domingo, 19 de janeiro de 2014

ERASTO

Com o respeitável nome de Erasto, cujas comunicações traziam sempre o "cunho incontestável de profundeza e lógica", como disse o próprio Codificador, encontramos duas personalidades, em momentos diferentes da História da Humanidade.

A primeira, afirmativa do próprio Codificador, é de que ele seria discípulo de Paulo de Tarso (O livro dos médiuns, cap. V, item 98). A afirmativa tem procedência.
Na segunda epístola a Timóteo, escrita quando prisioneiro em Roma, relata o Apóstolo dos Gentios: "Erasto ficou em Corinto." ( IV,20). Segundo consta na epístola aos Romanos, na saudação final, este mesmo Erasto tinha cargo na cidade, pois se encontra no cap. 16, vers. 23: "Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade".

Em Atos dos Apóstolos (XIX,22) lemos que Paulo enviou à Macedônia "...dois dos que lhe assistiam, Timóteo e Erasto..." , enquanto ele próprio, Paulo, permaneceu na Ásia. Interessante observar a proximidade dos dois discípulos de Paulo, pois em O Livro dos Médiuns, cap. XIX, encontramos longa mensagem assinada por ambos, a respeito do papel do médium nas comunicações (item 225). Juntos no século I da era cristã, juntos na tarefa da Codificação.

Ainda em O livro dos médiuns são de sua lavra os itens 98, cap. V, algumas respostas a perguntas constantes no item 99, itens 196 e 197 do cap. XVI, itens 230 do cap. XX, onde se encontra a célebre frase: "Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea." Finalmente, na comunicação de nº XXVII. Em O Evangelho segundo o espiritismo, lê-se várias mensagens assinadas por Erasto. A primeira se encontra no cap. I, item 11, a segunda no cap. XX, item 4 e se intitula: Missão dos espíritas, trazendo a assinatura de Erasto, anjo da guarda do médium, aditando oportunamente o Codificador de que o médium seria o sr. d'Ambel.

As demais compõem os itens 9 (Caracteres do verdadeiro profeta) e 10 (Os falsos profetas da erraticidade), ambas datadas de 1862, sendo que na última é o próprio espírito que se identifica como "discípulo de São Paulo", o que igualmente faz no cap. I, item 11 de O evangelho segundo o espiritismo e cap. XXXI, nº XXVII de O livro dos
médiuns.

A outra referência a esse espírito se encontra na Revista Espírita, ano de 1869, da Edicel, no índice Biobibliográfico, onde é apresentado como tendo sido Thomaz Liber, dito Erasto, médico, filósofo e teólogo alemão, nascido em 1524 e morrido em 1583. Foi professor de Medicina em Heidelberg e de Moral, em Basiléia.

No campo da Teologia, combateu o poder temporal da Igreja e se opôs à disciplina calvinista e à ordem presbiteriana. Sua posição lhe valeu uma excomunhão, sob suspeita de heresia, sendo reabilitado algum tempo depois.
Suas teorias tiveram muitos partidários, sobretudo na Inglaterra. Legou somas consideráveis aos estudantes pobres, sendo especialmente respeitado por seus gestos de benemerência.

De qualquer forma, o que resta incontestável, segundo Kardec, é que "...era um Espírito superior, que se revelou mediante comunicações de ordem elevadíssima..."(O
livro dos médiuns, cap. XIX, item 225)

O que importa realmente é a tarefa desenvolvida à época de Paulo de Tarso e ao tempo de Kardec, por um espírito.

