sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

PASSES E MAGNETISMO


Antes de mais nada, é importante estabelecermos a diferença entre magnetismo e hipnotismo. Historicamente, o magnetismo data da antigüidade, do antigo Egito, da Grécia antiga, fazendo parte das relações sacerdotais com o povo e os fiéis que buscavam o contato com seres capazes de intermediar a cura divina.

O termo magnetismo já era usado no século XVII por Van Helmont. Era conhecido como "magnetismo animal", mas ganhou foro de doutrina somente com o austríaco Franz Anton Mesmer, que, através de suas memórias impressas, estabeleceu 27 proposições acerca do fenômeno. Ele dizia que os astros agiam sobre nós, outros astros e corpos animados, sendo que esta influência tinha um agente, que era o fluido cósmico universal. Os corpos gozavam de propriedades análogas às do ímã, podendo ser transmitidas para outros corpos animados ou inanimados. Afirmava ainda que a doença era um desequilíbrio deste magnetismo corporal.

Já o termo hipnotismo foi criado pelo médico inglês Braid, depois de ver algumas sessões com o magnetizador La Fontaine. Ele dizia ter descoberto a causa da magnetização de um corpo sobre outro, que era a sugestão do magnetizador ao agir sobre os centros nervosos. Com isso, ele quis dar ares de ciência à questão, batizando o fenômeno com um novo nome.
Devemos olhar o magnetismo sempre tendo em mente um fim importante para sua utilidade e, por sermos espíritas, utilizarmos esta força juntamente com os espíritos. Por certo, agindo como médium, teremos nossas disposições fluídicas melhoradas pelos espíritos trabalhadores do bem. Portanto, façamos uma "auto-hipnose" todos os dias, com idéias otimistas fortalecidas por tudo aquilo que já aprendemos com a doutrina espírita. Desse modo, estaremos sempre com as mãos no serviço do bem, não tendo tempo para acomodar as "sugestões do mal" em nós.

Franz Anton Mesmer, conhecido como o "pai do mesmerismo", ainda é considerado como cientista e inovador por uns e como charlatão por outros. Qual a sua opinião?
Mário Coelho – Vejo Mesmer da mesma forma que qualquer homem implantador de idéias. Ele trouxe as bases para que entendêssemos o magnetismo, muito embora tenha sido taxado de charlatão em algumas de suas demonstrações. Muitos dos erros de Mesmer não foram equívocos da doutrina que trazia, mas da própria ânsia de querer provar a realidade de seus estudos para aqueles que o pressionavam tenazmente. Acho que tudo foi fruto da própria época, do desejo de crer por parte de alguns e de combater por parte de outros.

Segundo Mesmer, a doença é o magnetismo desequilibrado. Sendo assim, a hipnose pode ajudar a reequilibrar o corpo? De que maneira?
Mário Coelho – O hipnotismo com finalidade médica ajuda o equilíbrio da mente no sentido de sugestionar o doente a tirar de dentro dele algumas idéias fixas que são substratos da doença. Porém, fazemos isso mesmo sem conhecermos hipnotismo. Quando temos uma dor e começamos a criar idéias otimistas sobre ela ou procuramos entender sua causa, isto é uma auto-sugestão para redimensionarmos nossa dor. Por exemplo: é mais fácil para um espírita aceitar a dor da morte de um ente querido do que um não-espírita, mas a perda não é a mesma para ambos? No entanto, com conhecimento, o espírita redimensiona sua dor, tornando-a menor. Ele aceita porque entendeu e se preparou para tal. No fundo, é um trabalho junto à própria mente e, porque não dizer, ao próprio espírito.

O magnetismo pode ser confundido com transe mediúnico? A pessoa hipnotizada está sempre acompanhada por alguma entidade?
Mário Coelho – Há pessoas que se auto-hipnotizam inconscientemente e entenda-se essa hipnose no sentido de fortificar em si uma idéia fixa. Desse modo, vemos pessoas com crise emocional simulando inconscientemente uma incorporação mediúnica. Primeiro, ela tem a crise com uma pseudo perda da consciência, ao ponto das pessoas que não conhecem profundamente o tema acharem que ela estava caída no chão por ação de espíritos. Depois, muitas vezes, a pessoa sai desse transe como se tivesse mesmo desincorporando. São sutilezas que aqueles que têm contato com pessoas sofridas no centro espírita encontram vez por outra.

O magnetismo tem poder de cura?
Mário Coelho – Sim, o próprio Allan Kardec nos fala isso na Revista Espírita e nas obras da codificação. Antes de ver fenômenos espíritas, ele estudou magnetismo durante 30 anos. Em A Gênese, Kardec afirma que nem sempre é possivel se dizer quando a pessoa foi magnetizadora pura e simples. Ou seja, imbuído pelo desejo de ajudar, o magnetizador sempre será auxiliado por um bom espírito, daí ele passa a atuar como médium.

O passe magnético deve ser aplicado aos doentes em hospitais?
Mário Coelho – Em muitos países, os magnetizadores e até mesmo os médiuns são cadastrados como agentes de saúde. Muitos centros espíritas fazem o serviço de visita aos enfermos que queiram, que tenham idéias espíritas ou aceitam as mesmas. Mas isso é um serviço previamente preparado, no qual o médium não vai para magnetizar, mas para fazer um auxílio apoiado nos espíritos. Se já temos consciência espírita, não há motivos para sairmos dando passes como magnetizadores sem um planejamento.

