terça-feira, 11 de dezembro de 2012

COMO PODEMOS INTERPRETAR A FRASE DE JESUS: "A tua fé te curou"?


JACOB MELO responde

Coisa desagradável é tirar pirulito da boca de criança. Mas nem sempre só isso o é. Entretanto, quantas vezes passamos anos e anos na vida com verdadeiros bombons deliciando nosso paladar e, um dia, descobrimos um diabetes ou alguma gordurinha localizada a nos pedir reflexão acerca daquilo que é tão doce, tão delicioso! Não é que o docinho mude de sabor, mas a forma como nos relacionaremos com ele precisa mudar.
Muitas vezes, verdades evangélicas e morais são assimiladas de forma tão singela que chegam a não pedir maiores reflexões, principalmente quando favorecem às acomodações. Todavia, quando precisamos de verdades mais eloquentes em nosso íntimo percebemos ser necessário repensar, revalorizar o que temos acrisolado.
Sempre ouvimos que “a tua fé te curou” e, pensando bem, quase nunca nos damos conta de que esta frase não tem aí seu ponto final. Costuma ser acrescida de “e não tornes a pecar, para que não te suceda algo pior”.
É meio parecido com bula de remédios que diz como e para que serve aquilo, ao tempo em que previne das reações adversas e contra-indicações.
E a maior semelhança está exatamente no fato de buscarmos saber para que serve e costumarmos dar pouca atenção aos riscos envolvidos. Mas, por que será que Jesus usou tanto essa exclamação?
Seguramente, ele estava dizendo que a cura é um processo que tem seu disparo inicial dentro de quem quer ser ou precisa ser curado. E ele disse isso de outra forma também: “conhecerás a verdade e esta te libertará”. Libertará do quê? Será que eu sabendo de uma coisa estarei livre dela? Se alguém fuma e sabe dos perigos daí advindos, simplesmente estará livre do fumo ou de seus efeitos só por conhecer os malefícios associados? Dá para se perceber que o entendimento disso tudo não é apenas um chupar de balinhas, mas de processar tudo o que lhe é decorrente e consequente.
Lógico que alguém já pode disparar: e quem está em coma? E quem não acredita? E quem não quer?
Não tem vezes que a cura os atinge igualmente enquanto que outros que querem e fazem por onde atingir a cura, não parece que ela deles foge desbragadamente?
A fé é sentimento íntimo, inato e que se desenvolve com o avanço intelecto-moral do ser humano.
Intelecto-moral porque se fundamenta nos sentimentos mais íntimos e profundos do ser e vai se robustecendo à medida em que a confrontação com a razão amplia-lhe a base. Significa dizer que essa fé não se liga necessariamente a uma crença ou doutrina em particular e sim à maneira com que se lida com o plausível e o impalpável, o real e o imaginável, o denso e o sutil. Assim há quem verbalize não ter fé, porem, no modo de vida, expresse exatamente o oposto; de igual forma ocorre o reverso.

É de se destacar o caso da mulher hemorroíssa (Matheus, 9, 20-22) que apenas tocou a veste de Jesus e se curou. Ele disse a ela que foi a fé que agiu, mas fica a questão: por que será que a fé não atuou desde o momento em que se instalou em seu coração, mas apenas quando ela Lhe tocou as vestes? Este é um caso por demais significativo. A fé funcionou ou fez funcionar uma atração fluídica surpreendentemente eficaz, mas, ainda aí, foi necessário um toque, um quê de detalhe adicional para que a manifestação material se desse. Ou seja: a fé a curou sim, mas não a fé da crença ou de uma espera inativa e sim a fé que levou-a a mover-se até a fonte, até o “campo energético” por excelência que a curaria.
Por fim, quando Jesus assevera que se tivermos uma fé do tamanho de um grão de mostarda, ao tempo em que sinaliza que ainda estamos com uma fé absurdamente pequena em nossas almas, Ele nos conclama a uma percepção mais rica e profunda desse sentimento. A fé verdadeira pede movimento, ação, retirada de obstáculos, empenho, esforços constantes e vitórias. É assim que a doce fé do simples crer que é e será deverá ser substituída pela fé da ação, da perseverança, da busca, da luta, do mergulho interior levando-nos grandiosos para o exterior.
A nossa fé nos curará sim. Mas precisaremos ir além de comer docinhos. Precisamos nos alimentar de vida para a Vida nos presentear com as curas reais.
  