Encarnado, o seu grande trabalho pela divulgação das idéias nascentes do Cristianismo, em um ambiente quase sempre hostil. Desencarnado, ombreando com tantas outras entidades espirituais, apresentando elucidações precisas em favor da Codificação da Doutrina Espírita, respondendo a questões de vital importância para uma também doutrina nascente, a Terceira Revelação, o Consolador prometido por Jesus.
Fonte: Revista Reformador (FEB), outubro de 1993
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O PORQUÊ E O PARA QUÊ DE CADA ATO

Ana Vargas
anavargas.adv@uol.com.br

Sabemos do intenso debate que se trava no Brasil quanto à prática de passes. De um lado os defensores da imposição como técnica única e mais apenas sobre a cabeça, ou se quiserem o centro coronário; de outro os defensores do pensamento clássico, advogando a utilidade de todas as técnicas e a liberdade de uso conforme a necessidade do atendido. Sem medo de ser redundante, com o propósito de grifar a ideia, é óbvio que dentre as técnicas de magnetismo inclui-se a imposição de mão tanto sobre o coronário quanto sobre qualquer centro vital ou parte do corpo.

Não desejo aqui entrar nas questões de ordem política dessa dissensão produzida, e respeito a opinião de uns e de outros, afinal cada um de nós é responsável pelos próprios atos e responde por eles diante da vida e não para “A, B ou C”.
Assim, pergunto-me por que movimentar as mãos e os braços em um passe magnético?
E posso ir mais longe, pois posso andar, agachar e levantar, dobrar-me; por que faço isso?

Em primeiro lugar, preciso tirar da mente a ideia de ritual religioso. Passe magnético não é bênção. Também não se confunde com mediunidade de cura, que pressupõe ação instantânea. É um tratamento que exige método, regularidade e constância para exercer um efeito curador. Necessário dizer que como tratamento ele pode ser único ou complementar, dependendo da natureza do mal que aflige o atendido. Em se falando de magnetismo voltado ao tratamento das enfermidades físicas, entendo que ele tenha um caráter complementar, soma-se à medicina convencional e a outras terapias, como, por exemplo, as fisioterapia e psicoterapia, necessárias à recuperação do bem-estar.

Disso decorre, que ao se falar de passe magnético não se fala de passe aplicado indistintamente ou do chamado atendimento ao público em geral, no qual não se sabe porque a pessoa veio, nem quando virá novamente, e ninguém sabe o resultado do que fez.

Estabeleço, então, que ao atender alguém através de passes magnéticos, essa pessoa está compromissada comigo no tratamento de mal-estar específico (físico, emocional ou espiritual) e sabe que aquilo não é milagroso nem imediato, demandando uma parcela de responsabilidade minha e outra dela.

Em segundo lugar, preciso conhecer o meio que emprego no atendimento. Para uma bênção basta fé, para um passe magnético é preciso mais. O magnetismo baseiase no emprego de uma energia especial: a magnética. O que ela é? Como atua? Preciso buscar entender. O princípio da ação terapêutica do magnetismo é realizar a “regulagem” das energias no corpo. Ops! Esbarrei em algo genial e muito grande: o corpo, obra do nosso Pai, e Ele é muito inteligente. E esse corpo está enfermo. Não somos apenas um corpo, temos espírito e perispírito. Da constituição do espírito (essência) quase nada sabemos ou conhecemos; por informações mediúnicas, o perispírito, um corpo semi-material, em tudo semelhante ao físico, ou, melhor seria dizer-se o contrário. Bem, mas o que importa aqui é saber que estudando um, forçosamente amplio conhecimentos sobre o outro.

Pois é, somos criaturas complexas, com uma organização igualmente complexa: somos seres físicos, mentais, emocionais, sociais, espirituais e somos seres energéticos ou magnéticos, também, em qualquer dessas esferas. Por isso, dá para entender que se encontram muito mais pessoas que conhecem melhor o carro que dirigem do que o organismo vivo que habitam.

