sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

SONAMBULISMO NÃO É DESDOBRAMENTO

Gebaldo José de Souza

 “Por que você não usa o termo ‘desdobramento’, adotado por André Luiz? Não acha mais adequado que o termo ‘sonambulismo’, usado por Kardec? Penso que Kardec usou o termo naquela época por ser a melhor relação possível entre a observação e o cotidiano, mas acho o termo adotado por André Luiz mais acorde com a atualidade.”

São indagações de companheiro espírita, após ler nosso estudo: Sonambulismo natural em Reuniões Mediúnicas.

Ofereci a ele a seguinte resposta: Sonambulismo e desdobramento não são sinônimos. Um e outro são faculdades anímicas. Mas não são a mesma coisa.

Tanto é que André Luiz utilizou as duas palavras, em sua obra1, não como sinônimas, mas em situações distintas. Analisemos o assunto.

Afirma-nos nobre amigo: “Independentemente de serem, ou não, sonâmbulos, desdobram-se letárgicos e catalépticos, assim como todos nós, quando dormimos; e os médiuns em geral, antes da ocorrência de qualquer fenômeno mediúnico. O fato de a pessoa ser sonâmbula facilitará esse desdobramento”. E, nessa condição, suas percepções são ampliadas:

“Em geral, suas ideias são mais justas do que no estado normal, e mais amplos seus conhecimentos, porque sua alma está livre. Numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos Espíritos.”2

Hermínio C. Miranda, num pequeno grande livro3, afirma que

“(...) alma e espírito são e não são a mesma coisa. (...) A alma é a personalidade e o espírito, a individualidade.”

Se bem entendi a hipótese que ele nos apresenta e desenvolve, a personagem “dorme” quando o sensitivo está em desdobramento. A partir daí, não é mais a alma (Espírito encarnado) que se manifesta, mas a individualidade (Espírito), agora livre dos condicionamentos que o corpo lhe impõe, com “apenas” cinco sentidos.

Então, o fato de o médium ser sonâmbulo é que enseja a ele entrar no transe anímico – expressão do autor citado, na mesma obra –, a partir do qual ocorre o desdobramento espiritual; ou seja, o desdobramento, nele, é consequência da faculdade sonambúlica. Esta facilita a ocorrência daquele.

“Luciano, mergulhado num transe de perfil nitidamente anímico, no qual seu espírito, dono de todo um acervo mnemônico, falava através de seu próprio corpo físico, como uma espécie de médium de si mesmo.” (p. 31).

Já Martins Peralva4, registra que: “Antônio Castro: é médium sonâmbulo.”

E, na mesma obra e Capítulo (XV), à página 86, afirma:

“O capítulo ‘Desdobramento em Serviço’, (...) esclarece essa singular mediunidade, realmente pouco comum entre nós.”

Médium de desdobramento é aquele cujo Espírito tem a propriedade ou faculdade de desprender-se do corpo, (...).”

Com todo o respeito que dedico aos escritos do nobre e estudioso autor – ora na Pátria Espiritual –, ouso discordar dele nos dois casos: de que o desdobramento é raro e em afirmar que há médium de desdobramento. A meu ver, ele se equivoca duplamente.

Primeiro, ao afirmar que o desdobramento é pouco comum entre nós – situação real, quem sabe, no passado. Mas tudo evolui; e mudanças ocorrem. Há que se preparar para elas e para novos aprendizados. Percentualmente, talvez o seja, mas em números, num universo de 200 milhões de brasileiros, ou de 7 bilhões de habitantes, na Terra, existe grande número de pessoas sonâmbulas!

E essa faculdade, ainda que continuasse rara, necessita e merece ser estudada, compreendida, até para auxiliar médiuns que a detém e que sofrem, em muitos casos, enormemente, por não haver quem dela conheça um pouco, e os auxilie e oriente!
Entendo, isto sim, que a faculdade é pouco conhecida, porque pouco ou raramente é estudada, advindo daí a dificuldade de muitos dirigentes de reuniões mediúnicas em identificá-la. Aliás, a própria Doutrina Espírita é pouco estudada por grande maioria daqueles que nos dizemos espíritas! Especialmente por muitos que dirigem ou atuam em Reuniões Mediúnicas, ou até assumem responsabilidades ainda maiores no Movimento Espírita.