Uma pessoa que vai magnetizar outra pode, de alguma maneira, vir a prejudicá-la?
Mário Coelho – Caso não tenha conhecimento das técnicas de magnetismo ou mesmo dos próprios mecanismos das doenças, pode prejudicar sim. Certa vez, um médium passista amigo meu, ao ver a filha com um leve ataque de asma brônquica, decidiu agir como magnetizador e passou a jogar fluido no tórax da criança, só que ela começou a piorar instantaneamente. Por que isso aconteceu? A asma, por si só, já é uma doença hiper reativa e, ao irradiar fluidos, meu amigo só aumentou ainda mais a reatividade dos brônquios. Na verdade, ele deveria ter dado os passes para dispersar os fluidos do corpo da filha.

O magnetismo é algo inerente ao ser humano?
Mário Coelho – Sim, todo ser humano é portador de magnetismo, já que este nada mais é do que uma transformação de nosso fluido vital. Sendo assim, teoricamente, todos podemos magnetizar. Sem querer, agimos da mesma maneira que os magnetizadores do passado, que também utilizavam o passe de sopro para aliviar dores.

 Este artigo foi publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 17



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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O PODER DO PENSAMENTO


Pensamento e Inércia

Por Carlos Bernardo Loureiro

Após a morte de Helena P. Blavatsky, em 1891, os discípulos de C. W. Leadbeater e Annie Besant deram a lume o livro "Thughtforms" (Formas Pensamento), lançado no Brasil pela Editora Pensamento. As pesquisas dos dois teosofistas partiram dos trabalhos do Dr. Hippolyte Baraduc, na expectativa de confirmar, como realmente confirmaram, as informações colhidas através da vidência. Os pensamentos-emoções, irradiados por uma pessoa manifestam-se em determinadas formas e cores. Observou-se que o conteúdo moral dos pensamentos determinadas formas. Ódio, amor, felicidade, agressividade, medo, frustração, cada sentimento produzia imagem distinta, específica. Leadbeater e Annie Besant concluíram que as pesquisas que se realizavam poderiam revolucionar a Ciência que, finalmente, poderia envolver-se no estudo sobre os fenômenos psíquicos. Mas, a Ciência jamais se interessou por esse tipo de pesquisa, salvo isoladas investigações (algumas notáveis) a cargo de cientistas do porte de T. Fukurai, o francês Comandante Darget e o alemão Barão Albert S. Notzing, os dois últimos notáveis experimentadores no campo da ectoplasmia. Por volta de 1910, o Dr. Fukurai realizou uma série de experiências com um grupo de médiuns. Solicitava que transferissem símbolos e signos da escrita japonesa para uma chapa fotográfica, usando tão somente a força do pensamento. O método do Dr. Fukurai antecipava, em anos, o que seria utilizado com o sensitivo americano Ted Sérios.
Considerava-se, assim, o pensamento como uma forma de energia, que conseguia imprimir nas chapas fotográficas, diretamente, imagens e signos. O êxito dessas revolucionárias experiências não conseguiu, porém, sensibilizar os setores ortodoxos da Ciência oficial. Houve, até, acerba reação ao trabalho do Dr. Fukurai, por parte de seus colegas da Universidade Imperial de Tóquio. A ignorância, o preconceito, o espírito de sistema, a velha e perniciosa inveja sempre se constituíram obstáculos aos avanços científicos. Na atualidade, o estudo dos fenômenos psíquicos, promovidos pelos encarnados (vivos) e desencarnados ( mortos? ), tem avançado consideravelmente. Criaram, até, em Laboratório o termo PSI, retirado da letra grega de igual nome, por Thouless e Wiesner, para designar qualquer espécie de conhecimento que se não coaduna com as leis científicas usuais. Estabeleceram uma divisão:

PSI-GAMA (ou Mentais)
PSI-KAPA (os Físicos)

Em 1969, dezembro, a "American Association for the Advancement of Science" aceitou a filiação da "Parapsychological Association". O fato representa o coroamento de longa e penosa luta desde os tempos gloriosos das pesquisas psíquicas. Tem-se como provada a realidade dos fenômenos de telepatia, da clarividência, da precognição e da psicocinesia. Mas, deve-se fazer justiça ao Mestre Allan Kardec: ele foi o responsável direto e consciencioso de todo o processo de investigação em torno do homem e da alma, a partir do momento em que lançou, em Paris, "O Livro dos Espíritos", a 18 de abril de 1857.

Héctor Durville (1848-1923), continuador da obra do magnetizador Barão Du Potet, realizou extraordinárias experiências sobre o desdobramento espiritual. Escreveu uma obra clássica a respeito do magnetismo, de parceria com Paul C. Jagot. Certa ocasião, uma médium levada, por Héctor Durville ao estado sonambúlico descreveu o seguinte:
O paciente pensa, o médium lê.
"Não posso ouvir a sua voz, mas "vejo" seus pensamentos como espécies de raios de luz saindo de seu cérebro; eles emanam de sua própria alma; nós, almas livres, conseguimos ver com incrível facilidade as vibrações que a alma emite, através do organismo físico, ao pensar."