Ensina o Barão Du Potet, no Manual do Estudante Magnetizador, que “o homem é um organismo vivo dentre  outros milhares e milhares, inseridos no Cosmos. Na qualidade de matéria, o corpo funciona como um formidável ‘transformador’ de energias: ele recebe do exterior todas as espécies de energias (alimentos, ar, eletricidade etc.) e as transforma, em seu interior, modificando- as e devolvendo-as ao exterior. Na qualidade de espírito, o homem participa destas trocas de uma forma muito enigmática e mais específica. Tudo parece se passar, de fato, como se o corpo material, organizando as trocas de energia com o mundo exterior, não tenha por finalidade senão a de fornecer ao espírito uma energia particular, extremamente purificada”.

Mais adiante, explica: ”Possui (o corpo) captores de energias magnéticas ambientais provenientes do Cosmos, da Terra, dos seres e dos objetos que nos rodeiam.
Aí, novamente, o corpo se comporta como em outros domínios: capta a energia magnética; utiliza-a e a transforma; estoca uma parte e remete ou reflete o excedente para fora. Existe um movimento de ‘vai-e-vem’ incessante de energia magnética entre o exterior e o interior do corpo no mais amplo sentido.”
 É sabido que o corpo possui qualidades elétricas de condução e recepção, bem como que ele produz eletricidade.
Tudo indica que essa energia é produzida no cérebro e distribui-se pelo corpo através de uma fina rede de condutores e armazenam-se nos plexos (entrelaçamento de filetes nervosos ou vasculares), espécies de baterias. Assim o corpo assemelha-se a uma pilha possuindo um polo positivo e outro negativo.

O magnetismo e a eletricidade estão intimamente ligados nas suas manifestações. Observa-se que em todo campo elétrico há um campo magnético, sendo o último bem mais forte do que o primeiro. No entanto, o magnetismo como força natural é ainda um dos mistérios da ciência. Ele existe e cumpre um papel elementar em todo universo, em todos os reinos da natureza terrena. Magnetismo e eletricidade não são a mesma coisa, é bom lembrar.

Ora, se há uma fina rede de condutores elétricos percorrendo o corpo, em torno dela há magnetismo. Se há uma rede elétrica e nervosa, há uma rede magnética. A acupuntura pode nos dar um bom exemplo: trata todas as espécies de doenças introduzindo agulhas em pontos
precisos, os centros nervosos periféricos ou sobre um condutor elétrico, no entanto “há muitos pontos de acupuntura situados fora da rede elétrica e nervosa, parecem seguir um traçado misterioso, que poderá ser a rede magnética”, segundo Du Potet.

Muito bem, descubro que além de ter noções básicas, mas seguras, de anatomia, há mais alguma coisa a ser estuda: essa rede de circulação de energia. E temos aqui um complicador respeitável: ela é invisível. Mas pode ser sentida, via tato magnético.

Os magnetizadores clássicos, dentre eles Denizar Rivail (nosso conhecido), trabalhavam sobre as radiações do corpo formadoras do que alguns denominam como “aura” e baseavam-se, os magnetizadores clássicos, no trabalho do Dr. Reichenbach. Dessa forma, estabeleceram o que chamavam topografia magnética do corpo.
A fim de não me estender, recomendo o estudo do Capítulo I, do Manual do Estudante Magnetizador, no qual essa anatomia energética está explicada.

Repetimos: a terapêutica magnética visa restabelecer o equilíbrio rompido. Assim presume-se que o magnetizador esteja equilibrado, saiba avaliar a quantidade necessária de sua energia magnética a injetar no corpo do paciente quando o desequilíbrio resultar de hipofuncionamento e de que forma (por quais técnicas) fará essa passagem. Aqui se recomenda as concentradoras, mão parada ou movimentos lentos. Mas se o equilíbrio for rompido por excesso de energia, o chamado hiperfuncionamento de um órgão, o procedimento é outro: é preciso desobstruir, empregando técnicas dispersivas, com movimentos vigorosos das mãos e braços. Neste último caso, o organismo do magnetizador não doa energia, ele dispersa a do paciente.

Veja-se que o princípio é de impor um padrão harmônico, que é o natural, mas foi rompido, daí a ação do tratamento magnético requerer tempo e método.