Allan Kardec dedicou trinta e uma questões – as de números 425 a 455 –, com mais duas subquestões ao tema, em O Livro dos Espíritos5; os itens 172 a 174, em O Livro dos Médiuns; e inúmeros artigos na Revista Espírita, ao longo de vários anos! São algumas citações, para não nos alongarmos demais. Como se vê, para ele o assunto não é menor e, portanto, merece ser estudado e compreendido.

Em segundo lugar, ao chamar essa faculdade (desdobramento) de mediunidade.
O simples fato de um médium, detentor da faculdade sonambúlica achar-se desdobrado, não indica que haja Espírito a manifestar-se por ele. Não se encontra, nesse momento particular, “incorporado” por qualquer Entidade. Não existe, pois, médium de desdobramento. Existem médiuns que possuem a faculdade sonambúlica. Quando entram no transe anímico, desdobram-se e se manifestam eles mesmos, sem a interferência de outro Espírito, seja revivendo a personalidade que teve em outra existência, servindo-se do idioma que então falava, seja conservando-se no tempo presente, revelando, contudo, acervo de conhecimentos que não expressa na existência atual. Não há, pois, nesses fatos, o exercício da mediunidade, mas, sim, uma “vivência” sonambúlica, se assim podemos dizer.

A ausência de estudo dessa faculdade, repito, é erro extraordinário, pelos recursos que apresenta no socorro a espíritos sofredores que se manifestam mediunicamente, seja porque o médium, desdobrado, desloca-se a regiões distantes, ou próximas, onde existam intensos sofrimentos, seja porque permite – quando os Mentores Espirituais concordam com a aplicação desse recurso – submeter o espírito rebelde à regressão de memória, quando “incorporado” ao médium em transe sonambúlico. Ele, em casos assim, atua na condição de médium, exercitando a psicofonia sonambúlica (Ver o Cap. 8 da obra de André Luiz, acima indicada; e, ainda, o item 173, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec).

No item 172 deste último livro, o Codificador registra que: “O sonambulismo pode ser considerado como uma variedade da faculdade mediúnica, ou melhor, são duas ordens de fenômenos que frequentemente se acham reunidos.”


“O simples fato de um médium, detentor da faculdade sonambúlica achar-se desdobrado, não indica que haja Espírito a manifestar-se por ele.”

Nesse mesmo item, diz ainda Allan Kardec: “Mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também pode fazê-lo com um sonâmbulo; aliás, o estado de emancipação da alma provocada pelo sonambulismo facilita essa comunicação.”

Contudo, admoesta-nos Áulus: essa faculdade requer dos que a possuem vigilância igual ou ainda maior do que a de quaisquer médiuns; sobretudo no que se refere ao aprimoramento moral, eis que ficam mais sujeitos à obsessão. É o que se lê em André Luiz – obra citada1, Cap. 08 – Psicofonia sonambúlica –, pp. 75/76:

“(...) O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, (...).”

Referindo-se à enferma,
“(...) Áulus acentuou:

– É um caso doloroso como o de milhares de criaturas.” (p. 89)
O nobre Espírito não usou a palavra “alguns”, mas “milhares”; ou seja, há número considerável de pessoas passando pela provação do “sonambulismo torturado”.

No caso em estudo, a mulher deveria receber o perseguidor como filho, mas, ao engravidar, provocou o aborto, descumprindo compromissos espirituais, advindo daí sua enfermidade. (p. 91).
Em situações semelhantes, certamente haverá grande número de doentes mentais reiteradamente internados em clínicas especializadas, espíritas, ou não.

Entendemos, assim, que sonâmbulos são médiuns cuja faculdade pode manifestar-se de três formas:

– Eles só, como sonâmbulos, desdobrados, sem referir-se a vidas anteriores deles próprios e sem oferecer passividade a quaisquer Espíritos desen-carnados;

– Como médiuns de si mesmos, em manifestações anímicas, relatando experiências de outras vidas – vide Eu sou Camille Desmoulins – de Hermínio C. Miranda, Editora Arte & Cultura Ltda.;

– Quando se desdobram e ocorre a psicofonia sonambúlica, na mediunidade inconsciente.