Jornal Vórtice ANO II, n.º 10, março/2010


Leitura Recomendada;
A  AURA E OS CHACRAS NO ESPIRITISMO                                              (NOVO)
AS PAIXÕES: UMA BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA E ESPÍRITA [1]          (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE II                                           (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE I                                            (NOVO)
ORGULHO                                                                                                     (NOVO)
SOBRE A EDUCAÇÃO1                                                                                (NOVO)
ESCOLA FUNDADA NO MONT-JURA                                                         (NOVO)
DA INVEJA                                                                                                     (NOVO)  
HUMILDADE - Termos traduzidos do francês                                                (NOVO)  
AS PIRÂMIDES DO EGITO E O MUNDO ESPIRITUAL                                (NOVO)  
LITERATURA MEDIÚNICA                                                                            (NOVO)
A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO                                        
CARTA DE ALLAN KARDEC AO PRÍNCIPE G.
A CIÊNCIA EM KARDEC
O QUE PENSA O ESPIRITISMO
ESPIRITISMO E FILOSOFIA
O PROBLEMA DO DESTINO
PIONEIRISMO E OPOSIÇÃO DA IGREJA
ESPIRITISMO Ou será científico ou não subsistirá
ESTUDO SEQUENCIAL OU SISTEMATIZADO?
CEM ANOS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA
DIMENSÕES ESPIRITUAIS DO CENTRO ESPÍRITA
O ESPIRITISMO E A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
PRIMEIRO LIVRO DE ALLAN KARDEC TRADUZIDO PARA O BRASIL
O SEGREDO DE ALLAN KARDEC
A DIMENSÃO ESPIRITUAL E A SAÚDE DA ALMA
O ASPECTO FILOSÓFICO DA DOUTRINA ESPÍRITA
O SILÊNCIO DO SERVIDOR
TALISMÃS, FITINHAS DO “SENHOR DO BONFIM” E OUTROS AMULETOS NUM CONCISO COMENTÁRIO ESPÍRITA
“CURANDEIROS ENDEUSADOS”, CIRURGIÕES DO ALÉM – SOB OS NARCÓTICOS INSENSATOS DO COMÉRCIO
DILÚVIO DE LIVROS “ESPÍRITAS” DELIRANTES
TRATAR OU NÃO TRATAR: EIS A QUESTÃO
ATRAÇÃO SEXUAL, MAGNETISMO, HOMOSSESUALIDADE E PRECONCEITO
RECORDANDO A VIAGEM ESPÍRITA DE ALLAN KARDEC, EM 1862
OS FRUTOS DO ESPIRITISMO
FALTA DE MERECIMENTO OU DE ESTUDO?
FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
EURÍPIDES E HÉCUBA
O HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO
FONTE DE PERFEIÇÃO
MESMERISMO E ESPIRITISMO
VIVÊNCIAS EVOLUTIVAS DE ALLAN KARDEC
AS MESAS GIRANTES
RESGUARDEMOS KARDEC
REFLEXÃO SOBRE O LIVRE-ARBÍTRIO
AUTO DE FÉ DE BARCELONA
ACERCA DA AURA HUMANA

OS MILAGRES DO EVANGELHO CURAS


PALAVRAS do Codificador

A GÊNESE, CAP. XV, OS MILAGRES DO EVANGELHO CURAS

Perda de sangue
10.  Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia; ― que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira ― como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. ― No mesmo instante o fluxo sangüíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade.
Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? ― Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? ― Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara.

A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. ― Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade. (S. Marcos, 5:25 a 34.)
11.  Estas palavras:  conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram a ação que acabara de produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos.

Bastou a irradiação fluídica normal para realizar a cura.
Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
É bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos.
Razão, pois, tinha Jesus para dizer: Tua fé te salvou. Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude mística, qual a entendem muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também, se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes uma causa muito natural. (Cap. XIV, nos 31, 32 e 33.)
  