E por que as mãos? Não posso dar passes com os pés?
Posso. O corpo é transmissor e receptor, não é? Pois bem, todo nosso corpo emite energia magnética, mas o magnetizador com o auxilio do pensamento e da vontade canaliza-a para as melhores vias de exteriorização que são as mãos (palma e ponta dos dedos), os pés, o olhar e o sopro (respiração). A mais fácil de ser treinada, do meu ponto de vista, é a exteriorização ou a manipulação dessa energia através das mãos.

É bom dizer que inconscientemente todas elas funcionam.
Então não se espante de ver um magnetizador ficar com os olhos vermelhos durante ou após um passe, com as mãos suadas, com a respiração alterada, nem de você, se estiver recebendo um passe, sentir como se estivesse “pregado” ao chão, com um peso nas pernas e nos pés. São fenômenos normais, naturais.

Amigo(a) leitor(a), essas são algumas das razões pelas quais eu movimento as mãos ou as deixo paradas, ou seja, a necessidade de quem atendo. Eu não tenho mediunidade de cura, viro-me nessa vida com a vidência, a audiência e a psicografia. Está de bom tamanho. Jesus era médium de cura e obviamente o espírito mais elevado que o nosso mundo conheceu.

Limito-me a ser sua profunda admiradora e imitar-lhe os passos conforme as minhas possibilidades. Comparar-me a ele não posso, minhas ações e capacidades ainda precisam evoluir muito. Mas lendo com atenção os livros que falam dele, qual será seu princípio terapêutico? 

JORNAL VORTICE - ANO  VI, Nº 02 – Julho - 2013


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SONAMBULISMO NÃO É DESDOBRAMENTO

Gebaldo José de Souza

 “Por que você não usa o termo ‘desdobramento’, adotado por André Luiz? Não acha mais adequado que o termo ‘sonambulismo’, usado por Kardec? Penso que Kardec usou o termo naquela época por ser a melhor relação possível entre a observação e o cotidiano, mas acho o termo adotado por André Luiz mais acorde com a atualidade.”

São indagações de companheiro espírita, após ler nosso estudo: Sonambulismo natural em Reuniões Mediúnicas.

Ofereci a ele a seguinte resposta: Sonambulismo e desdobramento não são sinônimos. Um e outro são faculdades anímicas. Mas não são a mesma coisa.

Tanto é que André Luiz utilizou as duas palavras, em sua obra1, não como sinônimas, mas em situações distintas. Analisemos o assunto.

Afirma-nos nobre amigo: “Independentemente de serem, ou não, sonâmbulos, desdobram-se letárgicos e catalépticos, assim como todos nós, quando dormimos; e os médiuns em geral, antes da ocorrência de qualquer fenômeno mediúnico. O fato de a pessoa ser sonâmbula facilitará esse desdobramento”. E, nessa condição, suas percepções são ampliadas:

“Em geral, suas ideias são mais justas do que no estado normal, e mais amplos seus conhecimentos, porque sua alma está livre. Numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos Espíritos.”2

Hermínio C. Miranda, num pequeno grande livro3, afirma que

“(...) alma e espírito são e não são a mesma coisa. (...) A alma é a personalidade e o espírito, a individualidade.”

Se bem entendi a hipótese que ele nos apresenta e desenvolve, a personagem “dorme” quando o sensitivo está em desdobramento. A partir daí, não é mais a alma (Espírito encarnado) que se manifesta, mas a individualidade (Espírito), agora livre dos condicionamentos que o corpo lhe impõe, com “apenas” cinco sentidos.

Então, o fato de o médium ser sonâmbulo é que enseja a ele entrar no transe anímico – expressão do autor citado, na mesma obra –, a partir do qual ocorre o desdobramento espiritual; ou seja, o desdobramento, nele, é consequência da faculdade sonambúlica. Esta facilita a ocorrência daquele.