No primeiro caso, temos, no dizer de Kardec, “(...) apenas um sonâmbulo (...)”; no segundo, autêntica manifestação anímica e sonambúlica – vide citação3, acima: (...) como uma espécie de médium de si mesmo.” –, quando assumem personalidades por eles vividas, em outra época; no terceiro, o sonâmbulo-médium, como afirma também o Codificador, no item 173, de O Livro dos Médiuns.

Podem atuar, também, na mediunidade consciente, como médiuns comuns – sem utilizar a faculdade sonambúlica –, incorporando, “(...) como qualquer médium comum (...)”, entidades sofredoras, ou não, em manifestação mediúnica normal.
Em O Livro dos Médiuns2 (Allan Kardec): ver itens 172 a 174. (Importantíssimos e algo extensos para transcrição na íntegra).
No final do item 173, dessa obra, lemos: “(...) Quando só, era apenas um sonâmbulo; assistido por aquele a quem chamava seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.” (Grifos do texto original).
Como vimos, sonambulismo não é “apenas” desdobramento. E, portanto, nem essas faculdades são iguais, nem as expressões que as identificam são sinônimas!

NOTA: Os grifos em negrito são todos nossos.

Referências:
1 – XAVIER, Francisco C. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 9.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. 3, 8 e 11.
2 – KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução Evandro Noleto Bezerra. 1. Reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Segunda parte, Cap. XIV, Itens 172 e 173.
3 – MIRANDA, Hermínio C. O que é Fenômeno Anímico. São Bernardo do Campo: CORREIO FRATERNO, 2011. p. 19 e 31.
4 – PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. VII, p. 44.
5 – KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ª edição Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Q. 455 e 425.

JORNAL VÓRTICE ANO V, N.º 06 - NOVEMBRO – 2012



Leitura Recomendada;

MAGNETISMO,UM SABER A SER RESGATADO


Lizarbe Gomes

Ao recorrermos à História, podemos facilmente constatar o quanto o século XIX foi marcado pelo antropocentrismo, ou seja, o homem passou a ser o centro de todos os interesses e suas realizações em todas as áreas passaram a ser o objeto de estudo da Filosofia, da Sociologia, das Ciências, das Artes e mesmo da Religião.

Neste contexto no qual o ser humano passa a ser o foco principal das atenções, não é de se estranhar que a capacidade dele em curar doenças utilizando suas próprias energias tenha sido tão largamente estudada. Várias publicações sejam livros, revistas e jornais passaram a estudar o magnetismo como energia curadora.

Também com este objetivo, em 1845 veio a público uma vasta obra que reunia os  studos de diversos magnetizadores sob o título de “Traité Pratique du Magnetisme et du Sonambulisme” (Tratado Prático do Magnetismo e do Sonambulismo), de Aubin Gauthier. Contendo mais de setecentas páginas, foi dividido em quatro partes: 1ª Filosofia do Magnetismo (quatro livros); 2ª Fisiologia do Magnetismo (nove livros); 3ª
Terapêutica do Magnetismo (quatro livros); 4ª Magnetização do homem sobre si mesmo.

Aubin Gauthier foi autor de obras como: Introdução ao Magnetismo (1840) “exame de sua existência desde os indianos até a época atual, sua teoria, sua prática, suas  vantagens, seus perigos e necessidade de seu concurso a Medicina”; História do Sonambulismo (1842) “entre os povos, sob diversos nomes, êxtases, sonho, oráculos e visões, exame das doutrinas teóricas e filosóficas da Antiguidade e dos tempos modernos sobre suas causas, seus efeitos, seus abusos, suas vantagens.”; O Magnetismo Católico (1844) “ou Introdução à verdadeira prática e refutação das opiniões da medicina sobre o magnetismo, seus princípios, seus procedimentos e seus efeitos”.

Além desses livros, Gauthier também foi autor de “Tratado dos Sonhos” e foi também redator chefe de “A Revista Magnética”, descrita como sendo um “jornal de curas e dos fatos magnéticos e sonambúlicos, bem como das teorias e pesquisas históricas,
discussões científicas e progresso geral do Magnetismo na França e em todos os Estados da Europa”.