Eis por qual motivo almas mais adiantadas podem ler nossos pensamentos, a eles reagindo conforme o teor de que os mesmos se revestem. Em escala menor, é claro, pode-se identificar o fenômeno da Natureza. Cleve Backster, pioneiro da moderna pesquisa sobre o comportamento dos vegetais, admite que eles possuem, ainda que a nível primário, um tipo de percepção cujo mecanismo é uma incógnita. Após uma série de demoradas experiências, Cleve Backster (com o seu Polígrafo) começou a ter acesso ao fantástico universo emocional das plantas. Constatou que uma planta doméstica às vezes escolhe uma pessoa que se encontra na sala e começa a produzir no Polígrafo um padrão gráfico que reproduz, à perfeição, as batidas cardíacas da pessoa tomada como modelo. As plantas "sabem" quando devem encenar um "desmaio" estratégico. Quando um cientista canadense visitou Backster, para observar as suas experiências, as plantas não se manifestaram. Enquanto o pesquisador estrangeiro permaneceu no ambiente, as plantas não se prontificaram a cooperar, percebendo que algo determinara o "procedimento"das plantas, perguntou ao canadense se seus trabalhos, de algum modo, envolviam violências contra plantas. A resposta deixou-o espantado. - "sim, eu as levo ao forno, a fim de obter o seu peso seco para análise". Pouco tempo depois da partida do visitante, as plantas retornaram as suas surpreendentes manifestações...

O tema é sobretudo fascinante e perturbador. Admitindo-se que as revelações de Leadbeater e Annie Besant não se sustentem na ilusão, devendo ser tratadas como autênticos fenômenos, deve-se concluir que as formas-pensamento que ambos viram são compostas de uma matéria sutil, capazes de se movimentar. Vejamos o que esses expoentes da Teosofia informam a respeito: "Se os pensamentos de alguém estão concentrados em outra pessoa, a forma criada por tais pensamentos estão concentrados no próprio emitente, então eles ficam circulando à sua volta, sempre prontos a influenciá-lo." Eles finalizam: "O homem viaja pela vida dentro de um invólucro de pensamentos que ele mesmo cria".
Alguns cientistas, ao longo de suas pesquisas, perceberam que existe uma inquestionável relação entre o pensamento e a matéria. O físico Niels Bohr chegou a afirmar que "se quisermos interpretar corretamente a mecânica dos "quantas", suas experiências, e seus paradoxos, temos de aceitar o pensamento como uma ação puramente física".
Einstein, por sua vez, admite que "Do conceito de que a matéria é um fantasma eletrônico, até a idéia de que o pensar ; e uma imagem-pensamento que se materializa, não existe um grande passo".
Há algum tempo, o Físico Marcel Vogel, da Califórnia, realizou experiências utilizando-se métodos espectográficos, destinados a medir uma seqüência de pensamentos concentrados, e expressar os resultados graficamente. Voguel publicou os resultados de suas notáveis e revolucionárias experiências em 1973.

Vem-se observando, pois, que os fenômenos antes estudados e praticados pelo Ocultismo, constituem objeto das preocupações dos grandes cientistas, que não medem esforços para penetrar-lhes a natureza íntima de seus mecanismos. Na verdade, o que antes andava no terreno da superstição é matéria de laboratório. Afinal de contas, a fenomenologia espiritual tem a sua gênese na própria Lei Natural. E o pensamento é, nada mais nada menos, que a expressão do Ser espiritual quer esteja vivenciando uma existência corpórea ou incorpórea. Ambos, como afirmou Allan Kardec, têm condições de provocar idênticos fenômenos dependendo das circunstâncias ambientais.

