segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

ALGUNS VULTOS ESPÍRITAS DO BRASIL

 1 - ADOLFO BEZERRA DE MENEZES

Nasceu no dia 29 de agosto de 1831, no então Riacho do Sangue, na província do Ceará, e desencarnou no dia 11 de abril de 1900, com a idade de 69 anos.

Descendente de família pobre, não teve berço dourado. Em 1842, transferiu-se para a Serra dos Martins, hoje Cidade da Imperatriz, onde concluiu o curso primário. Em 1851, fixou residência no Rio de Janeiro, matriculando-se no curso de Medicina, onde granjeou o título honroso de "Médico dos Pobres". Em 1867, foi eleito deputado, cujas atividades parlamentares não o impediram que se dedicasse ao atendimento dos pobres.

Somente em 1875 foi que Bezerra de Menezes ingressou na seara espírita através da leitura de "O livro dos Espíritos", que lhe fora presenteado por um amigo, tornando-se, na época, um dos maiores propagandistas do Espiritismo. Eleito Senador, em 1878, por seu Estado natal, desempenhou brilhantemente seu mandato, destacando-se entre os demais parlamentares. Foi escolhido pelo Governo para Presidente da Câmara Municipal, passando, logo após, a Deputado Geral da Província do Rio de Janeiro.

Bezerra de Menezes exerceu, também, o cargo de Presidente da Federação Espírita Brasileira, onde desempenhou meritório trabalho de assistência aos pobres, aliado à assistência espiritual. Foi colaborador da revista "Reformador" e de outros jornais da época, através dos quais sustentou severas polêmicas em defesa da Doutrina Espírita.

Como se vê por estes ligeiros traços biográficos, Bezerra de Menezes prestou relevantes serviços à causa do Espiritismo no Brasil, merecendo, portanto, o cognome de o KARDEC BRASILEIRO.

2- EURÍPIDES BARSANULFO

Nasceu no dia 1.º de maio de 1880, na cidade de Sacramento, Estado de Minais Gerais, e desencarnou a 1.º de novembro de 1918, com a idade de 38 anos.

Barsanulfo colaborou na fundação do Liceu de Sacramento, onde lecionou durante muito tempo, pois era dotado de grande vocação para o Magistério.

Nessa época, professava o Catolicismo, religião em que fora educado. Na Câmara Municipal de sua cidade natal, prestou inestimáveis serviços na qualidade de Vereador Especial, apresentando vários projetos de lei, que visavam melhorar os serviços de água, luz, bonde e outros.

Converteu-se ao Espiritismo, através da leitura das obras básicas de Kardec, estudo que fez com a intenção de aceitar ou não os ensinos nelas contidos. Tornou-se médium ouvinte, receitista, curador, vidente, falante e psicógrafo, além de possuir o dom do desdobramento.

Em 1905, fundou o Colégio "Allan Kardec" onde ministrava aulas de Português, Francês, Astronomia, Física, História Natural e Doutrina Espírita.

No setor de assistência social, Barsanulfo atendia a todos os que o procuravam. Sua farmácia estava sempre aberta, fosse para quem fosse. De todos os recantos chegavam doentes e obsidiados em busca de tratamento.

Sacramento, apesar de ser uma pequena cidade interiorana, chegou a possuir muitos hotéis e mais de vinte pensões, pois grande era o número de pessoas que procurava o famoso médium curador para o alívio de seus males.

Como pregador da Doutrina dos Espíritos, Barsanulfo destacou-se, na época, pois, além de possuir sólidos conhecimentos sobre o Espiritismo, era também dotado da palavra fácil.

Como quase todos os médiuns, Barsanulfo também sofreu perseguição por parte do Clero que, aliado a um médico católico de Uberaba, moveu-lhe execrável perseguição, culminada por um processo penal baseado no exercício ilegal da Medicina. Todavia, o Juiz da Comarca não quis pronunciá-lo, julgando o caso, finalmente, prescrito.

Barsanulfo, ao desligar-se dos laços materiais, exclamou:

"Graças, Pai, estou salvo".

Realmente, estava salvo dos liames que o prendiam à carne, e redimido pelo trabalho realizado no cumprimento da missão que lhe fora confiada pelo plano espiritual.

3 - CAIRBAR SCHUTEL

Nasceu no Rio de Janeiro, mas passou quase toda sua existência em Matão, Estado de São Paulo, onde sua ação, como espírita, se fez sentir, acentuadamente. Pela imprensa e pelo rádio, Cairbar Schutel não se cansava de pregar a Doutrina que abraçara. Sua obra de escritor é bastante substanciosa. Publicou cerca de 15 livros, cujas edições se esgotam, constantemente.

Na cidade de Matão, fundou o jornal "O Clarim" e a "Revista Internacional do Espiritismo", que, até hoje, são editados, sem nenhum interesse comercial.

Cairbar Schutel foi quem iniciou a propaganda radiofô-nica no Brasil através dos microfones da Rádio Araraquara "P.R.D. 4".

Esse inesquecível apóstolo do Espiritismo no Brasil, desencarnou no dia 30 de janeiro de 1938. Deixou imensa bagagem literária, contribuindo, grandemente, para a propagação da Doutrina em nossa Terra.

4 - INÁCIO BITTENCOURT

Foi notável médium receitista. Realizou inúmeras curas, constituindo-se, pela preciosa faculdade que possuía, num dos expoentes máximos do Espiritismo no Brasil.

Homem dotado de fé inabalável, humildade ímpar, Inácio Bittencourt dedicou quase toda sua vida em minorar o sofrimento de seus semelhantes.

Como acontece com a maioria dos médiuns, foi ele também perseguido pelos inimigos do Espiritismo. Vários processos foram movidos contra ele pelo exercício ilegal da Medicina, mas, graças à interferência do plano espiritual, sua absolvição não tardava.

Acresce esclarecer, ainda, que não foi somente como médium receitista e curador que Inácio Bittencourt grangeou fama entre os espíritas ou não, mas, principalmente, pela inspiração de que era possuído quando assomava à tribuna para falar sobre os sublimes ensinos de Jesus, pois os seus discursos eram ricos de belas imagens, abrangendo conceitos científico-filosóficos, de grande profundidade.

Desencarnou a 18 de fevereiro de 1943, deixando, como se vê, claro sulco de lembranças que jamais se apagará de nossos Espíritos, pois, durante sua existência terrena, cumpriu, com devotamento e abnegação, seu dever como trabalhador na grande seara do Mestre, característica essa daqueles que já alcançaram elevado grau na senda do progresso espiritual.

5 - BITTENCOURT SAMPAIO

Homem público de grande projeção na política, ao tempo do Império. Nasceu a 1.º de fevereiro de 1834, em Laranjeiras, Estado de Sergipe, e desencarnou a 10 de outubro de 1895, no Rio de Janeiro.

Foi Presidente da antiga Província do Espírito Santo e Diretor da Biblioteca Nacional. Como jornalista emérito, sempre esteve ao lado do Direito e da Justiça.

Na seara espírita, Bittencourt Sampaio prestou relevantes serviços. Além de médium receitista afamado, publicou várias obras, dentre elas "Jesus Perante a Cristandade" e "De Jesus para a Criança", poemas de alto cunho moral.