No prefácio de seu monumental Tratado Prático do Magnetismo e do Sonambulismo, ele afirma que se esforçou em ali reunir todos os documentos conhecidos até aquele momento, que estava ao acesso de todos os homens, mesmo aqueles que não tivessem tempo de lê-lo por inteiro, poderiam ao menos, escolher no índice o assunto que lhes interessar.

Respondeu também aqueles que fizeram observações sobre a abundância de notas e as frequentes citações dos primeiros e mais célebres magnetizadores, ao afirmar que a maioria dos homens do mundo, mesmo os médicos, não viam senão o lado maravilhoso do magnetismo e não conhecem o nome de Mesmer a não ser para atribuir lhe o epíteto de charlatão; Puységur, Bruno e Deleuze são apenas transgressores para eles. É possível observar que Aubin Gauthier não escreveu um Tratado para mostrar apenas os resultados de suas pesquisas, experiências e opiniões pessoais. Além de relatá-las, procurava fundamentá-las em trabalhos anteriores de conceituados magnetizadores.

Ainda assim, àqueles que alegavam que, desta maneira seu Tratado seria apenas uma compilação, o obstinado Gauthier enfatizou: “uma compilação bem feita é uma obra útil e eu perguntaria se existe hoje uma obra que resuma com utilidade as opiniões, os princípios e os procedimentos que formam a ciência magnética? Certamente não; assim sendo, meu livro, considerado como compilação, seria sempre um progresso.”
Sem se preocupar em destacar o seu talento pessoal e priorizando o estudo amplo da ciência magnética, ele nos legou uma obra repleta de pesquisas minuciosas na qual o tema tão abrangente é abordado com rigor científico, prudência e bom senso, numa linguagem bastante objetiva. Por esta razão, tornou se digna de credibilidade e serve como consulta a quem queira se dedicar ao estudo do Magnetismo.

Mesmo prestando este relevante serviço, Gauthier já registrava no prefácio do livro: “ignoro a sorte que esta obra terá durante minha vida, numa época na qual os livros sérios são tão pouco lidos e num tempo em que o magnetismo ainda é negado por tantas pessoas, mas tenho a esperança de que ele permanecerá como uma obra útil e conscienciosa.”

Tal afirmação nos faz pensar: o que nós do século XXI poderíamos responder a um escritor do século XIX que já manifestava incerteza quanto ao destino de uma obra que, sem dúvida lhe exigiu imensa dedicação?

Sabemos que ainda hoje o magnetismo como agente curador continua sendo bastante
desconhecido e sua formas de ação permanecem ignoradas mesmo por aqueles que já trabalham com a fluidoterapia. Por isso salientamos que o magnetismo é um saber que precisa ser resgatado: resgatado do esquecimento, dos equívocos, da indiferença à qual foi relegado ao longo do tempo.

E para atender a esta finalidade o estudo de obra tão importante como o “Tratado Prático do Magnetismo e do Sonambulismo” é imprescindível. Mesmo que os livros sérios continuem sendo pouco lidos, nosso autor conseguiu atingir a nobre finalidade de que seu livro permanecesse como obra útil e conscienciosa. A Gauthier, os agradecimentos dos estudiosos do magnetismo!!.

JORNAL VORTICE - ANO II, N.º 02- JULHO/2009


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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

BIOGRAFIA - IRMÃS FOX

 Em dezembro de 1847 uma família metodista de nome Fox alugou uma casa em vilarejo típico de New York chamado Hydesville. Nessa família havia duas filhas de nome Margaret de 14 anos e Kate, de 11 anos. Em 1848 surgiram na casa ruídos, arranhões, batidas, sons semelhantes ao arrastar de móveis que não deixava as meninas dormir, a não ser no quarto de seus pais. Tão vibrantes eram esses sons que as camas tremiam e moviam-se. As irmãs Fox iniciaram o diálogo com o espírito batedor, fato este que passou a história do Espiritismo como o episódio de Hydesville.