“Luciano, mergulhado num transe de perfil nitidamente anímico, no qual seu espírito, dono de todo um acervo mnemônico, falava através de seu próprio corpo físico, como uma espécie de médium de si mesmo.” (p. 31).

Já Martins Peralva4, registra que: “Antônio Castro: é médium sonâmbulo.”

E, na mesma obra e Capítulo (XV), à página 86, afirma:

“O capítulo ‘Desdobramento em Serviço’, (...) esclarece essa singular mediunidade, realmente pouco comum entre nós.”

Médium de desdobramento é aquele cujo Espírito tem a propriedade ou faculdade de desprender-se do corpo, (...).”

Com todo o respeito que dedico aos escritos do nobre e estudioso autor – ora na Pátria Espiritual –, ouso discordar dele nos dois casos: de que o desdobramento é raro e em afirmar que há médium de desdobramento. A meu ver, ele se equivoca duplamente.

Primeiro, ao afirmar que o desdobramento é pouco comum entre nós – situação real, quem sabe, no passado. Mas tudo evolui; e mudanças ocorrem. Há que se preparar para elas e para novos aprendizados. Percentualmente, talvez o seja, mas em números, num universo de 200 milhões de brasileiros, ou de 7 bilhões de habitantes, na Terra, existe grande número de pessoas sonâmbulas!

E essa faculdade, ainda que continuasse rara, necessita e merece ser estudada, compreendida, até para auxiliar médiuns que a detém e que sofrem, em muitos casos, enormemente, por não haver quem dela conheça um pouco, e os auxilie e oriente!
Entendo, isto sim, que a faculdade é pouco conhecida, porque pouco ou raramente é estudada, advindo daí a dificuldade de muitos dirigentes de reuniões mediúnicas em identificá-la. Aliás, a própria Doutrina Espírita é pouco estudada por grande maioria daqueles que nos dizemos espíritas! Especialmente por muitos que dirigem ou atuam em Reuniões Mediúnicas, ou até assumem responsabilidades ainda maiores no Movimento Espírita.

Allan Kardec dedicou trinta e uma questões – as de números 425 a 455 –, com mais duas subquestões ao tema, em O Livro dos Espíritos5; os itens 172 a 174, em O Livro dos Médiuns; e inúmeros artigos na Revista Espírita, ao longo de vários anos! São algumas citações, para não nos alongarmos demais. Como se vê, para ele o assunto não é menor e, portanto, merece ser estudado e compreendido.

Em segundo lugar, ao chamar essa faculdade (desdobramento) de mediunidade.
O simples fato de um médium, detentor da faculdade sonambúlica achar-se desdobrado, não indica que haja Espírito a manifestar-se por ele. Não se encontra, nesse momento particular, “incorporado” por qualquer Entidade. Não existe, pois, médium de desdobramento. Existem médiuns que possuem a faculdade sonambúlica. Quando entram no transe anímico, desdobram-se e se manifestam eles mesmos, sem a interferência de outro Espírito, seja revivendo a personalidade que teve em outra existência, servindo-se do idioma que então falava, seja conservando-se no tempo presente, revelando, contudo, acervo de conhecimentos que não expressa na existência atual. Não há, pois, nesses fatos, o exercício da mediunidade, mas, sim, uma “vivência” sonambúlica, se assim podemos dizer.

A ausência de estudo dessa faculdade, repito, é erro extraordinário, pelos recursos que apresenta no socorro a espíritos sofredores que se manifestam mediunicamente, seja porque o médium, desdobrado, desloca-se a regiões distantes, ou próximas, onde existam intensos sofrimentos, seja porque permite – quando os Mentores Espirituais concordam com a aplicação desse recurso – submeter o espírito rebelde à regressão de memória, quando “incorporado” ao médium em transe sonambúlico. Ele, em casos assim, atua na condição de médium, exercitando a psicofonia sonambúlica (Ver o Cap. 8 da obra de André Luiz, acima indicada; e, ainda, o item 173, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec).