Jornal Vórtice ANO II, n.º 11, abril/2010


Leitura Recomendada;

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte I)

Desde antes da Antiguidade Clássica, conhece o homem encarnado a energia que emana e permeia os seres vivos; cada cultura a ela se referiu por termos próprios (ki ou chi no Japão, por exemplo) e a utilizou por métodos particulares, quase sempre incorrendo a utilização das mãos para a interação desta energia entre doadores - aqueles que doavam as energias - e receptores - aqueles que recebiam as energias. Diante do conhecimento recebido da Doutrina Espírita, torna-se fácil imaginar que por meios mediúnicos diretos ou indiretos, tal método terapêutico foi revelado nalguma comunidade ancestral, talvez do oriente próximo, espalhando-se com as migrações para as outras regiões do globo.

Heinrich Cornelius Agrippa

Apesar do que há  acerca disto nas culturas orientais, não é deste que iremos tratar aqui, mas da tradição histórica ocidental acerca do conhecimento e emprego desta energia. Para agilizar os estudos, torna se confortável salientar o contexto de um tempo pela figura mais eminente que nele havia. Desta forma, pode-se destacar inicialmente o vulto de Agrippa (Heinrich Cornelius Agrippa Von Nettesheim. Encarnou em Colônia em 1486 e desencarnou em Grenoble em 1535). Era médico, filósofo, alquimista e cabalista cristão. Descendente de nobre família alemã de Nettesheim, Agrippa tornou-se doutor em Leis e Física; escreveu o livro Filosofia das Artes Ocultas, obra em três volumes, que o pós na mira da Santa Inquisição. Seus conceitos refletiam certas idéias dos filósofos da época, como a crença de que os elementos constitutivos do universo possuíam uma alma ou espírito. Também acreditava na relação e dependência de tais elementos: “O mundo é triplo, isto é, elementar, sideral e espiritual. Tudo que está mais básico é governado pelo que está mais alto e recebe dai a sua força. Assim, o arquiteto do Universo deixa o poder de sua onipotência fluir através do mineral, das plantas, dos animais e, dai para o homem...”.
Paracelso

Em seguida, podemos encontrar historicamente aquele que tornou-se o detentor direto de seu legado, o afamado Paracelso (do grego Para, acima, alem + Celso – Aulus Cornelius Celsus, médico e erudito grego (30a.C. - 38 d.C.); escreveu De Arte Médica, quadro preciso da medicina antiga e daquela praticada em seu tempo). Paracelso ou Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus Von Hohenheim encarnou em Einsiedein em 1493 e desencarnou em Salzburgo em 1541.
Alquimista suíço. Cursou a Universidade da Basileia e após partiu em viagem de 20 anos pela Europa e Ásia. Teria estudado ciências herméticas com Johames Trithemius, teólogo e ocultista alemão e tido aulas com Slomon Trismosin, alquimista autor da obra Splendor Sollis. Segundo Jean Baptiste Van Helmont, Paracelso teria sido iniciado nos segredos herméticos e alquímicos por um colégio de sábios de Constantinopla. Ele é mais lembrado hoje por ser o precursor da moderna quimioterapia, mais do que por seus estudos do magnetismo humano. Contudo, sua importância nesse sentido é inconteste, haja vista ter sido ele o formulador do vocábulo magnetismo. Para Paracelso, o magnetismo é a vida universal - tudo estaria vivo em graus diferentes e esta vida (magnetismo) presente em rochas, animais e plantas poderia ser transferida para o homem. Assim como seus contemporâneos, ele via o homem como “imãs animados”, e sua terapêutica compreendia o corpo humano como microcosmo refletindo o macrocosmo - o homem como espelho da totalidade. Para ele a ciência tinha a impostergável missão de libertar o homem dos males que o afligem.