Passado esse acontecimento no qual as meninas ficaram conhecidas, estas iniciaram sessões em New York e em outros lugares, triunfando em cada ensaio a que eram submetidas. Durante esses atos de mediunidade pública, em que provocavem indignação as moças entre pessoas que não tinham a menor idéia do significado religioso dessa nova revelação, entre aqueles cujo interesse estava na esperança de vantagens materiais, as irmãs estiveram expostas ás enervantes influências das sessões promíscuas de tal maneira que nenhum espírita conhcedor da problemática ousaria assim proceder. Na quela ocasião os perigos de tais práticas não eram tão notados quanto agora, nem ao povo ocorria que não era possível que espíritos elevados baixassem à terra para dar conselhos acerca das ações das estradas de ferro ou soluções para os casos amorosos. Contra a sua formação moral das quais jamais houve qualquer suspeita, mas elas tinham enveredado por um caminho que conduz a degeneração da mente e do caráter, embora só muitos anos mais tarde tivessem manifestado os mais sérios efeitos.

Em 1852, o Dr. Elisha Kane, de origem puritana pois considerava a Bíblia como a última e definitiva palavra de inspiração divina, encontra Margaret e com ela veio a casar-se. Kane estava convencido de que a jovem estava envolvida em fraude e nas cartas que lhe enviava a acusava continuamente de viver em erro e hipocrisia. Kane estava convencido de que a irmã mais velha de Margaret, Leah, visando fins lucrativos estava explorando a fraude.

O casamento durou até 1857, ocasião em que a viúva, então se assinando Mrs. Fox-Kane, abjurou os fenômenos por algum tempo e foi recebida na Igreja Católica Romana. Em 1871, depois de mais de 2O anos de trabalho exaustivo, ainda as encontramos recebendo entusiástico apoio e admiração de muitos homens e senhoras importantes da época. Só depois de 4O anos de trabalhos públicos é que se manifestaram condições adversas em suas vidas. Foi em 1871 que, graças a generosidade de Mr. Charles Livermore, eminente banqueiro de New York, Kate Fox visitou a Inglaterra. Era um sinal de gratidão do banqueiro pela consolação que havia recebido de sua força maravilhosa e um apoio para o progresso do Espiritismo. Ele proveu todas as suas necessidades e assim evitou que ela tivesse de recorrer ao trabalho remunerado.

A visita de Fox à Inglaterra evidentemente foi considerada como uma missão. A recém-chegada iniciou suas sessões logo depois do seu desembarque. Numas das primeiras, um representante de "The Times" esteve presente e publicou um relato da sessão, realizada em conjunto com D. D. Home, grande amigo da médium. Isto se lê num artigo sob o título "Espiritismo e Ciência" que ocupou 3 colunas e meia em tipo saliente. O representante de The Time diz que Miss Fox o levou até a porta da sala, convidou-o a ficar de pé a seu lado e segurou-lhe as mãos, o que ele fez, "quando foram ouvidos fortes golpes, que pareciam ser das paredes e como se fossem dadas com os punhos. Os golpes eram repetidos a pedido nosso, qualquer número de vezes".

A 14 de dezembro de 1872 Miss Fox casou-se com Mr. H. D. Jencken, um advogado londrino, autor de um "Compêndio de Direito Romano Moderno", e secretário geral honorário da Associação para a Reforma e Codificação do Direito Internacional. Foi ele um dos primeiros espíritas da Inglaterra. Assim relata Crookes, um encontro com Miss Fox, quando as únicas pessoas presentes era ele, sua senhora, uma parenta e a médium. "Eu segurava ambas as mãos da médium numa das minhas mãos, enquanto seus pés estavam sobre os meus. Havia papel sobre a mesa em nossa frente e eu tinha um lápis na mão livre. Uma luminosa mão desceu do alto da sala e, depois de oscilar perto de mim durante alguns segundos, tomou o lápis de minha mão e escreveu rapidamente numa folha de papel, largou o lápis e ergueu-se sobre nossas cabeças, dissolvendo-se gradativamente na escurid±o". Muitos outros observadores descrevem fenômenos similares com a mesma médium em várias ocasiões. Os detalhes das sessões poderiam encher um volume.