No item 172 deste último livro, o Codificador registra que: “O sonambulismo pode ser considerado como uma variedade da faculdade mediúnica, ou melhor, são duas ordens de fenômenos que frequentemente se acham reunidos.”


“O simples fato de um médium, detentor da faculdade sonambúlica achar-se desdobrado, não indica que haja Espírito a manifestar-se por ele.”

Nesse mesmo item, diz ainda Allan Kardec: “Mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também pode fazê-lo com um sonâmbulo; aliás, o estado de emancipação da alma provocada pelo sonambulismo facilita essa comunicação.”

Contudo, admoesta-nos Áulus: essa faculdade requer dos que a possuem vigilância igual ou ainda maior do que a de quaisquer médiuns; sobretudo no que se refere ao aprimoramento moral, eis que ficam mais sujeitos à obsessão. É o que se lê em André Luiz – obra citada1, Cap. 08 – Psicofonia sonambúlica –, pp. 75/76:

“(...) O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, (...).”

Referindo-se à enferma,
“(...) Áulus acentuou:

– É um caso doloroso como o de milhares de criaturas.” (p. 89)
O nobre Espírito não usou a palavra “alguns”, mas “milhares”; ou seja, há número considerável de pessoas passando pela provação do “sonambulismo torturado”.

No caso em estudo, a mulher deveria receber o perseguidor como filho, mas, ao engravidar, provocou o aborto, descumprindo compromissos espirituais, advindo daí sua enfermidade. (p. 91).
Em situações semelhantes, certamente haverá grande número de doentes mentais reiteradamente internados em clínicas especializadas, espíritas, ou não.

Entendemos, assim, que sonâmbulos são médiuns cuja faculdade pode manifestar-se de três formas:

– Eles só, como sonâmbulos, desdobrados, sem referir-se a vidas anteriores deles próprios e sem oferecer passividade a quaisquer Espíritos desen-carnados;

– Como médiuns de si mesmos, em manifestações anímicas, relatando experiências de outras vidas – vide Eu sou Camille Desmoulins – de Hermínio C. Miranda, Editora Arte & Cultura Ltda.;

– Quando se desdobram e ocorre a psicofonia sonambúlica, na mediunidade inconsciente.

No primeiro caso, temos, no dizer de Kardec, “(...) apenas um sonâmbulo (...)”; no segundo, autêntica manifestação anímica e sonambúlica – vide citação3, acima: (...) como uma espécie de médium de si mesmo.” –, quando assumem personalidades por eles vividas, em outra época; no terceiro, o sonâmbulo-médium, como afirma também o Codificador, no item 173, de O Livro dos Médiuns.

Podem atuar, também, na mediunidade consciente, como médiuns comuns – sem utilizar a faculdade sonambúlica –, incorporando, “(...) como qualquer médium comum (...)”, entidades sofredoras, ou não, em manifestação mediúnica normal.
Em O Livro dos Médiuns2 (Allan Kardec): ver itens 172 a 174. (Importantíssimos e algo extensos para transcrição na íntegra).
No final do item 173, dessa obra, lemos: “(...) Quando só, era apenas um sonâmbulo; assistido por aquele a quem chamava seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.” (Grifos do texto original).
Como vimos, sonambulismo não é “apenas” desdobramento. E, portanto, nem essas faculdades são iguais, nem as expressões que as identificam são sinônimas!

NOTA: Os grifos em negrito são todos nossos.

Referências:
1 – XAVIER, Francisco C. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 9.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. 3, 8 e 11.
2 – KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução Evandro Noleto Bezerra. 1. Reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Segunda parte, Cap. XIV, Itens 172 e 173.
3 – MIRANDA, Hermínio C. O que é Fenômeno Anímico. São Bernardo do Campo: CORREIO FRATERNO, 2011. p. 19 e 31.
4 – PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. VII, p. 44.
5 – KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ª edição Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Q. 455 e 425.

