardec resume magistralmente essa idéia:

Sem discutir as palavras, deve-se aqui procurar o pensamento, que era, evidentemente, este:“Os interesses da vida futura prevalecem sobre todos os interesses e todas as considerações humanas”, porque esse pensamento está de acordo com a substância da doutrina de Jesus, ao passo que a ideia de uma renunciação à família seria a negação dessa doutrina.4

Os comentaristas orientais, por sua vez, considerando os aspectos culturais do texto, fazem observações interessantes. Ibn al-Salibi comenta:

Deixa-me ir sepultar significa: deixa-me ir e servir meu pai enquanto ele é vivo; depois que ele morrer, eu o sepultarei e virei.5

A mesma idéia é apresentada pelo comentarista árabe Sa’id:

[...] O segundo (discípulo) está olhando para um futuro longínquo, pois adia sua decisão de seguir Jesus para um tempo posterior à morte do seu pai [...]. Se o seu pai tivesse realmente morrido, por que naquele exato momento ele não estava velando o corpo dele? Na verdade, ele pretende adiar o assunto de seguir Jesus para um futuro distante, quando o seu pai, velho,morresse.Mal sabe ele que Jesus, dentro de muito pouco tempo entregará o seu espírito. [...].6

Kenneth Bailey, após ter vivido 47 anos em comunidades agrícolas do Oriente Médio, pesquisando os aspectos culturais e literários que estão por trás dos textos do Novo Testamento, afirma:

[...] A frase “enterrar o pai” é expressão idiomática tradicional que se refere especificamente aos deveres do filho de ficar em casa e cuidar de seus pais até que eles jazam em paz, para descansar com todo o respeito. Este escritor ouviu exatamente esta expressão sendo usada repetidamente entre os habitantes do Oriente Médio discutindo a emigração. Em certo ponto da conversa alguém pergunta: “Você não vai sepultar primeiro a seu pai?”. A pessoa que interroga geralmente está se dirigindo ao futuro emigrante, que tem cerca de trinta anos de idade. Geralmente, o pai em discussão ainda deve ter cerca de vinte anos para viver. A ideia é: “Você não vai ficar até cumprir o dever tradicional de tomar conta de seus pais até a sua morte, e depois pensar em emigrar?”. Outros coloquialismos expressam a mesma idéia cultural. Na língua síria coloquial de aldeias isoladas da Síria e do Iraque, quando um filho rebelde procura reafirmar a sua independência em relação ao seu pai, a repreensão final e contundente do pai é: kabit di gurtly (“Você quer me enterrar”). A ideia é: “Você quer que eu me apresse a morrer para que a minha autoridade sobre você termine, e você fique por sua própria conta” [...]. Aqui estamos tratando de expectativas da comunidade, que podem ser mal traduzidas em termos ocidentais [...]. O recruta à margem da estrada está dizendo: “A minha comunidade me faz certas exigências, e a força dessas exigências é muito grande. Certamente, o senhor não espera que eu frustre as expectativas da minha comunidade, não é?”. Não obstante, é exatamente isto que Jesus requer [...].7

Observando essa segunda “face” da interpretação do texto, concluímos que o candidato a discípulo pedia muito mais tempo do que o necessário para o sepultamento.Na verdade adiava o compromisso por tempo indeterminado.No entanto, a resposta de Jesus engloba as duas situações expostas na primeira “face” e na segunda “face” da interpretação. O sentido de prioridade, urgência e devotamento exigidos pelo chamamento do Cristo permanece intacto nas duas abordagens.

Allan Kardec, ao comentar os versículos em estudo (Lucas, 9:59--60), asseverou:

A vida espiritual é, com efeito, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito, sendo-lhe transitória e passageira a existência terrestre, espécie de morte, se comparada ao esplendor e à atividade da outra. O corpo não passa de simples vestimenta grosseira que temporariamente cobre o Espírito, verdadeiro grilhão que o prende à gleba terrena, do qual se sente ele feliz em libertar-se. [...] Era isso o que aquele homem não podia por si mesmo compreender. Jesus lho ensina, dizendo: Não te preocupes com o corpo, pensa antes no Espírito; vai ensinar o reino de Deus; vai dizer aos homens que a pátria deles não é a Terra, mas o céu, porquanto somente lá transcorre a verdadeira vida.8 (Grifo nosso.)

No tocante ao ensino “deixa que os mortos enterrem seus mortos”, é valiosa a lição de Emmanuel:

O cadáver é carne sem vida, enquanto que um morto é alguém que se ausenta da vida. Há muita gente que perambula nas sombras da morte sem morrer.
Trânsfugas da evolução, cerram-se entre as paredes da própria mente, cristalizados no egoísmo  ou na vaidade, negando-se a partilhar a experiência comum. Mergulham-se em sepulcros de ouro, de vício, de amargura e ilusão.  [...].9

Espiritualmente falando, apenas conhecemos um gênero temível de morte – a da consciência denegrida no mal, torturada de remorso ou paralítica nos despenhadeiros que marginam a estrada da insensatez e do crime. É chegada a época de reconhecermos que todos somos vivos na Criação Eterna.10

Urge atender ao chamado do Cristo no tempo intitulado “hoje”.

Fonte: Reformador  Ano 126 • Nº 2. 155 • Outubro 2008

1BAILEY, Kenneth E. Through peasant eyes. Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1983. Preface, p. 7.
2Torah, em sentido amplo, significa a “revelação divina”. Em sentido estrito, significa o pentateuco mosaico, ou seja, os cinco primeiros livros da Bíblia hebraica.
3JEREMIAS, Joaquim. Teologia do novo testamento. São Paulo: Editora Hagnos, 2008. Cap. IV, p. 208.
4KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XXIII, item Abandonar pai, mãe e filhos.
5IBN AL-SALIB, apud BAILEY, Kenneth E. Through peasant eyes. Combined Edition. Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1983. Chapter 2, p. 26.
6SA'ID, apud BAILEY, Kenneth E. Through peasant eyes. Combined Edition. Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1983. Chapter 2, p. 26.
7BAILEY, Kenneth E. Through peasant eyes. Combined Edition. Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1983.Chapter 2, p. 26. 8KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XXIII, item 8.
9XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. 1a reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Cap. 143.
10______. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 42.

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