Franz Anton Mesmer

Embora figuras-chave em seu tempo, Agrippa e Paracelso, não foram os únicos a se dedicar ao estudo do magnetismo animal, mas certamente os que mais se destacaram, tanto pelo volume de seu intelecto quanto pelas obras que deixaram. Homem semelhante surgiria apenas trezentos anos mais tarde, e este foi Franz Anton Mesmer, encarnado em Iznang, Sonabe em 1734 e desencarnado em Meersburg em 1815. Médico alemão, após mudar-se para Paris, ainda jovem redescobriu o magnetismo animal e adotou-o como remédio para todas as enfermidades. Seus pacientes eram, via de regra, mulheres neuróticas, algumas desequilibradas mentais e outras obsedadas; o tratamento fazia os pacientes caírem em convulsões acompanhadas de gritos, lágrimas, soluços e gargalhadas descontroladas, seguidas de prostração e estupor. Essas crises nervosas, desencadeadas pelos métodos pouco ortodoxos de Mesmer, levavam a cura. O mesmerismo correspondeu de imediato às idéias racionais do iluminismo francês da época, de tal conta que não era incomum referirem-se a ele como a “epidemia que ganhou toda a França’. O mesmerismo era discutido nas academias, salões e cafés, era investigado pela polícia, protegido pela rainha, ridicularizado no palco, satirizado em canções e caricaturas, praticado em sociedades secretas e divulgado em livros e folhetos. A despeito desta enorme popularidade, Mesmer escreveu: “O magnetismo ocupa todas as mentes. As pessoas estão aturdidas com seus prodígios, e se se permite ainda duvidar dos efeitos, não se ousa negar pelo menos a sua existência. O grande objeto das conversas da capital é sempre o magnetismo animal”. Mesmer sintetizou sua teoria do magnetismo animal em 27 proposições que publicou no final de sua obra Memoire sur la Découvert du Magnétisme Animal (Genebra, 1779), e as principais dentre elas podem ser assim resumidas: Há uma influência entre os corpos e os seres existentes; o meio pelo qual essa influência se propaga é um fluido universal sutil, contínuo e presente em toda criação; esse fluido sensibiliza a substância de que é composto os nervos do corpo físico afetando-o de imediato; o corpo do homem apresenta, à semelhança do imã, pólos opostos que podem ser manipulados direta e/ou indiretamente por esse fluido, cabendo-lhe portanto o termo de magnetismo animal; essa descoberta pode esclarecer e auxiliar nos estudos das ciências físicas como também causar a cura imediata de uma infinidade de doenças.
Marques de Puysègur

Mesmer possuía um discípulo que foi além nas experimentações e descobriu uma nova espécie de mesmerismo, este foi o Marques de Puysègur, ou A. M. J. Castenet, encarnado em Paris em 1751 e desencarnado em Buzancy em 1825. Pesquisador de fenômenos psíquicos, militar e filantropo, apaixonou-se pelas teorias do fluido magnético de Mesmer, descobrindo o que denominou Sonambulismo Magnético (ou Sonambulismo Mesmérico), o que veio a ser conhecido mais tarde como Hipnose. Puysègur seria o primeiro a reconhecer, durante o sonho hipnótico, autênticos fenômenos supranormais, tais como a telepatia, a autoscopia, o diagnóstico e a prescrição de uma terapêutica em estado sonambúlico e a comunicação com espíritos.
Barão Du Potet