Como um dos trabalhadores da última hora, Bittencourt Sampaio encontra-se no rol daqueles que não mediram esforços no sentido de propagar a Doutrina dos Espíritos aos quatro cantos da Terra, chegando mesmo a abandonar a política para dedicar-se, de corpo e alma, à tarefa meritória e santa de difundir os sublimes ensinos de Jesus, interpretados à luz do Espiritismo.

6 - LEOPOLDO CIRNE

Nasceu na Paraíba do Norte, a 30 de abril de 1870, e desencarnou no Rio a 31 de julho de 1941, com a idade de 71 anos.

Foi Presidente da Federação Espírita Brasileira, fundada em 1884 e restaurada em 1895, sob a direção de Bezerra de Menezes.

Leopoldo Cirne continuou sua obra sempre coadjuvado por adeptos fiéis e sinceros do Espiritismo, como Pedro Richard, por exemplo. Iniciou a construção de uma casa própria (FEB) onde a legenda "Deus, Cristo e Caridade" tivesse sua aplicação plena. Seu trabalho, junto à FEB, não foi somente na qualidade de líder, mas destacou-se, principalmente, como brilhante expositor da Doutrina.

Durante sua passagem pela Terra, Leopoldo Cirne escreveu as seguintes obras: "Memórias Históricas do Espiritismo", "Doutrina e Prática do Espiritismo", "Anticristo, Senhor dos mundos" e ao desencarnar, faltando apenas um capítulo, preparava "O Homem, Colaborador de Deus".


7 - MANUEL VIANNA DE CARVALHO

Nasceu no Estado do Ceará, em 10 de dezembro de 1874, e desencarnou em 13 de outubro de 1926, com a idade de 52 anos.

Engenheiro militar, bacharel em matemática e ciências físicas, alcançou no Exército o posto de Major. Exerceu o cargo de Chefe do Estado Maior da 7.ª Região Militar. Era dotado de grande cultura científica e literária e profundo conhecedor da Doutrina Espírita, o que fez com que se tornasse um dos mais inveterados propagandistas do Espiritismo no Brasil.

Em Recife, Vianna de Carvalho proferiu inúmeras conferências espíritas, de onde nasceu a idéia da fundação de uma instituição espírita, naquela cidade. Foi assim que surgiu a Cruzada Espírita Pernambucana, fundada em 1923, dirigida por ele, coadjuvado por diversos espíritas não filiados a Centros.

Vianna de Carvalho, durante sua passagem pela Terra, prestou meritórios trabalhos em favor do Espiritismo, o que, certamente, lhe assegurou posição elevada no seio da Espiritualidade Superior.

8 - JOSÉ PETITINGA

Nasceu na Bahia, em 2 de dezembro de 1866, e desencarnou em 25 de março de 1939. Na época, foi um dos espíritas que mais se projetaram na "Boa Terra". Seu nome verdadeiro era: José Florentino de Sena.

Poeta, jornalista e lingüista, sempre exerceu o comércio e a profissão de Contabilista.

Sua conversão ao Espiritismo ocorreu através da leitura de obras espíritas, notadamente as de Kardec. Fundou a União Espírita Baiana, em Salvador, adquirindo, em pouco tempo, a sede própria da instituição, hoje considerada próprio nacional, não se lhe podendo alterar a arquitetura.

Petitinga possuía uma vasta biblioteca a estava sempre em dia com o movimento espírita de todo o mundo. Não era orador, nem conferencista, mas, como expositor da Doutrina, se impunha em qualquer parte. Dele disse Leopoldo Machado: "Ouvi-lo, entretanto, era um prazer, pois a gente se deleitava aprendendo, aprendendo sempre".

9 - GUSTAVO ADOLFO DO AMARAL ORNELAS

Nasceu no Estado do Rio, em 20 de outubro de 1885, e desencarnou em 1922, com a idade de 37 anos.

Amaral Ornelas era médium passista, missão essa que exerceu até os últimos dias de sua peregrinação terrena.

Desenvolveu seus trabalhos no campo doutrinário, junto à Federação Espírita Brasileira. Foi, também, diretor da revista "Reformador", órgão da Casa Máter.

Poeta, teatrólogo e jornalista, teve atuação brilhante nos meios literários. Escreveu a peça teatral intitulada "O Gaturama", que foi premiada pela Academia Brasileira de Letras, além de inúmeras outras poesias de cunho espírita.

10 - ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA BATUÍRA

De Portugal, veio ainda criança para o Brasil. Na velha Paulicéia desenvolveu, por muito tempo, o modesto trabalho de entrega de jornais. Em 1875, entregava "A Província de São Paulo", cujo exemplar custava 40 réis. Mais tarde, entregou-se ao comércio de charutos: manipulava-os para vender. Com as economias obtidas no rendoso negócio, construiu uma boa casa para sua residência, que também servia de pouso para os que ali chegassem.

Batuíra, como era conhecido, trabalhou muito ao lado de Luiz Gama e Antonio Bento, na obra da Abolição da Escravatura, no Brasil, protegendo inúmeros escravos fugitivos.

Ao abraçar o Espiritismo, dedicou-se de corpo e alma ao trabalho de socorro aos necessitados, chegando mesmo a abrir mão de seus bens em proveito destes. Fundou, em 1890, o jornal "Verdade e Luz", órgão de propaganda da Doutrina, que era composto e impresso por ele mesmo, alcançando uma tiragem média de 5.000 exemplares.

Toda sua vida foi dedicada ao bem dos seus semelhantes. Distribuiu toda a fortuna que possuía, entre eles, o que atesta o grande desprendimento desse pioneiro do Espiritismo, em nossa Terra.

Batuíra desencarnou no dia 22 de janeiro de 1909, deixando um exemplo vivo de bondade, trabalho e abnegação.
11 - FRANCISCO RAIMUNDO EWERTON QUADROS

Ainda ao tempo do Império, isto é, em 1.º de janeiro de 1884, fundou ele a Casa de Ismael, juntamente com Augusto Elias da Silva, João Francisco da Silva Pinto, Dona Maria Balbina da Conceição Batista, Dona Matilde Elias da Silva, Luiz Mólica, Dona Elvira P. Mólica, José Agostinho Marques Porto, Francisco Antonio Xavier, Manoel Estevam de Amorim e Quadri Léo.

Ewerton Quadros destacou-se brilhantemente na carreira militar e, como espírita, embora às vezes distante da Casa Máter, no cumprimento dos deveres de soldado, jamais deixara de batalhar em favor da disseminação dos ensinos trazidos pela Doutrina que abraçara.

Publicou vários trabalhos, entre eles "História dos povos da antigüidade sob o ponto de vista espírita", "Espiritismo", "Os Astros e os Sentimentos Religiosos Através dos Tempos" e "Catecismo Espírita para as Meninas". Traduziu, também, "Fenômeno Espírita" e "Base Científica do Espiritismo".

12 - ANTÔNIO LUIZ SAYÃO

Descendente de família pobre, conseguiu, à custa de sacrifícios, formar-se em Direito.

Em 1878, abraçou o Espiritismo, trabalhando ao lado de Bittencourt Sampaio. Foi protetor incansável dos escravos, pois, os que se chegavam a ele, eram tratados com todo o carinho, considerando-os como irmãos.

Antônio Luiz Sayão escreveu o livro "Estudos Evangélicos", mais tarde reeditado com o título de "Elucidações Evangélicas".

Desencarnou a 31 de março de 1903, deixando exemplo inequívoco de dedicação aos seus semelhantes, que tão bem soube aurir nos Evangelhos de Jesus.