JORNAL VÓRTICE ANO V, N.º 06 - NOVEMBRO – 2012



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MAGNETISMO,UM SABER A SER RESGATADO


Lizarbe Gomes

Ao recorrermos à História, podemos facilmente constatar o quanto o século XIX foi marcado pelo antropocentrismo, ou seja, o homem passou a ser o centro de todos os interesses e suas realizações em todas as áreas passaram a ser o objeto de estudo da Filosofia, da Sociologia, das Ciências, das Artes e mesmo da Religião.

Neste contexto no qual o ser humano passa a ser o foco principal das atenções, não é de se estranhar que a capacidade dele em curar doenças utilizando suas próprias energias tenha sido tão largamente estudada. Várias publicações sejam livros, revistas e jornais passaram a estudar o magnetismo como energia curadora.

Também com este objetivo, em 1845 veio a público uma vasta obra que reunia os  studos de diversos magnetizadores sob o título de “Traité Pratique du Magnetisme et du Sonambulisme” (Tratado Prático do Magnetismo e do Sonambulismo), de Aubin Gauthier. Contendo mais de setecentas páginas, foi dividido em quatro partes: 1ª Filosofia do Magnetismo (quatro livros); 2ª Fisiologia do Magnetismo (nove livros); 3ª
Terapêutica do Magnetismo (quatro livros); 4ª Magnetização do homem sobre si mesmo.

Aubin Gauthier foi autor de obras como: Introdução ao Magnetismo (1840) “exame de sua existência desde os indianos até a época atual, sua teoria, sua prática, suas  vantagens, seus perigos e necessidade de seu concurso a Medicina”; História do Sonambulismo (1842) “entre os povos, sob diversos nomes, êxtases, sonho, oráculos e visões, exame das doutrinas teóricas e filosóficas da Antiguidade e dos tempos modernos sobre suas causas, seus efeitos, seus abusos, suas vantagens.”; O Magnetismo Católico (1844) “ou Introdução à verdadeira prática e refutação das opiniões da medicina sobre o magnetismo, seus princípios, seus procedimentos e seus efeitos”.

Além desses livros, Gauthier também foi autor de “Tratado dos Sonhos” e foi também redator chefe de “A Revista Magnética”, descrita como sendo um “jornal de curas e dos fatos magnéticos e sonambúlicos, bem como das teorias e pesquisas históricas,
discussões científicas e progresso geral do Magnetismo na França e em todos os Estados da Europa”.

No prefácio de seu monumental Tratado Prático do Magnetismo e do Sonambulismo, ele afirma que se esforçou em ali reunir todos os documentos conhecidos até aquele momento, que estava ao acesso de todos os homens, mesmo aqueles que não tivessem tempo de lê-lo por inteiro, poderiam ao menos, escolher no índice o assunto que lhes interessar.

Respondeu também aqueles que fizeram observações sobre a abundância de notas e as frequentes citações dos primeiros e mais célebres magnetizadores, ao afirmar que a maioria dos homens do mundo, mesmo os médicos, não viam senão o lado maravilhoso do magnetismo e não conhecem o nome de Mesmer a não ser para atribuir lhe o epíteto de charlatão; Puységur, Bruno e Deleuze são apenas transgressores para eles. É possível observar que Aubin Gauthier não escreveu um Tratado para mostrar apenas os resultados de suas pesquisas, experiências e opiniões pessoais. Além de relatá-las, procurava fundamentá-las em trabalhos anteriores de conceituados magnetizadores.