É opinião do Prof. Butlerof da Universidade de São Petersburgo que, depois de investigar os poderes da médium em Londres, escreveu em The Spiritualist em 1876: "De tudo quanto me foi possível observar em presença de Mrs. Fox, sou levado a conclusão de que os fenômenos peculiares a esse médium são de natureza fortemente objetiva e convincente e que, penso, seriam suficientes para levar o mais pronunciado cíptico, desde que honesto, a rejeitar a ventriloquia, a ação muscular e semelhantes explicações dos fenômenos".

Mr. Jencken morreu em 1881 deixando a viúva com duas filhas. Margaret tinha se juntado a irmã Kate em 1876 e permanceram juntas por alguns anos, até que ocorreu o lamentável incidente envolvendo a família. Parece que houve uma discussão amarga entre a irmã mais velha, Leah e as duas moças. É provável que Leah tivesse sabido que havia então uma tendência para o alcoolismo e tivesse feito uma intervenção com mais força do que tato... Alguns espíritas também interferiram e deixaram as 2 irmãs meio furiosas, pois tinha sido sugerido que os 2 filhos de Kate fossem separados dela. Procurando uma arma - uma arma qualquer - com a qual pudessem ferir aqueles a quem tanto odiavam, parece que lhes ocorreu - ou, de acordo com o seu depoimento posterior, que lhes foi sugerido sob promessa de vantagens pecuniárias - que se elas injuriassem todo o culto, confessando que fraudavam, iriam ferir a Leah e a todos os confrades no que tinham de mais sensível.

Ao paroxismo da excitação alcoólica e da raiva juntou-se o fanatismo religioso, pois Margaret tinha sido instruída por alguns dos principais espíritos da Igreja de Roma, e convencida - como também ocorreu com Home durante algum tempo - que suas próprias forças eram maléficas, no que ficou reduzida a um estado vizinho da loucura. Antes de deixar Londres, escreveu ao New York Herald denunciando o culto, mas sustentando numa frase que as batidas "eram a única parte dos fenômenos digna de registro". Chegando a New York, onde, conforme sua subsequente informação, deveria receber certa quantia pela sensacional declaração prometida ao jornal, teve uma verdadeira explosão de ódio contra sua irmã mais velha.

Posteriormente, um ano após o escândalo de Margaret, esta fez extensa entrevista à imprensa de New York denunciando a tentação do dinheiro e admitindo haver dito falsidades contra os Espíritos pelos mais baixos motivos. "Praza Deus" - disse ela com voz trêmula de intensa excitação - "que eu possa desfazer a injustiça que fiz à causa do Espiritismo quando, sob intensa influência psicológica de pessoas inimigas dele, fiz declarações que não se baseiam nos fatos". Mais adiante pergunta o entrevistador. "Havia alguma verdade nas acusações que a senhora fez ao Espiritismo?" - "Aquelas acusações eram falsas em todas as minúncias. Não hesito em dizê-lo... Não. Minha crença no Espiritismo não sofreu mudanças. Quando fiz aquelas terríveis declarações não era responsável por minhas palavras".


Tanto Kate quanto Margaret morreram no começo do último decênio do século e seu fim foi triste e obscuro. Todavia, as idéias espíritas dissiminadas através de seus feitos, ora através do cansativo alfabeto das batidas, ora por eventos espetaculares cuja causa era a mediunidade de ambas, prepararam o terreno para a codificação, que se seguiria sob a diretriz do Espírito da Verdade e a coordenação segura de Allan Kardec.

http://www.feparana.com.br/


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DUPLA VISTA


“Esta faculdade faz parte do conjunto de fenômenos de desprendimento da alma, estudados em capítulo específico em O Livro dos Espíritos, bem como em quase todas as obras da Codificação, além da Revista Espírita.”