13 - FRANCISCO DE MENEZES DIAS DA CRUZ

Nasceu a 27 de fevereiro de 1853 e desencarnou a 30 de outubro de 1937, com 84 anos de idade.

Médico possuidor de enorme clínica, não se furtava nunca em atender aos pobres. Era dotado de grande cultura, deixando riquíssima biblioteca.

Converteu-se ao Espiritismo através de um fato relatado pelo Espírito de seu pai, quando da realização de um trabalho mediúnico, fato esse desconhecido de todos os presentes e também de sua família. Desse dia em diante, dedicou-se ao estudo do Espiritismo, tornando-se um novo servidor do Cristo nas fileiras dos seguidores de Kardec.

Em 1889, em substituição ao Mal. Ewerton Quadros, foi eleito Presidente da Federação Espírita Brasileira, cargo que exerceu até 1895, quando foi substituído, temporariamente, por Júlio César Leal e, definitivamente, pelo Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, seu colega de profissão.

Dias da Cruz dirigiu a revista "Reformador" durante o período da sua presidência, escrevendo inúmeros artigos doutrinários sob o pseudônimo de "Um Espírita".

14 - SEBASTIÃO PARANÁ

Nasceu em Curitiba, Paraná, a 19 de novembro de 1864, e desencarnou, nesta mesma cidade, aos 8 de março de 1938, com 74 anos de idade. Seu nome completo: Sebastião Paraná de Sá Sottomaior.

Diplomou-se em Ciências Jurídicas e Sociais no Rio de Janeiro, onde fundou a Faculdade Livre de Direito. Em virtude de concurso, foi nomeado Lente Catedrático de Geografia Geral e Geografia do Brasil, do Ginásio Paranaense e da Escola Normal de Curitiba (1901). Ainda neste ano foi eleito Deputado ao Congresso Legislativo do Paraná. Espírita convicto, foi, em 1902, co-fundador da FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO PARANÁ, da qual foi o primeiro Presidente Constitucional, sendo reconduzido a esse cargo nos anos de 1903 a 1906. Foi Diretor Geral do Ensino no Paraná; Diretor do Ginásio Paranaense e da Escola Normal; integrante do Conselho Superior do Ensino Primário (1912-1916). Na imprensa, foi Diretor e Redator de "A Tribuna"; Redator de "O Município" e de "A República". Colaborou no "Diário da Tarde", no "Comércio do Paraná", no "Diário do Paraná". Também colaborou na revista "Pátria e Lar", de Dario Veloso (1913).

Sebastião Paraná deixou à posteridade os seguintes trabalhos: "Esboço Geográfico das Províncias do Brasil", "Esboço Geográfico do Paraná", "Guia do Comerciante", "Guia do Paraná", "O Brasil e o Paraná", "Os Estados da República", "Países da Europa", "Galeria Paranaense" de homens ilustres do Paraná, edição comemorativa do 1.º Centenário da Independência do Brasil. Além desses, publicou outros (mono-grafias, etc.) de menor porte.

Sebastião Paraná foi um estudioso apaixonado pelas coisas do Paraná e do Brasil. Certa vez, ainda moço, convidado, com insistência, para ocupar, no Exterior, honrosa posição, respondeu, embora empolgado com a oportunidade com que lhe acenavam: "Não posso aceitar. O Paraná precisa de filhos que fiquem aqui, uma vez que em geral eles saem para lutar pela vida lá fora..."

Conhecedor profundo do ESPIRITISMO, dirigiu diversos grupos espíritas familiares que se tornaram famosos pelos ensinos que prodigalizavam.

Em 1932, acometido de pertinaz enfermidade, foi aposentado. Quando seus padecimentos eram intensos, dizia ele na posse de invejável compreensão e resignação "Agüenta seu Sebastião. Você agora está vendo o que acontece para aqueles que no pretérito se divertiam colocando seus semelhantes sobre grelhas incandescentes..."

Do espaço, tem enviado mensagens sempre cheias daquela fé, daquela bondade, daqueles ensinamentos que, na Terra, lhe caracterizavam o espírito imortal.

15 - CARLOS IMBASSAHY

Nasceu em 9 de setembro de 1883, no Estado de Bahia, e desencarnou no dia 4 de agosto de 1969, com a idade de 86 anos.

A maior parte de sua vida passou em Niterói, onde exerceu a profissão de advogado, até por volta de 1915. Aposentou-se como titular da Secretaria de Estatística Econômica e Financeira do Ministério da Fazenda, para devotar-se inteiramente ao Espiritismo, tornando-se figura de grande projeção, não só em nosso país como também no Exterior.

Carlos Imbassahy, além de colaborar nos jornais e revistas de todo o Brasil e estrangeiro, foi um dos mais notáveis escritores espíritas, celebrizando-se como polemista imbatível pela convicção, poder dialético e elegância com que sempre se portou na defesa de seus pontos-de-vista.

Entre seus trabalhos literários, citam-se os romances "Leviana" e "Os Menezes". Publicou também uma obra histórica intitulada "Grandes Criminosos da História".

Como obras espíritas, citam-se "A Mediunidade e a Lei", "O Espiritismo à Luz dos Fatos", "Evolução", "O que é a Morte", "Enigmas da Parapsicologia", "Missão de Allan Kardec", "Ciência Metapsíquica", "Parapsicologia e Psicanálise", "Freud e as Manifestações da Alma", além de muitas outras.

Imbassahy traduziu, também, para a nossa língua, as seguintes obras: "Fenômenos Psíquicos", de Ernesto Bozzano; "Reencarnação", de Gabriel Delanne; "A Vida Além do Véu", de Robert Dale Owen; "A filosofia Penal do Espiritismo", de Fernando Ortiz; "Fenômenos Hipnóticos e Espíritas", de César Lombroso, além de haver traduzido as principais obras de Kardec.

16 -ARTHUR LINS DE VASCONCELLOS LOPES

Nasceu no dia 27 de março de 1891, na cidade de Teixeira, Estado da Paraíba, e desencarnou a 21 de março de 1952, com 61 anos de idade.

Filho de pais humildes, Lins de Vasconcellos, em sua juventude, muito lutou, levando a vida dura de tropeiro naquela longínqua região paraibana. Mas não podia continuar assim: era um espírito que viera para cumprir missão mais elevada; aspirava, portanto, alçar vôo mais alto. E o fez através do seu próprio esforço. Inteligente e estudioso, conquistou, com brilhantismo, o grau de Eng. Agrônomo, tendo sido um dos primeiros alunos matriculados na Escola de Agronomia do Paraná. Estudou, também, Direito, aprimorando, assim, sua cultura no campo jurídico, o que o favoreceu bastante para o desempenho do cargo de Serventuário da Justiça, cargo esse que exerceu num Tabelionato de Curitiba.

Carlos Imbassahy, o admirável escritor espírita, de saudosa memória, dele disse o seguinte:

"Entrou pobre na vida e começou a lutar. E todos conhecem o que são vicissitudes dessa luta quando o lutador é honesto, quando coloca sistematicamente de lado o que possa macular a alma. E Lins, na sua juventude, quando ainda não conhecia os postulados do Espiritismo, quando o espírito ainda se pode deixar vencer pelo mundo e cair nas malhas da insídia, conservava imáculo seu coração.

Foi um combate difícil, como todos os combates onde há desproporção de forças: de um lado, um jovem pobre e inexperiente; de outro, a vida com suas angústias e os homens com suas maldades.