Publicado no Correio Fraterno do ABC, novembro de 2001


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MAGNETISMO E ESPIRITISMO


Essa afirmação de Kardec não se restringe apenas ao magnetismo consistente nos corpos celestes, mas se estende ao magnetismo nas suas mais variadas configurações e que está presente em todas partículas com as quais se constituem o micro e o macro Universo. É através desse fluido elétrico que os seres pensantes se atraem ou se repelem e se influenciam mutuamente segundo seus pensamentos, suas emoções e seus sentimentos.
Na pergunta 388, de O livro dos Espíritos, Kardec indaga: “Os encontros, que costumam dar-se, de algumas pessoas e que comumente se atribuem ao acaso, não serão efeito de uma certa relação de simpatia?” E obteve a seguinte resposta: “Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor”.
Esta resposta dos espíritos coloca o magnetismo como piloto dessa ciência. Quer dizer, está no comando dos acontecimentos e é ele que atua para que haja tal encontro. Ou seja, quando necessitamos compartilhar de uma convivência com alguém, nosso encontro se dará infalivelmente, pois seremos atraídos mutuamente por força de uma imantação magnética que liga os nossos destinos para uma convivência em comum.
Essa imantação é construída através das nossas ações praticadas durante nossas vidas sucessivas segundo as quais não só nos imantamos às pessoas, mas também aos acontecimentos que irão compor o roteiro das nossas provações e resgates enquanto encarnados neste mundo de expiação e prova.
É através do magnetismo cósmico ou fluido universal que nos imantamos e nos submetemos às leis naturais e divinas que nos impulsionam na direção das nossas necessidades evolutivas, situando-nos exatamente onde merecemos estar e com quem devemos estar segundo as leis de causa e efeito.
Em O Livro dos Espíritos, no capítulo da Intervenção dos Espíritos, os espíritos afirmam:“O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, revela a realidade das coisas e suas verdadeiras causas”.
Realmente, o estudo do Espiritismo sem uma compreensão maior do magnetismo fica incompleto, pois o Espiritismo nos revela a natureza espiritual do ser humano e nos esclarece sobre as leis naturais e divinas às quais todos os seres estão submetidos, e o magnetismo por sua vez nos revela o meio por onde essas leis se cumprem.
Assim como tudo se origina de uma transformação do fluido universal, o magnetismo ou fluido magnético também é uma modificação do fluido universal e não difere do fluido vital revelado pelos espíritos e que está presente em todos os corpos orgânicos.
No capítulo intitulado Do Princípio Vital, de O Livro dos Espíritos, os espíritos fazem uma analogia interessante: “Um aparelho elétrico, como todos os corpos da Natureza, contém eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos, porém, não se produzem senão quando o fluido elétrico é posto em atividade por uma causa especial. Poder-se-ia então dizer que o aparelho está vivo. Vindo a cessar a causa da atividade, cessa o fenômeno: o aparelho volta ao estado de inércia.”
“Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade causa a morte. A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por assim dizer saturados desse fluido, enquanto os outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de certo modo, superabundante. A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm. O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.”
O progresso no estudo do eletromagnetismo, ocorrido principalmente no século XIX, provocou uma mudança a respeito dos conceitos da Ciência sobre a energia.
Segundo as teorias quânticas, a troca de energia a distância se produz em conseqüência das ondas eletromagnéticas, que viajam no espaço à velocidade da luz. Tais ondas, constituídas por fótons, atuam sobre as partículas do meio e dos corpos.
Os apontamentos dos espíritos e o estudo da física quântica nos induzem a uma compreensão ampliada do que consiste o fluido universal e nos dá uma idéia da importância do magnetismo e da sua função no contexto das relações entre os mundos e entres os seres, o qual podemos defini-lo como o veículo condutor dos pensamentos e da vontade do Criador e de todos os seres pensantes.
Na parte 2, cap. IX de O Livro dos Espíritos, os espíritos afirmam: “...o fluido universal entrelaça todos os mundos, tornando-os solidários; veículo imenso da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o da transmissão do som.”
Se, segundo a ciência, as ondas eletromagnéticas atuam sobre as partículas do meio e dos corpos e, considerando que hoje o pensamento é reconhecido como pulsos eletromagnéticos, torna-se clara a força incomensurável com que o pensamento atua sobre os corpos e partículas quando direcionado sob o impulso de uma vigorosa vontade ou desejo.
Ainda em O Livro dos Espíritos, pergunta 424:
“Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido?”
Resposta: “Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos”.
Segundo Franz Anton Mesmer (1733-1815), médico austríaco, todo ser vivo seria dotado de um fluido magnético capaz de se transmitir a outros indivíduos, estabelecendo-se, assim, influências psicossomáticas recíprocas, inclusive com fins terapêuticos.
Considerando o magnetismo como condutor da vontade e dos pensamentos dos seres pensantes atuando incessantemente sobre as partículas e os corpos, sua ação pode ser benéfica ou maléfica, dependendo da fonte que o irradia. Neste caso, a fonte geradora, ou seja, o ser pensante, pode ser comparado a uma usina de eletricidade e os seus pensamentos e sentimentos os transformadores que graduam e determinam sua potência e qualidade. Nada melhor para a comprovação dessa realidade do que os fatos observados e que são muito numerosos, registrando a ação magnética direcionada através dos pensamentos e dos sentimentos humanos.
Lembro-me quando eu contava apenas nove anos de idade e como sempre fazíamos, estava eu e minha mãe no portão de casa aguardando meu pai retornar do trabalho quando uma vizinha parou para conversar com minha mãe. Em determinado momento, ela voltou-se para a jardineira onde minha mãe cultivava suas plantas e, demonstrando uma certa indignação, afirmou:
– Dona Aurora! Que avenca linda! Por que a minha nunca ficou tão bonita?
Logo depois ela foi embora. Minha mãe, após alguns instantes, apontou para a avenca cujas folhas haviam se fechado como se estivessem murchando, e explicou-me:
– Viu meu filho, o que o pensamento de despeito e de inveja da nossa vizinha fez com a nossa plantinha? Guarde esta lição! Nunca use o seu pensamento para invejar ou odiar alguém. Da mesma forma que a planta se ressentiu do magnetismo negativo da nossa vizinha, as pessoas mais sensíveis também se ressentem e podem até adoecer. Mas, se você usar os seus pensamentos para ajudar, envolvendo-as com o seu amor, o teu magnetismo poderá até curá-las das suas enfermidades.
Dizendo isso, voltou-se para a planta e impôs suas mãos sobre ela e orou. Antes que o meu pai retornasse do trabalho, a avenca já havia se recuperado. Minha mãe passou-me esta lição com conhecimento de causa, pois durante toda sua vida aliviou e curou muita gente impondo suas mãos revestidas da generosidade e do amor que nos ensina o Espiritismo Cristão.
A avenca é uma das plantas mais sensíveis, por isso logo se ressentiu da carga magnética negativa que enfraqueceu o fluido vital que lhe garantia a vida. O mesmo ocorre com os animais, cujo efeito demora um pouco mais para se manifestar, mas se não socorrido este acabará morrendo.
No ano de 1970, eu morava em uma casa com um quintal muito grande. Como eu gosto de animais, passei a criar algumas galinhas, um casal de gansos e um peru. Certo dia eu estava muito feliz, pois a gansa havia chocado seus ovos trazendo à vida seis filhotes. Uma conhecida nossa, dona do armazém onde realizávamos nossas compras, ficou sabendo e quis ver os gansos, pois, segundo ela, eles não procriavam facilmente no cativeiro. Certo dia ela apareceu em casa e logo ao entrar no quintal demonstrou ser uma apaixonada pela criação de gansos e revelou-me que possuía três casais que nunca haviam procriado. Percebi no seu olhar e semblante uma certa indignação. Ficou algum tempo olhando para os gansos admirando-os e elogiando a beleza de todas as aves do meu quintal, logo depois se despediu e partiu.
No dia seguinte da sua visita, as galinhas não desceram do poleiro para se alimentarem e ali ficaram defecando fezes líquidas até que acabaram morrendo. No terceiro dia foi o galo que, à semelhança das galinhas, permaneceu no poleiro até a morte. No quarto dia morreram os gansos, entretanto, o peru continuou vivo, mas apresentava sinais de que também morreria, pos já não descia do poleiro e não se alimentava. Foi quando conversando com minha mãe chegamos à conclusão de aquela mulher poderia estar por trás daquelas mortes, pois nenhum remédio veterinário conseguira curá-los. Foi então que resolvemos tentar salvar o peru magnetizando-o. Qual não foi a nossa surpresa quando depois de algumas horas após atuarmos sobre ele, apresentava uma visível revitalização recuperando-se completamente ao final do dia.
A ação magnética negativa emitida pela mulher enfraqueceu o fluido vital dos animais, levando-os à morte em uma sinistra seqüência: primeiramente morreram os mais fracos, no caso as galinhas; depois o galo, e mais tarde, os gansos. Porém, o peru, por apresentar uma constituição física mais forte, conseguiu resistir mais tempo até que pudéssemos socorrê-lo.
A ação magnética que direcionamos sobre o peru operou no sentido inverso e repôs o fluido vital enfraquecido pelo magnetismo maléfico da mulher.
Quando observamos os relatos acima onde ambas as mulheres, com um simples olhar, alteraram as condições físicas da planta e dos animais, fica claro para nós que a ação magnética não depende de gestos manuais e nem de técnicas. O magnetismo não é captado, é próprio do indivíduo. A simples presença de uma pessoa dotada de bons sentimentos pode causar uma influência magnética benéfica nas pessoas a sua volta, da mesma forma que uma pessoa dotada de maus sentimentos pode causar uma influência maléfica.
O espírito reencarnado através do magnetismo que irradia a sua volta revela sua índole e grava o seu perfil mental nos seus objetos de uso pessoal e no ambiente onde vive, impregnando-os com o seu psiquismo.
Certa vez, quando eu administrava a construção de um prédio industrial na capital do estado de São Paulo, ocorreu um fato que ilustra bem esse fenômeno de impregnação psíquica magnética nos objetos de uso pessoal. Um dos meus funcionários, o encarregado da obra, foi acometido de um mal estranho. Todo dia chegava no canteiro da obra sentindo-se bem, mas assim que começava a trabalhar, passava a sofrer de cólicas intestinais violentas sendo obrigado a retornar para casa, porém, assim que deixava a obra, sentia-se muito bem novamente. Isso se repetiu durantes três dias. No quarto dia conversávamos enquanto ele se trocava no barraco da obra e observando-o, fui intuído de que o problema estava na roupa que usava para trabalhar, então perguntei a ele a origem da roupa e ele afirmou que a calça e a cinta que ele usava ganhara de uma vizinha e que era a roupa do seu marido que há pouco tempo havia desencarnado de câncer intestinal. Diante dessa afirmação, a qual confirmava a minha intuição, eu atuei com o meu magnetismo sobre as calças e a cinta. A partir daquele dia não mais sentiu as cólicas que o importunavam.
É evidente que a calça e a cinta do recém-desencarnado ainda se mantinham impregnadas do seu psiquismo de dor e de sofrimento que havia precedido à sua passagem para o mundo dos espíritos, cuja atuação magnética alterava a estabilidade das moléculas situadas na região gástrico intestinal do meu funcionário provocando dores semelhantes as que havia sofrido.
Aqui fizemos um pálido estudo sobre o magnetismo, pois seria impossível em um espaço diminuto de uma matéria se aprofundar mais num assunto tão empolgante e esclarecedor, porém, tenho a certeza que foi o suficiente para compreendermos a profunda visão de Kardec quando afirmou que ninguém imagina que no brinquedo dos patinhos imantados está o segredo do mecanismo do Universo e da marcha dos mundos.