Quando a Revolução Francesa tomou a Europa, o mesmerismo foi quase esquecido e o frenesi das ultimas décadas do século XVIII apagou-se quase por completo. Nas primeiras décadas do século XIX, contava ainda o magnetismo animal com praticantes, estudiosos e centenas de obras publicadas que esmiuçavam os fenômenos e as curas cada vez mais extraordinárias que se operavam. Não tardou, contudo, para que os detratores lançassem um contra-ataque que pôs em xeque a própria crença em sua existência. O Barão Du Potet - devido a pouca documentação disponível crê-se ter encarnado na França no ano de 1796 - então, em colaboração com médicos de destaque operou curas maravilhosas em duas ocasiões, o que trouxe nova luz ao magnetismo animal.
Estas apresentações despertaram o interesse de médicos ilustres, entre eles o famoso, à  época, Dr. Foissac que solicitou, em 1826, a Faculdade de Medicina da França, novos exames dos fenômenos. Junto de outros ilustres facultativos, formou-se uma comissão cujo relatório conclusivo só foi entregue a Faculdade em 1831, ou seja, cinco anos de muitos estudos após.
O Dr. Foissac escreveu de forma concludente no relatório:”Considerando o magnetismo como agente de fenômenos fisiológicos ou como elemento terapêutico, é
nossa opinião que deveria entrar no quadro do ensino da medicina e ser empregado, exclusivamente, por médicos ou, sob sua orientação, por especialistas comprovados.”
De forma que esta opinião se encontrava contrária as convicções pré-concebidas da direção da Faculdade de Medicina, este lhes mandou em prepotente resposta: “Não duvidamos da boa fé dos comissionados; contudo cremos que foram vitimas de várias habilidades...”. Tal reação gerou descrédito na Faculdade de Medicina da França e na Academia de Ciências de Paris, que comungava com tal opinião acerca do magnetismo animal.
Du Potet, contudo, não deixou-se intimidar e juntamente com médicos ilustres que acreditavam no magnetismo animal, prosseguiu com os experimentos e curas. Ao tomar posse do Instituto de Cultura de Paris, ele proferiu entusiástico discurso onde se podem destacar os seguintes trechos: “(...)Todos vós recordais, certamente, da grande querela que se promoveu em 1778, quando Mesmer chegou a Paris e enunciou ao mundo o seu sistema.
A maior parte dos sábios da época tomou parte no litígio; as Academias de Ciências e de Medicina receberam o encargo de examinar o que Mesmer pretendia ter descoberto e de informar ao governo e ao mundo sobre as aplicações do mesmerismo ao tratamento das doenças: Bailly, Lavoisier, Franklin, Jusieu e outros sábios ilustres tomaram, a seu cargo, esta missão; e a que resultado chegaram? Vós conheceis, senhores, o juízo que esta comissão emitiu sobre o magnetismo animal. Examinou primeiro o sistema de Mesmer, em todos os seus detalhes, e achando-o pouco sólido, argumentou contra ele. Esses argumentos ficaram, porém, sem réplica e, desde então o sistema de Mesmer se foi desmoronando pouco a pouco.(...) Com o tempo, tornou, porém, a reaparecer a verdade entre nós e a França viu-se, pela segunda vez agitada de norte a sul pelo magnetismo animal. Por essa altura - É certo - o entusiasmo não foi tamanho; mas foi, em compensação, muito mais ponderado e científico. (...) Apesar de tudo isso, a maioria dos sábios, certamente receando as condenações do passado, permaneceram indiferentes à eloquência dos fatos. Atidos a opinião dos seus antepassados, limitaram-se a servir-se dela como de um escudo de aço e procederam assim porque se tratava de uma arma forjada por homens notáveis, por homens de reputação verdadeiramente universal. Mas, senhores, que pode a autoridade dos homens contra a realidade dos fatos? (...) Eu não duvido, senhores, que vós acolheríeis a verdade logo que ela se vos apresente claramente demonstrada; (...) Vou explicar-me com maior clareza: se os numerosos fenômenos de que fui investigador e testemunha durante longo tempo não me enganaram, eles devem proporcionar a prova incontroversa de que o nosso cérebro pode dispor de uma força que ainda não foi dimensionada e que, dirigida pela vontade sobre um individuo organizado como nós, pode produzir na sua organização fenômenos que não se manifestam senão quando a causa se põe em jogo e cessam tão depressa como ela deixa de agir. (...) Se justifico o que afirmo e vós comprovais o que demonstro, abriremos um novo caminho aos observadores e acharemos explicação natural de numerosos fenômenos que já não se podem negar, mas que se consideram, não se sabe porque, como produto de causas inteiramente acidentais.(...) Este exame não exige de vós, senhores, nem o abandono de vossas crenças, nem a renúncia de nenhuma de vossas opiniões nem o sacrifício da vossa razão; não exige outra coisa que não seja um migalinho de tempo e um pouco de boa-vontade. Podereis recusar-me o que vos peço?”
O convite do Barão Du Potet dividiu a opinião dos acadêmicos gerando uma das maiores discussões científicas de que se tem registro no século XIX. Amainados os ânimos, uma erudita comissão investigadora foi formada, dando origem a um relatório admirável que alicerçava cientificamente o magnetismo animal e, certamente por isto foi, talvez criminosamente, mantido secreto. Três meses de espera mais tarde, o Barão fatigou-se e foi atender aos inumeráveis pedidos para lecionar em diversas cidades francesas.
Ainda na primeira metade do século XIX, muitos foram os pesquisadores que deram continuidade ao legado de Du Potet e seus predecessores; estudiosos como Aubin Gauthier, Dr. J. W. Teste, La Fontaine, Alphonse Cahagnet - este último, de cuja obra intitulada Magia Magnética encontra-se o seguinte: “Escolher uma nuvem bem isolada das outras, antes perpendicular do que oblíqua ao operador, e de diâmetro de um a dois metros.
Coloca-se contra a direção que segue ou acioná-la neste sentido. Fixar esta nuvem, juntar as mãos com as pontas dos dedos voltadas para o centro ou seus limites, conforme o ponto que se quer atacá-la. Concentrar fortemente o pensamento sobre esta ação, desejando dissolver a nuvem, dividi-la, fazê-la dispersar-se. Fazer essa experiência em pleno campo e não em lugar próximo a edifícios. Três ou cinco minutos bastam para levar a operação a termo.” - Cahagnet é considerado um dos precursores do magnetismo espiritualista devido aos experimentos realizados com a médium Adeile Maginot, que notavelmente anteciparam os estudos de Allan Kardec.
Barão Karl Von Reichenbach