Venceram a força de vontade e a obstinação no bem, a capacidade de trabalho, a inteligência".

Lins de Vasconcellos era muito ligado ao Paraná. Sua última vontade foi a de que seus restos mortais repousassem em nossa terra. "Gostaria – disse ele – que minha carcassa repousasse na acolhedora e amada terra do Paraná. Se possível, lá no jardim do Sanatório Bom Retiro..."

Seu pedido foi atendido pelo então prefeito de Curitiba, Dr. Erasto Gaertner, de saudosa memória, e espírita convicto.

Que Jesus ilumine ainda mais seu Espírito, para que possa continuar trabalhando em prol desta humanidade sofredora, como o fez durante sua passagem pela Terra, onde conquistou larga messe de respeito, não só de seus irmãos em crença, como de todos os seus contemporâneos.
17 - ÁLVARO HOLZMANN

Nasceu a 23 Janeiro de 1906, na cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná, e desencarnou no dia de 15 de fevereiro de 1968.

Estudou na mesma cidade com o prof. Padre Lux e o prof. Becker e Silva. Foi também aluno da antiga Faculdade de Farmácia e Odontologia, daquela cidade.

Sua maior vocação foi para a música, à qual se dedicou sempre. Fez o curso de piano no Conservatório de Música do Rio de Janeiro.

Em Porto Alegre, quando ainda jovem, tomou contato com a Doutrina Espírita e com as obras assistenciais do Albergue Noturno Diaz da Cruz, onde prestou inestimáveis serviços.

Em Ponta Grossa, uniu-se à Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados, exercendo sua presidência por vários anos, onde desenvolveu seu grande trabalho doutrinário. Colaborou na criação de várias obras assistenciais ligadas àquela Sociedade, como o Albergue Noturno, a Associação Protetora do Recém-Nacido, o Lar Hercília Vasconcellos, a Comunhão Espírita Cristã e o Lar das Vovozinhas "Balbina Branco", que foi sempre seu sonho.

Álvaro Holzmann foi chamado por alguém de "Esmoleiro do Bem", porque renunciou à carreira de musicista para dedicar-se somente aos pobres, pedindo sempre recursos em toda parte para a manutenção das obras de assistência social ligadas à Sociedade Francisco de Assis.

Levado pelo interesse de orientar as Mocidades Espíritas, dedicou-se, durante alguns anos, a compor músicas e letras baseadas nos textos Evangélicos interpretados à luz do Espiritismo, aproveitando, dessa forma, seu pendor musical. Essas músicas foram compostas com grande carinho, a fim de, não só manter ambiente alegre e sadio nas reuniões dos moços espíritas, como também objetivando fazer com que eles aprendessem a meditar sobre os ensinos de Jesus. Compôs cerca de 200 hinos, dos quais alguns foram gravados em discos, sob o título "O Evangelho cantado à luz do Espiritismo" pelas meninas do Coral do Lar "Hercília Vasconcellos", da cidade de Ponta Grossa.

Álvaro Holzmann não viveu somente para a família: dedicou também sua vida aos pobres, à orientação de Espíritos desencarnados e infelizes. Procurou viver sempre modestamente, aproveitando todos os momentos de sua preciosa existência para realizar o que podia em benefício de seus semelhantes, dando, assim, exemplo de verdadeiro espírita.

18 - LUÍS OLÍMPIO TELES DE MENEZES

Valoroso pioneiro do Espiritismo no Brasil nasceu na cidade de Salvador, Bahia, aos 26 de julho de 1825, e desencarnou, no Rio de Janeiro, a 16 de março de 1893.

Teles de Menezes foi, por vários anos, professor de instrução primária e de latim, exercendo, mais tarde, a profissão de estenógrafo, na Assembléia Legislativa da Bahia, onde permaneceu cerca de trinta anos.

A 17 de setembro de 1865, fundou-se, em Salvador, o "Grupo Familiar do Espiritismo", destinado a orientar a propaganda espírita no Brasil, bem como incentivar a criação de outras sociedades semelhantes, cuja presidência coube a Teles de Menezes, que muito se distinguiu pela sua cultura e elevação de sentimentos, suportando, também, com grande firmeza, a zombaria dos incrédulos e materialistas, da época.

Em 1866, foi lançado, em Salvador, o opúsculo "O Espiritismo – Introdução as Estudo da Doutrina Espírita" cujas páginas eram extraídas e traduzidas por ele da edição francesa de "O Livro dos Espíritos".

Assim, o movimento se desenvolvia, a passos largos, pelas diversas províncias do Império. Na Capital paulista saía à luz da publicidade uma brochura de propaganda, sob o título "O Espiritismo reduzido à sua mais simples expressão", também de Kardec, sem o nome do tradutor.

O "Grupo Familiar do Espiritismo" desempenhou sua tarefa por cerca de um decênio, até a fundação da "Associação Espírita Brasileira", também em Salvador, que representou o marco inicial do movimento espírita brasileiro.

A 8 de março de 1869, Luís Teles de Menezes anunciava aos confrades reunidos no "Grêmio dos Estudos Espiríticos na Bahia", que, brevemente, seria editado o primeiro número de um jornal que se consagraria exclusivamente aos interesses do Espiritismo.

Realmente, sua idéia foi concretizada. Em julho do mesmo ano (três meses após a desencarnação de Kardec), aparecia o primeiro periódico espirita: "O Éco d’Além Túmulo", com o subtítulo "Monitor do Espiritismo no Brasil", esse periódico, de publicação bimestral, era impresso na tipografia do "Diário da Bahia".

Teles de Menezes, além de colaborar no "Diário da Bahia", primeiro órgão da imprensa brasileira que acolheu, em suas colunas, artigos sobre o Espiritismo, escrevia, também, para o "Jornal da Bahia", "O Interesse Público", além de outros periódicos de Baianos.

Por volta de 1879, no Rio de Janeiro, onde fixou sua residência, passou a fazer parte da corporação taquigráfica do Senado do Império, onde prestou relevantes serviços, tendo editado, em 1885, o "Manual de Estenografia Brasiliense", deixando, ainda, outros trabalhos inéditos. Desencarnou em extrema pobreza, sendo sepultado no Cemitério de S. Francisco Xavier às expensas de colegas que lhe eram muito caros.


"Reformador", de 1.º de abril de 1893, dele disse o seguinte:

"Era um caráter digno de todo o apreço pela sua cultura e elevação de sentimentos, aprimorados por uma longa série de infortúnios, que soube sempre suportar com honra e grandeza d’alma".

Jornais do Rio e da Bahia, reconhecendo seu valor e os serviços prestados à Nação, registraram o passamento desse inolvidável pioneiro do Espiritismo no Brasil.

19 - J. HERCULANO PIRES

Nasceu em Avaré, Estado de São Paulo, no dia de 25 de setembro de 1914 e desencarnou, em São Paulo, no dia 9 de março de 1979, com a idade de 65 anos.

Para inserirmos, aqui, estes ligeiros dados biográficos do festejado filósofo espírita recorremos ao substancioso artigo de Heloísa Pires, sua filha, publicado na revista "A Reencarnação" de outubro de 1984, órgão de divulgação da Federação Espírita do Rio Grande do Sul.

Em seu comentário sobre J. Herculano Pires, a professora Heloísa aborda, de modo geral, tudo quanto seu pai realizou no campo da divulgação do Espiritismo, segundo os ditames da codificação kardequiana.