Nelson Moraes
Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 46.
http://www.rcespiritismo.com.br/index.php?


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CONSIDERAÇÕES DO BARÃO DU POTET



"O homem que admite apenas o que seus olhos vêem tem uma visão bem curta. Aquele que não reconhece a visão do espírito se parece a um homem que, vendo um livro fechado, não o abre, não faz nenhum esforço em saber o que ele diz, nem em adivinhar seu conteúdo, mas afirma com segurança: não há nada escrito.”
“Tudo é pesado, regulado na marcha dos astros e em tudo na natureza. Onde nós acreditamos ver a confusão, existe a ordem; onde percebemos o acaso, há algo regulado e que deve aparecer.
Nossa razão é tão frágil, tão limitada que ela apreende apenas as aparências e acredita, entretanto, apreender a verdade. Nós julgamos a partir de nossos sentidos, sentidos mais ou menos obtusos os quais, mesmo quando são desenvolvidos e perfeitos, nos enganam ainda.”
“Os novos fenômenos nos mostram que nossa alma pode perceber sem os órgãos dos sentidos e que, mergulhados no mais profundo sono, podemos tomar conhecimento de lugares distantes de nós, ver o que aí se passa e indicá-lo claramente. A alma humana verá em seu corpo, seu domicílio, os movimentos próprios a uma máquina, descreverá suas engrenagens e, melhor que um Esculápio, verá o que é preciso fazer para reparar as desordens!”
“Fatos aquém da compreensão humana são anunciados; eles vêm confundir nossa razão e os filósofos se calam. Os videntes podem ver os mortos há dezenas de anos, quando aqueles lhes eram desconhecidos, descrever seus modos, seus hábitos, as doenças que lhes causaram a morte.
Estes fenômenos, perfeitamente constatados, não encontram entre os eruditos um homem que procure explicá-los, um homem que deseje vê-los e produzí-los! Eles escondem de nosso olhos a ação da Providência.”
“A ciência verdadeira logo estará em todas as famílias, não iremos mais às escolas de medicina procurar as idéias sistemáticas de nossos ilustres professores sobre a doença e a saúde, sobre a arte de curá-las, enfim. Não, daremos, ao contrário, lições práticas da nova arte aos professores antigos e lhes mostraremos como curar as doenças sem remédios.”
“A verdade tem este privilégio: destruir o erro. Ela é como o sol que vence as sombras e faz cessar a noite. O vapor, a eletricidade, o magnetismo humano, eis os campeões revolucionários do nosso tempo, a base física e moral na nova sociedade, a força material, a força moral, o agente da vida como o princípio de medicina, o que revela a alma como a lei religiosa.
Alguém poderá rir destas afirmações, da fé que temos. Não importa. Os homens que predisseram os maiores acontecimentos não foram acreditados por ninguém, mas foram justificados pelos fatos.
Quem não teria tratado por louco o homem que tivesse anunciado, há um século, as transformações surgidas nas artes industriais e nas ciências físicas pela aplicação das forças mortas descobertas.
O Magnetismo, força viva, não só é real, mas superior em virtude a todos estes agentes; ele logo será conhecido por todos, mas restará converter os sábios. Eles serão os últimos a entrar na via do progresso.”
“Eu não posso ver se aproximar de mim um ser humano sem considerá-lo atentamente. Experimento o que ele deve experimentar em si mesmo, um tremor misterioso, pois não é nem calor nem frio que eu sinto, é um efeito diferente.
Procuro curiosamente o que se esconde na carne e o que causa esta sensação nova. Quando eu magnetizo alguém em minhas experiências públicas, meu entendimento, meu olhar intelectual procuram penetrar profundamente através da couraça do magnetizado para ir buscar sem dúvida um dos habitantes deste lugar e provocá-lo para um tipo de combate. É preciso, feliz ou infelizmente, que ele venha, que ele apareça na brecha feita, que eu o veja, ou antes, que eu lhe sinta, que o examine mentalmente. Se ele é frágil, meu interrogatório é doce e tranquilo; se ele é forte, sou imperioso e veemente e é sem linguagem falada que estes fatos acontecem ou antes, é a língua dos espíritos, linguagem que existia quando da criação dos seres e que a substituímos depois pelos sons ruidosos produzidos por um grande número de órgãos, sons a cada um dos quais nós demos um valor de convenção.
Mais de uma vez esta linguagem muda me tornou adivinho, feiticeiro, mágico, tudo que você quiser. Os magnetizadores tentaram dar uma explicação dizendo: comunicação de pensamentos.”

*Comentários extraídos do Jornal do Magnetismo, 1857

BREVE HISTÓRICO SOBRE MAGNETISMO


Adilton Pugliese

 Identificar as origens da terapia espírita conhecida como passes é realizar longa viagem aos tempos imemoriais, aos horizontes primitivos da pré-história, porquanto essa técnica de cura está presente em toda a história do homem. "Desde essa época remota, o homem e os animais já conviviam com o acidente e com a doença. Pesquisas destacam que os dinossauros eram afetados' por tumores na sua estrutura óssea; no homem do período paleolítico e da era neolítica há evidência de tuberculose da espinha e de crises epilépticas".

"Herculano Pires diz que o passe nasceu nas civilizações antigas, como um ritual das crenças primitivas. A agilidade das mãos sugeria a existência de poderes misteriosos, praticamente comprovados pelas ações cotidianas da fricção que acalmava a dor. As bênçãos foram as primeiras manifestações típicas dos passes. O selvagem não teorizava, mas experimentava, instintivamente, e aprendia a fazer e a desfazer as ações, com o poder das mãos".

No Antigo Testamento, em II Reis, encontramos a expectativa de Naamá: "pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia de pé, invocaria o nome do Senhor seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra, e restauraria o leproso".