Ainda assim, àqueles que alegavam que, desta maneira seu Tratado seria apenas uma compilação, o obstinado Gauthier enfatizou: “uma compilação bem feita é uma obra útil e eu perguntaria se existe hoje uma obra que resuma com utilidade as opiniões, os princípios e os procedimentos que formam a ciência magnética? Certamente não; assim sendo, meu livro, considerado como compilação, seria sempre um progresso.”
Sem se preocupar em destacar o seu talento pessoal e priorizando o estudo amplo da ciência magnética, ele nos legou uma obra repleta de pesquisas minuciosas na qual o tema tão abrangente é abordado com rigor científico, prudência e bom senso, numa linguagem bastante objetiva. Por esta razão, tornou se digna de credibilidade e serve como consulta a quem queira se dedicar ao estudo do Magnetismo.

Mesmo prestando este relevante serviço, Gauthier já registrava no prefácio do livro: “ignoro a sorte que esta obra terá durante minha vida, numa época na qual os livros sérios são tão pouco lidos e num tempo em que o magnetismo ainda é negado por tantas pessoas, mas tenho a esperança de que ele permanecerá como uma obra útil e conscienciosa.”

Tal afirmação nos faz pensar: o que nós do século XXI poderíamos responder a um escritor do século XIX que já manifestava incerteza quanto ao destino de uma obra que, sem dúvida lhe exigiu imensa dedicação?

Sabemos que ainda hoje o magnetismo como agente curador continua sendo bastante
desconhecido e sua formas de ação permanecem ignoradas mesmo por aqueles que já trabalham com a fluidoterapia. Por isso salientamos que o magnetismo é um saber que precisa ser resgatado: resgatado do esquecimento, dos equívocos, da indiferença à qual foi relegado ao longo do tempo.

E para atender a esta finalidade o estudo de obra tão importante como o “Tratado Prático do Magnetismo e do Sonambulismo” é imprescindível. Mesmo que os livros sérios continuem sendo pouco lidos, nosso autor conseguiu atingir a nobre finalidade de que seu livro permanecesse como obra útil e conscienciosa. A Gauthier, os agradecimentos dos estudiosos do magnetismo!!.

JORNAL VORTICE - ANO II, N.º 02- JULHO/2009


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MAGNETISMO CLÁSSICO - Aubin Gauthier
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MAGNETISMO NA VIDA HUMANA
DA SENSIBILIDADE MAGNÉTICA
MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL SERÁ COISA MÁGICA OU MARAVILHOSA?
O MAGNETISMO E O ESPIRITISMO COMPARADOS.
O MAGNETISMO NAS OBRAS DE CHICO XAVIER
O MAGNETISMO SEGUNDO LÉON DENIS
ILUSTRES PIONEIROS MARQUÊS DE PUYSÉGUR E O SÁBIO DELEUZE.
RIVAIL E O MAGNETISMO
MAGNETISMO E HIPNOTISMO
DE QUE FORMA O MAGNETISMO PODE AUXILIAR EM CASOS DE OBSESSÃO?
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
CONHECER E ESTUDAR O MAGNETISMO
MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
MAGNETISMO NO NOVO TESTAMENTO
A FILOSOFIA DO MAGNETISMO 2
A FILOSOFIA DO MAGNETISMO
DA EXTREMA SENSIBILIDADE DAS CRIANÇAS À AÇÃO DO MAGNETISMO E DE
SEU PRONTO RESTABELECIMENTO
PERÍODO MAGNÉTICO
MAGNETISMO CLÁSSICO (Jornal do Magnetismo critica o Espiritismo)
PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte I)
PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte Final)
EMPREGO OFICIAL DO MAGNETISMO ANIMAL - A DOENÇA DO REI DA SUÉCIA
PASSES E MAGNETISMO
CURA DE UMA FRATURA PELA MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
QUAIS OS LIMITES QUE SE PODE ALCANÇAR ATRAVÉS DO MAGNETISMO?
O TATO MAGNÉTICO E A FICHA DE ATENDIMENTO
DA DURAÇÃO DO TRATAMENTO MAGNÉTICO CAPÍTULO X
ENSAIO TEÓRICO DAS CURAS INSTANTÂNEAS
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