Inicialmente, diz ela que, desde cedo, Herculano Pires enfrentou problemas econômicos. Aos quinze anos de idade escreveu um livro de poesias. Teosofista, ao deparar-se com o exemplar de "O Livro dos Espíritos", achou resposta para todas as suas dúvidas. Fez mestrado em Filosofia com mais de 40 anos. Conversar para ele era um prazer: gostava de conhecer as pessoas. Dizia ele que a morte é apenas um passo para a vida mais rica e demonstrava o absurdo do materialismo, conforme afirma em seu livro "O Espírito e o Tempo": "não se pode explicar o maior pelo menor". Esse livro analisa o crescimento espiritual do homem através de vários horizontes. Em o livro "O Ser e a Serenidade" Herculano explica como permanecer tranqüilo, mesmo nas horas de crise. Na obra "Concepção Existencial de Deus", o filósofo e poeta nos dá uma visão de Deus que o Cristianismo já nos dera e que o Espiritismo faz ressurgir.

Herculano Pires, além de colaborar em vários órgãos espíritas do Brasil, notadamente em "Mundo Espírita", que se edita em Curitiba-PR, deixou outras obras importantes que merecem ser lidas para o aprimoramento de nossos Espíritos. Dentre elas, citamos, ainda, "Madalena", "Pesquisas sobre o Amor", "Na Hora do Testemunho", "Agonia das Religiões", "A Pedra e o Joio", além da revista "Educação Espírita", órgão semestral de Educação e Pedagogia.

Concluindo estes lacônicos traços biográficos, transcrevemos, aqui, o que dele disse sua filha: "Um grande Espírito o do homem que entre nós recebeu o nome de José Herculano Pires. Conviver com ele foi uma oportunidade maior de crescimento espiritual..."

20 - DEOLINDO AMORIM

Nasceu no dia 23 de janeiro de 1906, em Baixa Grande, Bahia, e desencarnou no Rio de Janeiro, na manhã de 24 de abril de 1985.

Diplomou-se em Sociologia, pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, tendo feito, ainda, outros cursos de nível superior. Exerceu, por longos anos, a profissão de jornalista, destacando-se a atuação no "Jornal do Comércio", do Rio de Janeiro. Colaborou em todos os jornais espíritas do país e também em alguns do estrangeiro. Foi assíduo colaborador de "Mundo Espírita", desde sua fundação até os últimos dias de sua preciosa existência terrena.

De família católica, Deolindo converteu-se ao Protestantismo, freqüentando a Igreja Presbiteriana, da Bahia, como presbítero. Por volta de 1935, já residindo no Rio de Janeiro, passou a freqüentar o Centro Espírita "Jorge Niemeyer", onde entrou em contato com o acervo doutrinário do Espiritismo, mostrando-se profundo admirador das obras de Léon Denis. Em 1939, idealizou a realização do 1.º Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas. A instalação solene desse Congresso deu-se na noite de 15 de novembro de 1939, na sede da Associação Brasileira de Imprensa – ABI, na cidade do Rio de Janeiro.

Deolindo Amorim foi um incansável trabalhador no campo da divulgação do Espiritismo, não só através da palavra, mas também da imprensa, editando várias obras, como "Africanismo e Espiritismo", "O Espiritismo e os Problemas Humanos", "O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas", "O Espiritismo à Luz da Crítica", "Espiritismo e Criminologia", além de outros opúsculos, como "O Pensamento Filosófico de Léon Denis", "18 de Abril – Grande Data Espírita", "O Suicídio perante o Espiritismo", etc.

Realmente, o emérito escritor espírita Deolindo Amorim deixou uma lacuna no âmbito do movimento espírita, não só no Brasil, mas também no exterior, pois seus artigos doutrinários eram publicados por vários jornais estrangeiros.

21 - LAURO SCHLEDER

Nasceu no dia 13 de junho de 1905, no distrito de Guarapuavinha, município de Guarapuava, e desencarnou, em Curitiba, no dia 22 de março de 1984, com a idade de 79 anos incompletos.

Lauro Schleder deixou, também, dois livros publicados: "Pioneirismo e Humildade" e "Em Prol da Civilização do Espírito", além de outros trabalhos esparsos. Foi conselheiro da Federação Espírita do Paraná, onde proferiu inúmeras exposições doutrinárias. Dirigiu, também, o periódico "Mundo Espírita", por mais de 20 anos consecutivos, deixando a direção desse órgão somente quando seu estado de saúde não mais permitia permanecer à frente, passando para nossa pessoa a direção do jornal.

Quando se realizou o IV Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas, em Curitiba, Lauro Schleder, um dos promotores do conclave, assim se expressou: "A codificação kardequiana constitui-se na maior revolução espiritual que já envolveu o gênero humano, pois sem ela o próprio Cristianismo não se completaria. A posteridade, não tenhamos a menor dúvida, um dia isso reconhecerá, proclamando-o".

22 - RUY HOLZMANN

Nasceu no dia 4 de janeiro de 1910, na cidade de Ponta Grossa, Paraná, e desencarnou em Curitiba, no dia 24 de dezembro de 1971.

Médium curador, receitista, psicógrafo e notável tribuno de grandes recursos, comentava o Evangelho de Jesus de forma admirável. Estudioso e profundo conhecedor da obra de Kardec, colaborou, também, em vários órgãos espíritas, notadamente em "Mundo Espírita", que se edita em Curitiba. Era funcionário do Banco do Brasil, lotado em Ponta Grossa, onde se aposentou, transferindo-se para Curitiba em 1971, onde veio a desencarnar, em pleno vigor físico.

Ruy Holzmann foi, também, escritor, tendo publicado "Contos de Lá e de Cá", obra mediúnica recebida do Espírito Irmão X.

Em artigo publicado em "Mundo Espírita", de janeiro de 1985, sobre a obra de Ruy, disse Deolindo Amorim: "Quando li, página por página, a série de "Contos de Lá e de Cá", como que senti a presença de Ruy Holzmann pela vibração, firme em seu posto de serviço espiritual. Certamente, a esta altura, o espírito de Ruy deverá estar sentindo a alegria de ter deixado uma obra honesta, um livro que vai fazer bem a muitas consciências necessitadas de um conselho prudente. Trabalhador digno de seu salário".

Fonte; ABC do Espiritismo Capitulo 3

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domingo, 19 de janeiro de 2014

ERASTO

Com o respeitável nome de Erasto, cujas comunicações traziam sempre o "cunho incontestável de profundeza e lógica", como disse o próprio Codificador, encontramos duas personalidades, em momentos diferentes da História da Humanidade.

A primeira, afirmativa do próprio Codificador, é de que ele seria discípulo de Paulo de Tarso (O livro dos médiuns, cap. V, item 98). A afirmativa tem procedência.
Na segunda epístola a Timóteo, escrita quando prisioneiro em Roma, relata o Apóstolo dos Gentios: "Erasto ficou em Corinto." ( IV,20). Segundo consta na epístola aos Romanos, na saudação final, este mesmo Erasto tinha cargo na cidade, pois se encontra no cap. 16, vers. 23: "Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade".

Em Atos dos Apóstolos (XIX,22) lemos que Paulo enviou à Macedônia "...dois dos que lhe assistiam, Timóteo e Erasto..." , enquanto ele próprio, Paulo, permaneceu na Ásia. Interessante observar a proximidade dos dois discípulos de Paulo, pois em O Livro dos Médiuns, cap. XIX, encontramos longa mensagem assinada por ambos, a respeito do papel do médium nas comunicações (item 225). Juntos no século I da era cristã, juntos na tarefa da Codificação.