Na Caldéia e na Índia, os magos e brâmanes, respectivamente, curavam pela aplicação do olhar, estimulando a letargia e o sono. No Egito, no templo da deusa Isis, as multidões aí acorriam, procurando o alívio dos sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos.

Dos egípcios, os gregos aprenderam a arte de curar. O historiador Heródoto destaca, em suas obras, os santuários que existiam nessa época para a realização das fricções magnéticas.

Em Roma, a saúde era recuperada através de operações magnéticas. Galeno, um dos pais da medicina moderna, devia sua experiência na supressão de certas doenças de seus pacientes à inspiração que recebia durante o sono. Hipócrates também vivenciou esses momentos transcendentais, bem como outros nomes famosos, como Avicena, Paracelso...

Baixos relevos descobertos na Caldéia e no Egito, apresentam sacerdotes e crentes em atitudes que sugerem a prática da hipnose nos templos antigos, com finalidades certamente terapêuticas.

"Com o passar dos tempos, curandeiros, bruxas, mágicos, faquires e, até mesmo, reis (Eduardo, O Confessor; Olavo, Santo Rei da Noruega e vários outros) utilizavam os toques reais".

Depreendemos, a partir desses breves registros, que a arte de curar através da influência magnética era prática normal desde os tempos antigos, sobretudo no tempo de Jesus, quando os seus seguidores exercitavam a técnica da cura fluídica através das mãos. Em o Novo Testamento vamos encontrar o momento histórico do próprio Mestre em ação: E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da lepra. "Os processos energéticos utilizados pelo Grande Mestre da Galiléia são ainda uma incógnita. O talita kume! ecoando através dos séculos, causa espanto e admiração. A uma ordem do Mestre, levanta-se a menina dada como morta, pranteada por parentes e amigos".

Todos esses fatos longínquos pertencem ao período anterior a Franz Anton Mesmer, nascido a 23.05.1733 em Weil, Áustria. Educado em colégio religioso, estudou Filosofia, Teologia, Direito e Medicina, dedicando-se também à Astrologia.

"No século XVIII, Mesmer, após estudar a cura mineral magnética do astrônomo jesuíta Maximiliano Hell, professor da Universidade de Viena, bem como os trabalhos de cura magnética de J.J. Gassner, divulgou uma série de técnicas relativas à utilização do magnetismo humano, instrumentalizado pela imposição das mãos. Tais estudos levaram-no a elaborar a sua tese de doutorado - De Planetarium Inflexu, em 1766 - de cujos princípios jamais se afastou. Mais tarde, assumiram destaque as experiências do Barão de Reichenbach e do Coronel Alberto de Rochas".

Mesmer admitia a existência de uma força magnética que se manifestava através da atuação de um "fluido universalmente distribuído, que se insinuava na substância dos nervos e dava, ao corpo humano, propriedades análogas ao do imã. Esse fluido, sob controle, poderia ser usado como finalidade terapêutica".

Grande foi a repercussão da Doutrina de Mesmer, desde a publicação, em 1779, das suas proposições: A memória sobre a descoberta do Magnetismo Animal, passando, em seguida, a ser alvo de hostilidades e, em face das surpreendentes experiências práticas de terapia, conseguindo curas consideráveis, na época vistas como maravilhosas, transformar-se em tema de discussões e estudos.

"Em breve, formaram-se dois campos: os que negavam obstinadamente todos os fatos, e os que, pelo contrário, admitiam-nos com fé cega, levada, algumas vezes até à exageração".

Enquanto a Faculdade de Medicina de Paris "proibia qualquer médico declarar-se partidário do Magnetismo Animal, sob pena de ser excluído do quadro dos doutores da época", um movimento favorável às idéias de Mesmer levava à formação das Sociedades Magnéticas, sob a denominação de Sociedades de Harmonia, que tinham por fim o tratamento das moléstias.

Em França, por toda a parte, curava-se pelo novo método. "Nunca, diria Du Potet, a medicina ordinária ofereceu ao público o exemplo de tantas garantias", em face dos relatórios confirmando as curas, que eram impressos e distribuídos em grande quantidade para esclarecimento do povo.

Como destacamos, o Magnetismo era tema principal de observação e estudos, sendo designadas Comissões para estudar a realidade das técnicas mesmerianas, atraindo a atenção de leigos e sábios. Em 1831, a Academia de Ciências de Paris, reestudando os fenômenos, reconhece os fluidos magnéticos como realidade científica. Em 1837, porém, retrata-se da decisão anterior, e nega a existência dos fluidos.


Deduz-se que essa atitude dos relatores teria sido provocada pela forma adotada pelos magnetizadores para tornar popular a novel Doutrina: explorando o que se chamou A Magia do Magnetismo, utilizando pacientes sonambúlicos, teatralizando a série de fenômenos que ocorriam durante as sessões, e as encenações ruidosas, que ficaram conhecidas como a Câmara das Crises ou O Inferno das Convulsões, tendo como destaque central a Tina de Mesmer - uma grande caixa redonda feita de carvalho, cheia de água, vidro moído e limalha de ferro, em torno da qual os doentes, em silêncio, davam-se as mãos, e apoiavam as hastes de ferro, que saiam pela tampa perfurada, sobre a parte do corpo que causava a dor. Todos eram rodeados por uma corda comprida que partia do reservatório, formando a corrente magnética.

Todo esse aparato, porém, não era apropriado para convencer os observadores do efeito eficaz e positivo das imposições e dos passes.