Em 1854, o Barão Karl Von Reichenbach (encarnado em 1788, desencarnado em 1869), químico famoso, descobridor do creosoto e da parafina pôs-se a pesquisar as pessoas que se afirmavam possuidoras de poderes psíquicos.
Dez anos mais tarde, seus estudos resultaram na obra Pesquisa Sobre Magnetismo, Eletricidade, Luz, Cristalização e Sua Relação Com a Força Vital, onde afirma ter descoberto a Força Ódica, ou apenas ODILE. O ODILE, afirma, é uma propriedade universal da matéria; os homens são recipientes de ODILE e são iluminados por essa força em especial na fronte. A Força Ódica é polarizada em positivo e negativo, sendo o primeiro capaz de criar uma luminosidade azul e o segundo uma luminosidade amarela-avermelhada.
Desacreditado e ridicularizado em seu tempo, Reichenbach encontraria o respeito apenas cerca de cem anos após sua morte, com o início dos estudos da aura humana e dos campos vitais. Diante das perspectivas abertas por ele, o químico norte-americano George Starr tornou-se o introdutor moderno da cultura cosmo-elétrica em seu país, afirmando ser capaz de aumentar e acelerar o crescimento de plantas, flores, frutas e alimentos de origem vegetal através de um método de energização, que retornaria em benefícios ao ser humano.
Posteriormente, o Dr. L. E. Herman, cientista inglês, afirmou após estudos da energia curativa da natureza que esta é polarizada, como afirmara o Barão Reichenbach, sustentando ainda que o pólo direito do corpo é positivo, e o esquerdo é negativo. Ele conseguiu manipular tal energia segurando objetos nas mãos como a fechar um circuito, o que, aplicado as pessoas, desencadeava relaxamento.
Allan Kardec

No mesmo ano a que o Barão Reichenbach dera início a seus estudos, o professor francês Hippolyte Leon Denizard Rivail - vulgo Allan Kardec (encarnado em 3 de outubro de 1804, desencarnado em 31 de março de 1869), pedagogo ilustre punha-se a estudar os segredos do magnetismo, que conhecia desde 1820. Em 1858 escreveu que o magnetismo preparou o caminho da Doutrina Espírita e, o rápido progresso desta se fez graças à vulgarização das idéias da primeira. Dos fatos e fenômenos magnéticos as manifestações espíritas há apenas um passo. Acerca do magnetismo, Kardec concluiu que: o corpo e o perispírito (envoltório semimaterial do espírito) são transformações do fluido universal; estando este fluido condensado no perispírito pode reparar o corpo; o agente desencadeador é a vontade do espírito encarnado ou desencarnado que infiltra num corpo deteriorado ou enfermo parte de seu envoltório fluídico; a cura depende da pureza deste fluido e da força de vontade do agente emissor (espírito); os efeitos da ação fluídica são variados, podendo esta ação ser lenta e continua ou mesmo rápida, ou ainda instantânea, como se dera com Jesus; a ação magnética pode se produzir de três modos principais: 1º pelo próprio fluido do magnetizador (este é o magnetismo aplicado em seu modo primitivo, como o entendiam a época de Mesmer); 2º pelo fluido do espírito desencarnado, sem concurso de um magnetizador encarnado; 3º pela ação conjunta do espírito desencarnado e do magnetizador encarnado. Kardec acrescentou ainda que a faculdade de curar por influência fluídica é comum e pode ser desenvolvida por exercício, o que veio desmistificar o magnetismo como habilidade milagrosa de poucos eleitos.
Continua.....
Apostila: O Magnetismo Animal Seus Precursores e Fenômenos Correlatos
Associação Jauense de Estudos Espíritas
Fonte; http://www.batuiranet.com.br/