Ainda em O livro dos médiuns são de sua lavra os itens 98, cap. V, algumas respostas a perguntas constantes no item 99, itens 196 e 197 do cap. XVI, itens 230 do cap. XX, onde se encontra a célebre frase: "Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea." Finalmente, na comunicação de nº XXVII. Em O Evangelho segundo o espiritismo, lê-se várias mensagens assinadas por Erasto. A primeira se encontra no cap. I, item 11, a segunda no cap. XX, item 4 e se intitula: Missão dos espíritas, trazendo a assinatura de Erasto, anjo da guarda do médium, aditando oportunamente o Codificador de que o médium seria o sr. d'Ambel.

As demais compõem os itens 9 (Caracteres do verdadeiro profeta) e 10 (Os falsos profetas da erraticidade), ambas datadas de 1862, sendo que na última é o próprio espírito que se identifica como "discípulo de São Paulo", o que igualmente faz no cap. I, item 11 de O evangelho segundo o espiritismo e cap. XXXI, nº XXVII de O livro dos
médiuns.

A outra referência a esse espírito se encontra na Revista Espírita, ano de 1869, da Edicel, no índice Biobibliográfico, onde é apresentado como tendo sido Thomaz Liber, dito Erasto, médico, filósofo e teólogo alemão, nascido em 1524 e morrido em 1583. Foi professor de Medicina em Heidelberg e de Moral, em Basiléia.

No campo da Teologia, combateu o poder temporal da Igreja e se opôs à disciplina calvinista e à ordem presbiteriana. Sua posição lhe valeu uma excomunhão, sob suspeita de heresia, sendo reabilitado algum tempo depois.
Suas teorias tiveram muitos partidários, sobretudo na Inglaterra. Legou somas consideráveis aos estudantes pobres, sendo especialmente respeitado por seus gestos de benemerência.

De qualquer forma, o que resta incontestável, segundo Kardec, é que "...era um Espírito superior, que se revelou mediante comunicações de ordem elevadíssima..."(O
livro dos médiuns, cap. XIX, item 225)

O que importa realmente é a tarefa desenvolvida à época de Paulo de Tarso e ao tempo de Kardec, por um espírito.

Encarnado, o seu grande trabalho pela divulgação das idéias nascentes do Cristianismo, em um ambiente quase sempre hostil. Desencarnado, ombreando com tantas outras entidades espirituais, apresentando elucidações precisas em favor da Codificação da Doutrina Espírita, respondendo a questões de vital importância para uma também doutrina nascente, a Terceira Revelação, o Consolador prometido por Jesus.
Fonte: Revista Reformador (FEB), outubro de 1993
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O PORQUÊ E O PARA QUÊ DE CADA ATO

Ana Vargas
anavargas.adv@uol.com.br

Sabemos do intenso debate que se trava no Brasil quanto à prática de passes. De um lado os defensores da imposição como técnica única e mais apenas sobre a cabeça, ou se quiserem o centro coronário; de outro os defensores do pensamento clássico, advogando a utilidade de todas as técnicas e a liberdade de uso conforme a necessidade do atendido. Sem medo de ser redundante, com o propósito de grifar a ideia, é óbvio que dentre as técnicas de magnetismo inclui-se a imposição de mão tanto sobre o coronário quanto sobre qualquer centro vital ou parte do corpo.

Não desejo aqui entrar nas questões de ordem política dessa dissensão produzida, e respeito a opinião de uns e de outros, afinal cada um de nós é responsável pelos próprios atos e responde por eles diante da vida e não para “A, B ou C”.
Assim, pergunto-me por que movimentar as mãos e os braços em um passe magnético?
E posso ir mais longe, pois posso andar, agachar e levantar, dobrar-me; por que faço isso?

Em primeiro lugar, preciso tirar da mente a ideia de ritual religioso. Passe magnético não é bênção. Também não se confunde com mediunidade de cura, que pressupõe ação instantânea. É um tratamento que exige método, regularidade e constância para exercer um efeito curador. Necessário dizer que como tratamento ele pode ser único ou complementar, dependendo da natureza do mal que aflige o atendido. Em se falando de magnetismo voltado ao tratamento das enfermidades físicas, entendo que ele tenha um caráter complementar, soma-se à medicina convencional e a outras terapias, como, por exemplo, as fisioterapia e psicoterapia, necessárias à recuperação do bem-estar.

Disso decorre, que ao se falar de passe magnético não se fala de passe aplicado indistintamente ou do chamado atendimento ao público em geral, no qual não se sabe porque a pessoa veio, nem quando virá novamente, e ninguém sabe o resultado do que fez.

Estabeleço, então, que ao atender alguém através de passes magnéticos, essa pessoa está compromissada comigo no tratamento de mal-estar específico (físico, emocional ou espiritual) e sabe que aquilo não é milagroso nem imediato, demandando uma parcela de responsabilidade minha e outra dela.

Em segundo lugar, preciso conhecer o meio que emprego no atendimento. Para uma bênção basta fé, para um passe magnético é preciso mais. O magnetismo baseiase no emprego de uma energia especial: a magnética. O que ela é? Como atua? Preciso buscar entender. O princípio da ação terapêutica do magnetismo é realizar a “regulagem” das energias no corpo. Ops! Esbarrei em algo genial e muito grande: o corpo, obra do nosso Pai, e Ele é muito inteligente. E esse corpo está enfermo. Não somos apenas um corpo, temos espírito e perispírito. Da constituição do espírito (essência) quase nada sabemos ou conhecemos; por informações mediúnicas, o perispírito, um corpo semi-material, em tudo semelhante ao físico, ou, melhor seria dizer-se o contrário. Bem, mas o que importa aqui é saber que estudando um, forçosamente amplio conhecimentos sobre o outro.

Pois é, somos criaturas complexas, com uma organização igualmente complexa: somos seres físicos, mentais, emocionais, sociais, espirituais e somos seres energéticos ou magnéticos, também, em qualquer dessas esferas. Por isso, dá para entender que se encontram muito mais pessoas que conhecem melhor o carro que dirigem do que o organismo vivo que habitam.

Ensina o Barão Du Potet, no Manual do Estudante Magnetizador, que “o homem é um organismo vivo dentre  outros milhares e milhares, inseridos no Cosmos. Na qualidade de matéria, o corpo funciona como um formidável ‘transformador’ de energias: ele recebe do exterior todas as espécies de energias (alimentos, ar, eletricidade etc.) e as transforma, em seu interior, modificando- as e devolvendo-as ao exterior. Na qualidade de espírito, o homem participa destas trocas de uma forma muito enigmática e mais específica. Tudo parece se passar, de fato, como se o corpo material, organizando as trocas de energia com o mundo exterior, não tenha por finalidade senão a de fornecer ao espírito uma energia particular, extremamente purificada”.