Ipso facto, as Comissões se inclinaram pela condenação do Magnetismo, considerando que as virtudes do tratamento ficavam ocultas, enquanto os processos empregados estimulavam desconfiança e descrédito.

Os seguidores de Mesmer, entretanto, continuaram a pesquisar e a experimentar.

"O Marquês de Puységur descobre, à custa de sugestões tranquilizadoras aos magnetizados; o estado sonambúlico do hipnotismo; seguem os seus passos Du Potet e Charles Lafontaine".

No sul da Alemanha, o padre Gassner leva os seus pacientes ao estado cataléptico, usando fórmulas e rituais, admitindo a influência espiritual.

Em 1841, um médico inglês, o Dr.James Braid, de Manchester, surpreendeu-se com a singularidade dos resultados produzidos pelo conhecido magnetizador Lafontaine, assistindo uma de suas sessões públicas, ao agir sobre os seus pacientes, fixando-lhes os olhos e segurando-lhes os polegares.

Braid, em seus trabalhos e escritos científicos, procurou explicar o estado psíquico especial, que era comum nos fenômenos ditos magnéticos, sonambúlicos e sugestivos. Em seus derradeiros trabalhos passou a admitir a hipótese de dois fenômenos de efeitos semelhantes: um hipnótico, normal, devido a causas conhecidas e um magnético, paranormal, a exemplo da visão a distância e a previsão do futuro.

Outros pesquisadores seguiram-no: Charcot, Janet, Myers, Ochorowicz, Binet, Alphonse Búe e outros.

Em 1875, Charles Richet, então ainda estudante, busca provar a autenticidade científica do estado hipnótico, que segundo ele, mais não era que um estado fisiológico normal, no qual a inteligência se encontrava, apenas, exaltada".

Antes, porém, em Paris, o Magnetismo também atrairá a atenção do pedagogo, homem de ciências, Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail. Consoante o Prof. Canuto Abreu, em sua célebre obra O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Rivail integrava o grupo de pesquisadores formado pelo Barão Du Potet (1796-1881), adepto de Mesmer, editor do Journal du Magnétisme e dirigente da Sociedade Mesmeriana. À página 139 dessa elucidativa obra, depreende-se que o Prof. Rivail freqüentava, até 1850, sessões sonambúlicas, onde buscava solução para os casos de enfermidades a ele confiados, embora se considerasse modesto magnetizador.

Os vínculos, do futuro Codificador da Doutrina Espírita, com o Magnetismo, ficam evidenciados nas suas anotações intimas, constantes de Obras Póstumas, relatando a sua iniciação no Espiritismo, quando em 1854 interessa-se pelas informações que lhe são transmitidas pelo magnetizador Fortier, sobre as mesas girantes, que lhe diz: "parece que já não são somente as pessoas que se podem magnetizar"..., sentindo-se à vontade nesse diálogo com o então pedagogista Rivail. São dois magnetizadores, ou passistas, que se encontram e abordam questões do seu íntimo e imediato interesse.

Mais tarde, ao escrever a edição de março de 1858 da Revista Espírita, quase um ano após o lançamento de O Livro dos Espíritos em 18.04.1857, Kardec destacaria: " O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo(...). Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas(...) sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem falar de outro". E conclui, no seu artigo: "Devíamos aos nossos leitores esta profissão de fé, que terminamos com uma justa homenagem aos homens de convicção que, enfrentando o ridículo, o sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se corajosamente à defesa de uma causa tão humanitária

É o depoimento inconteste do valor e da profunda importância da terapia através dos passes, e, mais tarde, em 1868, ao escrever a quinta e última obra da Codificação, A Gênese, abordaria ele a "momentosa questão das curas através da ação fluídica", destacando que todas as curas desse gênero são variedades do Magnetismo, diferindo apenas pela potência e rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: é o fluido que desempenha o papel de agente terapêutico, e o efeito está subordinado à sua qualidade e circunstâncias especiais.

Os passes têm percorrido um longo caminho desde as origens da humanidade, como prática terapêutica eficiente, e, modernamente, estão inseridos no universo das chamadas Terapêuticas Espiritualistas.

Tem sido exitosa, em muitos casos, a sua aplicação no tratamento das perturbações mentais e de origem patológica. Praticado, estudado, observado sob variáveis nomenclaturas, a exemplo de magnoterapia, fluidoterapia, bioenergia, imposição das mãos, tratamento magnético, transfusão de energia-psi, o passe vem notabilizando a sua qualidade terapêutica, destacando-se seus desdobramentos em Passe Espiritual (energias dos Espíritos), Passe Magnético (energias do médium) e Passe Mediúnico (energias dos Espíritos e do médium), constituindo-se, na atualidade, em excelente terapia praticada largamente nas Instituições Espíritas.

Amparado por um suporte científico, graças, sobretudo, às experiências da Kirliangrafia ou efeito Kirlian, de que se têm ocupado investigadores da área da Parapsicologia, e às novas descobertas da Física no campo da energia, vem obtendo a aceitação e a prescrição de profissionais dos quadros da Medicina, sobretudo da psiquiátrica, confirmando a excelência do Espiritismo, que explica a etiologia das enfermidades mentais e oferece amplas possibilidades de cura desses distúrbios psíquicos, ampliando a ação terapêutica da Psicoterapia moderna.

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