A dupla vista, também conhecida como segunda vista, vista espiritual ou ainda vista psíquica, segundo definição de Allan Kardec “é a faculdade graças à qual quem a possui vê, ouve e sente além dos limites dos sentidos humanos”.(O Livro dos Espíritos) Pode ocorrer em diversos graus, desde uma simples capacidade de apreender as coisas em profundidade ou, como se diz vulgarmente, entender pelas entrelinhas, até a possibilidade de ver à distância, através de obstáculos e de corpos opacos, inclusive o interior do próprio corpo físico, ou mesmo enxergar o passado ou o futuro.
Revelando os vários aspectos e detalhes em que a faculdade pode se manifestar, diz Allan Kardec: “Esse dom da segunda vista é que, em estado rudimentar, dá a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma espécie de segurança aos atos, o que se pode com
justeza denominar: golpe de vista moral. Mais desenvolvido, ele acorda os pressentimentos, ainda mais desenvolvido, faz ver acontecimentos que já se realizaram, ou que estão prestes a realizar-se; finalmente, quando chega ao apogeu, é o êxtase vígil.”(Obras Póstumas)
Na Revista Espírita de outubro de 1864 complementa o codificador: “Esta faculdade, muito mais comum do que se o crê, se apresenta com graus de intensidade e aspectos muito diversos segundo os indivíduos; nuns, ela se manifesta pela percepção permanente ou acidental, mais ou menos límpida, das coisas distantes; noutros, pela simples intuição dessas mesmas coisas; noutros, enfim, pela transmissão do pensamento.”
Esta faculdade faz parte do conjunto de fenômenos de desprendimento da alma, estudados em capítulo específico em O Livro dos Espíritos, bem como em quase todas as obras da Codificação, além da Revista Espírita. Tendo o perispírito a possibilidade de irradiar-se para além dos limites do corpo físico, pode, dentro destas condições, perceber com maior acuidade e justeza tudo o que ocorre. A Doutrina Espírita, tendo como objetivo estudar os fenômenos da alma, nos fornece, desta maneira, a teoria explicativa da dupla vista. Prossigamos com Kardec:
“Ela tem, pois, seu princípio na propriedade radiante do fluido perispiritual, que permite à alma, em certos casos, perceber as coisas à distância, de outro modo dito, na emancipação da alma, que é uma lei da Natureza. Não são os olhos que vêem, é a alma que, por seus raios, atinge um ponto dado, exerce sua ação fora e sem o concurso dos órgãos corpóreos.”
(Revista Espírita, outubro de 1864) A dupla vista pode acontecer tanto no estado sonambúlico quanto no de vigília, quando o indivíduo vê através da sua vista ordinária e de uma forma tão natural que ele acaba acreditando que todo mundo a possui.

Na Revista Espírita de dezembro de 1858, Allan Kardec cita o caso do Sr. Adrien que, tendo desenvolvido a segunda vista e mesmo sem ser sonâmbulo, podia enxergar a longas distâncias, descrevendo locais, pessoas nos seus afazeres e fatos, tendo sido possível verificar a sua autenticidade.
Pouco estudada atualmente no meio espírita, esta faculdade era bem conhecida dos magnetizadores mesmo antes do surgimento da Doutrina, os quais davam àquela uma utilidade prática nos tratamentos dos seus pacientes.
Em Magnetismo Curativo, de Alphonse Bué, encontramos a seguinte citação referente à dupla vista (sob o nome de clarividência) durante o estado sonambúlico:
“Onde a clarividência me parece dever prestar verdadeiros serviços, é quando, desenvolvendo-se normalmente no decurso dum tratamento, sem ter sido exigida nem solicitada, se manifesta espontaneamente num doente, como crise natural que devia produzir-se.
O doente, nesse estado, julga claramente da natureza do seu mal, da sua origem e da sua causa, dos meios a empregar para combatê-la; vê o interior do seu corpo, os órgãos doentes; prevê, de antemão, a natureza e a época exata das crises pelas quais
deverá passar, e anuncia todas as peripécias da marcha da moléstia, sua duração e modo de acabar.”
Vemos, então, que os magnetizadores conheciam muito bem a dupla vista e a tinham como recurso terapêutico de grande valia tanto no diagnóstico das doenças como no acompanhamento dos tratamentos. Mais adiante, na mesma obra, o autor relata a respeito do tratamento de uma jovem de nome Luíza que há 12 anos sofria com uma atrofia muscular progressiva. Suas pernas estavam completamente paralisadas e os braços a caminho do mesmo destino.