Mais adiante, explica: ”Possui (o corpo) captores de energias magnéticas ambientais provenientes do Cosmos, da Terra, dos seres e dos objetos que nos rodeiam.
Aí, novamente, o corpo se comporta como em outros domínios: capta a energia magnética; utiliza-a e a transforma; estoca uma parte e remete ou reflete o excedente para fora. Existe um movimento de ‘vai-e-vem’ incessante de energia magnética entre o exterior e o interior do corpo no mais amplo sentido.”
 É sabido que o corpo possui qualidades elétricas de condução e recepção, bem como que ele produz eletricidade.
Tudo indica que essa energia é produzida no cérebro e distribui-se pelo corpo através de uma fina rede de condutores e armazenam-se nos plexos (entrelaçamento de filetes nervosos ou vasculares), espécies de baterias. Assim o corpo assemelha-se a uma pilha possuindo um polo positivo e outro negativo.

O magnetismo e a eletricidade estão intimamente ligados nas suas manifestações. Observa-se que em todo campo elétrico há um campo magnético, sendo o último bem mais forte do que o primeiro. No entanto, o magnetismo como força natural é ainda um dos mistérios da ciência. Ele existe e cumpre um papel elementar em todo universo, em todos os reinos da natureza terrena. Magnetismo e eletricidade não são a mesma coisa, é bom lembrar.

Ora, se há uma fina rede de condutores elétricos percorrendo o corpo, em torno dela há magnetismo. Se há uma rede elétrica e nervosa, há uma rede magnética. A acupuntura pode nos dar um bom exemplo: trata todas as espécies de doenças introduzindo agulhas em pontos
precisos, os centros nervosos periféricos ou sobre um condutor elétrico, no entanto “há muitos pontos de acupuntura situados fora da rede elétrica e nervosa, parecem seguir um traçado misterioso, que poderá ser a rede magnética”, segundo Du Potet.

Muito bem, descubro que além de ter noções básicas, mas seguras, de anatomia, há mais alguma coisa a ser estuda: essa rede de circulação de energia. E temos aqui um complicador respeitável: ela é invisível. Mas pode ser sentida, via tato magnético.

Os magnetizadores clássicos, dentre eles Denizar Rivail (nosso conhecido), trabalhavam sobre as radiações do corpo formadoras do que alguns denominam como “aura” e baseavam-se, os magnetizadores clássicos, no trabalho do Dr. Reichenbach. Dessa forma, estabeleceram o que chamavam topografia magnética do corpo.
A fim de não me estender, recomendo o estudo do Capítulo I, do Manual do Estudante Magnetizador, no qual essa anatomia energética está explicada.

Repetimos: a terapêutica magnética visa restabelecer o equilíbrio rompido. Assim presume-se que o magnetizador esteja equilibrado, saiba avaliar a quantidade necessária de sua energia magnética a injetar no corpo do paciente quando o desequilíbrio resultar de hipofuncionamento e de que forma (por quais técnicas) fará essa passagem. Aqui se recomenda as concentradoras, mão parada ou movimentos lentos. Mas se o equilíbrio for rompido por excesso de energia, o chamado hiperfuncionamento de um órgão, o procedimento é outro: é preciso desobstruir, empregando técnicas dispersivas, com movimentos vigorosos das mãos e braços. Neste último caso, o organismo do magnetizador não doa energia, ele dispersa a do paciente.

Veja-se que o princípio é de impor um padrão harmônico, que é o natural, mas foi rompido, daí a ação do tratamento magnético requerer tempo e método.


E por que as mãos? Não posso dar passes com os pés?
Posso. O corpo é transmissor e receptor, não é? Pois bem, todo nosso corpo emite energia magnética, mas o magnetizador com o auxilio do pensamento e da vontade canaliza-a para as melhores vias de exteriorização que são as mãos (palma e ponta dos dedos), os pés, o olhar e o sopro (respiração). A mais fácil de ser treinada, do meu ponto de vista, é a exteriorização ou a manipulação dessa energia através das mãos.

É bom dizer que inconscientemente todas elas funcionam.
Então não se espante de ver um magnetizador ficar com os olhos vermelhos durante ou após um passe, com as mãos suadas, com a respiração alterada, nem de você, se estiver recebendo um passe, sentir como se estivesse “pregado” ao chão, com um peso nas pernas e nos pés. São fenômenos normais, naturais.

Amigo(a) leitor(a), essas são algumas das razões pelas quais eu movimento as mãos ou as deixo paradas, ou seja, a necessidade de quem atendo. Eu não tenho mediunidade de cura, viro-me nessa vida com a vidência, a audiência e a psicografia. Está de bom tamanho. Jesus era médium de cura e obviamente o espírito mais elevado que o nosso mundo conheceu.

Limito-me a ser sua profunda admiradora e imitar-lhe os passos conforme as minhas possibilidades. Comparar-me a ele não posso, minhas ações e capacidades ainda precisam evoluir muito. Mas lendo com atenção os livros que falam dele, qual será seu princípio terapêutico? 

JORNAL VORTICE - ANO  VI, Nº 02 – Julho - 2013


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SONAMBULISMO NÃO É DESDOBRAMENTO

Gebaldo José de Souza

 “Por que você não usa o termo ‘desdobramento’, adotado por André Luiz? Não acha mais adequado que o termo ‘sonambulismo’, usado por Kardec? Penso que Kardec usou o termo naquela época por ser a melhor relação possível entre a observação e o cotidiano, mas acho o termo adotado por André Luiz mais acorde com a atualidade.”

São indagações de companheiro espírita, após ler nosso estudo: Sonambulismo natural em Reuniões Mediúnicas.

Ofereci a ele a seguinte resposta: Sonambulismo e desdobramento não são sinônimos. Um e outro são faculdades anímicas. Mas não são a mesma coisa.

Tanto é que André Luiz utilizou as duas palavras, em sua obra1, não como sinônimas, mas em situações distintas. Analisemos o assunto.

Afirma-nos nobre amigo: “Independentemente de serem, ou não, sonâmbulos, desdobram-se letárgicos e catalépticos, assim como todos nós, quando dormimos; e os médiuns em geral, antes da ocorrência de qualquer fenômeno mediúnico. O fato de a pessoa ser sonâmbula facilitará esse desdobramento”. E, nessa condição, suas percepções são ampliadas:

“Em geral, suas ideias são mais justas do que no estado normal, e mais amplos seus conhecimentos, porque sua alma está livre. Numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos Espíritos.”2

Hermínio C. Miranda, num pequeno grande livro3, afirma que

“(...) alma e espírito são e não são a mesma coisa. (...) A alma é a personalidade e o espírito, a individualidade.”

Se bem entendi a hipótese que ele nos apresenta e desenvolve, a personagem “dorme” quando o sensitivo está em desdobramento. A partir daí, não é mais a alma (Espírito encarnado) que se manifesta, mas a individualidade (Espírito), agora livre dos condicionamentos que o corpo lhe impõe, com “apenas” cinco sentidos.

Então, o fato de o médium ser sonâmbulo é que enseja a ele entrar no transe anímico – expressão do autor citado, na mesma obra –, a partir do qual ocorre o desdobramento espiritual; ou seja, o desdobramento, nele, é consequência da faculdade sonambúlica. Esta facilita a ocorrência daquele.

“Luciano, mergulhado num transe de perfil nitidamente anímico, no qual seu espírito, dono de todo um acervo mnemônico, falava através de seu próprio corpo físico, como uma espécie de médium de si mesmo.” (p. 31).

Já Martins Peralva4, registra que: “Antônio Castro: é médium sonâmbulo.”

E, na mesma obra e Capítulo (XV), à página 86, afirma:

“O capítulo ‘Desdobramento em Serviço’, (...) esclarece essa singular mediunidade, realmente pouco comum entre nós.”