Leitura Recomendada;

EM QUE PRINCÍPIOS SE FUNDAMENTA O TATO MAGNÉTICO? COMO DESENVOLVÊ-LO?   (NOVO)
DIÁLOGO ENTRE UM PASSISTA E UM MAGNETIZADOR                        (NOVO)
MAGNETISMO E HOMEOPATIA, PRECURSORES DO ESPIRITISMO
PRELIMINAR DE TODO TRATAMENTO MAGNÉTICO
AOS AMIGOS DO MAGNETISMO - REFORMA, PROGRESSO, FUTURO!
MAGNETISMO CLÁSSICO - Aubin Gauthier
O QUE É, QUAIS OS RISCOS E COMO REGULARIZAR UMA SITUAÇÃO DE FADIGA FLUÍDICA?
CAMPO MAGNÉTICO
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
BREVE HISTÓRICO SOBRE MAGNETISMO
DE QUE FORMA O MAGNETISMO PODE AUXILIAR NOS CASOS DE OBSESSÃO
OS BANQUETES MAGNÉTICOS
PERÍODO MAGNÉTICO
MAGNETISMO E ESPIRITISMO
MAGNETISMO NA VIDA HUMANA
DA SENSIBILIDADE MAGNÉTICA
MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL SERÁ COISA MÁGICA OU MARAVILHOSA?
O MAGNETISMO E O ESPIRITISMO COMPARADOS.
O MAGNETISMO NAS OBRAS DE CHICO XAVIER
O MAGNETISMO SEGUNDO LÉON DENIS
ILUSTRES PIONEIROS MARQUÊS DE PUYSÉGUR E O SÁBIO DELEUZE.
RIVAIL E O MAGNETISMO
MAGNETISMO E HIPNOTISMO
DE QUE FORMA O MAGNETISMO PODE AUXILIAR EM CASOS DE OBSESSÃO?
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
CONHECER E ESTUDAR O MAGNETISMO
MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
MAGNETISMO NO NOVO TESTAMENTO
A FILOSOFIA DO MAGNETISMO 2
A FILOSOFIA DO MAGNETISMO
DA EXTREMA SENSIBILIDADE DAS CRIANÇAS À AÇÃO DO MAGNETISMO E DE
SEU PRONTO RESTABELECIMENTO
PERÍODO MAGNÉTICO
MAGNETISMO CLÁSSICO (Jornal do Magnetismo critica o Espiritismo)
PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte Final)
EMPREGO OFICIAL DO MAGNETISMO ANIMAL - A DOENÇA DO REI DA SUÉCIA
PASSES E MAGNETISMO
MAGNETISMO,UM SABER A SER RESGATADO
CURA DE UMA FRATURA PELA MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
QUAIS OS LIMITES QUE SE PODE ALCANÇAR ATRAVÉS DO MAGNETISMO?
O TATO MAGNÉTICO E A FICHA DE ATENDIMENTO
DA DURAÇÃO DO TRATAMENTO MAGNÉTICO CAPÍTULO X
ENSAIO TEÓRICO DAS CURAS INSTANTÂNEAS
TEORIAS E PROCEDIMENTO DO MAGNETISMO
O QUE FAZ COM QUE UM TRATAMENTO MAGNÉTICO SEJA MAIS OU MENOS LONGO?
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2013/03/o-que-faz-com-que-um-tratamento.html