A jovem apresentou-se sonâmbula decorrido um mês de tratamento. Sigamos com Bué: “Luíza, em sono magnético, seguia diariamente este trabalho de reorganização da Natureza, com interesse crescente; como via perfeitamente o interior do corpo, tinha prazer em pôr-me ao corrente das flutuações que o tratamento imprimia ao seu estado; o que lhe chamava principalmente a atenção era o aspecto dos seus músculos. Não possuindo nenhuma noção de anatomia, limitava-se simplesmente a explicar-me a seu modo aquilo que via.
Os músculos assim enferrujados pela inação, se lhe afiguravam, a princípio, como que empastados de substância amarelo-fosco, que parecia ter invadido os interstícios fibrilares; de amarela que era, essa substância tornou-se branca; depois, pareceu fundirse e reabsorver-se; o sangue afluiu, então, mais abundantemente para o músculo, vindo restituir-lhe a vitalidade e mobilidade; mas, ao mesmo tempo, ela previu uma crise próxima e de grandes sofrimentos: “A vida volta, disse-me ela, mas é
acompanhada da inflamação; já se acha invadido o envoltório dos músculos por placas vermelhas, semeadas de milhares de botõezinhos, oh! Como vou sofrer horrivelmente!” E passado um momento de silêncio, acrescentava: “Mas é necessário e depois passarei muito melhor”.”
Fomos encontrar ainda, na Revista Espírita de junho de 1867, o seguinte exemplo dado por Allan Kardec:
“Conhecemos, em Paris, uma senhora na qual ela [a dupla vista] é permanente, e tão natural quanto a visão comum; ela vê sem esforço e sem concentração o caráter, os hábitos, os antecedentes de quem dela se aproxima; descreve as doenças e prescreve tratamentos eficazes, com mais facilidade do que muitos sonâmbulos comuns; basta pensar em uma pessoa ausente para que ela a veja e a designe. Estávamos um dia em sua casa, e vimospassar na rua alguém com quem temos relação e que ela jamais viu. Sem ser nisto provocada por nenhuma pergunta, dela fez o retrato moral mais exato, e nos deu a seu respeito conselhos muito sábios.
Essa senhora, no entanto, não é sonâmbula; ela fala do que vê, como falaria de qualquer outra coisa sem se desviar de suas ocupações. Ela é médium? Ela mesma não sabe nada disso, porque tem pouco tempo, não conhece o Espiritismo, nem mesmo de nome. Essa faculdade, pois, é nela muito natural e tão espontânea quanto possível. Como ela percebe se não for pelo sentido espiritual?
Devemos acrescentar que essa senhora tem fé nos sinais da mão; também a examina quando se a interroga; nela vê, diz ela, o indício das doenças.
Como ela vê certo, e que é evidente que muitas coisas que ela diz não podem ter nenhuma relação fisiológica com a mão, estamos persuadidos de que para ela é simplesmente um meio de se pôr em relação, e desenvolver sua vista fixando-a sobre um ponto determinado; a mão faz o papel de espelho mágico ou psíquico; ela vê como outros vêem num copo, numa garrafa ou noutro objeto.”
Com a explicação acima, podemos entender a que grau pode chegar a segunda vista, bem como o porquê do uso de objetos e acessórios tais como bola de cristal, cartas, cristais, búzios, etc, pelos ledores da sorte. Estas pessoas geralmente têm como suporte ou auxiliar da concentração os objetos  itados, usando todavia a sua capacidade de visão espiritual para enxergar o passado, o futuro ou as doenças e seus tratamentos, mesmo estando consciente, ou seja, em estado de vigília. A leitura
das mãos teria uma vantagem que é o contato físico, o qual facilita a relação entre o clarividente e o consulente.

Como vimos, a dupla vista pode ser muito útil, se bem educada, como apoio nos tratamentos magnéticos, afora as outras capacidades que podem ser reveladas por quem é portador. Infelizmente, aprendemos a esperar em tudo pelos Espíritos desencarnados e relegamos ao esquecimento as potências que vivem em germe no íntimo de nós encarnados. Descobrir e desenvolver as nossas faculdades espirituais faz parte do programa reencarnatório. Se sufocamos estas aptidões antes mesmo delas despontarem e se as desprezamos por um comodismo que nos libera de qualquer esforço, então estamos cometendo um crime contra Deus e as suas leis.