Médium de desdobramento é aquele cujo Espírito tem a propriedade ou faculdade de desprender-se do corpo, (...).”

Com todo o respeito que dedico aos escritos do nobre e estudioso autor – ora na Pátria Espiritual –, ouso discordar dele nos dois casos: de que o desdobramento é raro e em afirmar que há médium de desdobramento. A meu ver, ele se equivoca duplamente.

Primeiro, ao afirmar que o desdobramento é pouco comum entre nós – situação real, quem sabe, no passado. Mas tudo evolui; e mudanças ocorrem. Há que se preparar para elas e para novos aprendizados. Percentualmente, talvez o seja, mas em números, num universo de 200 milhões de brasileiros, ou de 7 bilhões de habitantes, na Terra, existe grande número de pessoas sonâmbulas!

E essa faculdade, ainda que continuasse rara, necessita e merece ser estudada, compreendida, até para auxiliar médiuns que a detém e que sofrem, em muitos casos, enormemente, por não haver quem dela conheça um pouco, e os auxilie e oriente!
Entendo, isto sim, que a faculdade é pouco conhecida, porque pouco ou raramente é estudada, advindo daí a dificuldade de muitos dirigentes de reuniões mediúnicas em identificá-la. Aliás, a própria Doutrina Espírita é pouco estudada por grande maioria daqueles que nos dizemos espíritas! Especialmente por muitos que dirigem ou atuam em Reuniões Mediúnicas, ou até assumem responsabilidades ainda maiores no Movimento Espírita.

Allan Kardec dedicou trinta e uma questões – as de números 425 a 455 –, com mais duas subquestões ao tema, em O Livro dos Espíritos5; os itens 172 a 174, em O Livro dos Médiuns; e inúmeros artigos na Revista Espírita, ao longo de vários anos! São algumas citações, para não nos alongarmos demais. Como se vê, para ele o assunto não é menor e, portanto, merece ser estudado e compreendido.

Em segundo lugar, ao chamar essa faculdade (desdobramento) de mediunidade.
O simples fato de um médium, detentor da faculdade sonambúlica achar-se desdobrado, não indica que haja Espírito a manifestar-se por ele. Não se encontra, nesse momento particular, “incorporado” por qualquer Entidade. Não existe, pois, médium de desdobramento. Existem médiuns que possuem a faculdade sonambúlica. Quando entram no transe anímico, desdobram-se e se manifestam eles mesmos, sem a interferência de outro Espírito, seja revivendo a personalidade que teve em outra existência, servindo-se do idioma que então falava, seja conservando-se no tempo presente, revelando, contudo, acervo de conhecimentos que não expressa na existência atual. Não há, pois, nesses fatos, o exercício da mediunidade, mas, sim, uma “vivência” sonambúlica, se assim podemos dizer.

A ausência de estudo dessa faculdade, repito, é erro extraordinário, pelos recursos que apresenta no socorro a espíritos sofredores que se manifestam mediunicamente, seja porque o médium, desdobrado, desloca-se a regiões distantes, ou próximas, onde existam intensos sofrimentos, seja porque permite – quando os Mentores Espirituais concordam com a aplicação desse recurso – submeter o espírito rebelde à regressão de memória, quando “incorporado” ao médium em transe sonambúlico. Ele, em casos assim, atua na condição de médium, exercitando a psicofonia sonambúlica (Ver o Cap. 8 da obra de André Luiz, acima indicada; e, ainda, o item 173, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec).

No item 172 deste último livro, o Codificador registra que: “O sonambulismo pode ser considerado como uma variedade da faculdade mediúnica, ou melhor, são duas ordens de fenômenos que frequentemente se acham reunidos.”


“O simples fato de um médium, detentor da faculdade sonambúlica achar-se desdobrado, não indica que haja Espírito a manifestar-se por ele.”

Nesse mesmo item, diz ainda Allan Kardec: “Mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também pode fazê-lo com um sonâmbulo; aliás, o estado de emancipação da alma provocada pelo sonambulismo facilita essa comunicação.”

Contudo, admoesta-nos Áulus: essa faculdade requer dos que a possuem vigilância igual ou ainda maior do que a de quaisquer médiuns; sobretudo no que se refere ao aprimoramento moral, eis que ficam mais sujeitos à obsessão. É o que se lê em André Luiz – obra citada1, Cap. 08 – Psicofonia sonambúlica –, pp. 75/76:

“(...) O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, (...).”

Referindo-se à enferma,
“(...) Áulus acentuou:

– É um caso doloroso como o de milhares de criaturas.” (p. 89)
O nobre Espírito não usou a palavra “alguns”, mas “milhares”; ou seja, há número considerável de pessoas passando pela provação do “sonambulismo torturado”.

No caso em estudo, a mulher deveria receber o perseguidor como filho, mas, ao engravidar, provocou o aborto, descumprindo compromissos espirituais, advindo daí sua enfermidade. (p. 91).
Em situações semelhantes, certamente haverá grande número de doentes mentais reiteradamente internados em clínicas especializadas, espíritas, ou não.

Entendemos, assim, que sonâmbulos são médiuns cuja faculdade pode manifestar-se de três formas:

– Eles só, como sonâmbulos, desdobrados, sem referir-se a vidas anteriores deles próprios e sem oferecer passividade a quaisquer Espíritos desen-carnados;

– Como médiuns de si mesmos, em manifestações anímicas, relatando experiências de outras vidas – vide Eu sou Camille Desmoulins – de Hermínio C. Miranda, Editora Arte & Cultura Ltda.;

– Quando se desdobram e ocorre a psicofonia sonambúlica, na mediunidade inconsciente.

No primeiro caso, temos, no dizer de Kardec, “(...) apenas um sonâmbulo (...)”; no segundo, autêntica manifestação anímica e sonambúlica – vide citação3, acima: (...) como uma espécie de médium de si mesmo.” –, quando assumem personalidades por eles vividas, em outra época; no terceiro, o sonâmbulo-médium, como afirma também o Codificador, no item 173, de O Livro dos Médiuns.

Podem atuar, também, na mediunidade consciente, como médiuns comuns – sem utilizar a faculdade sonambúlica –, incorporando, “(...) como qualquer médium comum (...)”, entidades sofredoras, ou não, em manifestação mediúnica normal.
Em O Livro dos Médiuns2 (Allan Kardec): ver itens 172 a 174. (Importantíssimos e algo extensos para transcrição na íntegra).
No final do item 173, dessa obra, lemos: “(...) Quando só, era apenas um sonâmbulo; assistido por aquele a quem chamava seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.” (Grifos do texto original).
Como vimos, sonambulismo não é “apenas” desdobramento. E, portanto, nem essas faculdades são iguais, nem as expressões que as identificam são sinônimas!

NOTA: Os grifos em negrito são todos nossos.

Referências:
1 – XAVIER, Francisco C. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 9.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. 3, 8 e 11.
2 – KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução Evandro Noleto Bezerra. 1. Reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Segunda parte, Cap. XIV, Itens 172 e 173.
3 – MIRANDA, Hermínio C. O que é Fenômeno Anímico. São Bernardo do Campo: CORREIO FRATERNO, 2011. p. 19 e 31.
4 – PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. VII, p. 44.
5 – KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ª edição Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Q. 455 e 425.

JORNAL VÓRTICE ANO V, N.º 06 - NOVEMBRO – 2012



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