terça-feira, 9 de setembro de 2014

BIOGRAFIA - FRANÇOIS FÉNELON (1651-1715)

Introdução

Fénelon nasceu (ou foi batizado) em 6 de agosto de 1651 no Chateau de Fénelon (Périgord - França) e desencarnou em Cambrai em 7 de janeiro de 1715. Sua família era da nobreza, ilustre nas armas e na diplomacia, mas empobrecida. Sendo um dos filhos menores, seguindo um costume da época, ele foi destinado para a carreira eclesiástica e diz-se que começou seus estudos no colégio dos Jesuitas em Cahors. Continuou os Estudos junto aos Jesuítas em Paris e manteve contatos com o seminário de Saint-Sulpice.


Na sua existência terrena foi um orador, escritor e prelado frânces de grande influência. É considerado um precursor do Iluminismo e na pedagogia propôs idéias que seriam desenvolvidas por Rosseau e Pestalozzi. Contemporâneo de Luis XIV (5 de setembro de 1658 - 1 de setembro de 1715), o "Rei Sol", viveu o apogeu do Antigo Regime frânces. Foi preceptor do filho mais novo do rei e herdeiro do trono, o Duque de Borgonha, que desencarnou em 1712 sem chegar a assumir o trono. Suas obras são reeditadas na França até nossos dias e continuam a ser estudadas nas escolas como veículos para compreender a antiguidade clássica, a moral e as regras da arte de escrever. Jacques Le Brun, apresentando o volume com as obras Completas de Fénelon, diz que há em seus textos uma elegância inimitável, uma discreta sensibilidade pela beleza e uma harmonia entre a herança cultural e o moderno.

Como espírito, fez parte do grupo que acompanhou Kardec na Codificação Espírita. Assinou juntamente com outros espíritos ilustres o "Prolegônemos" de "O Livro dos Espíritos" e mensagens suas foram publicadas nas obras básicas e na Revista Espírita
.

Fénelon se torna conhecido

Fénelon em muitos aspectos foi um homem de seu tempo, nascido em uma época e país onde a religião tinha uma importância para a vida das pessoas que é dificil de ser compreendida em nossos dias, foi Católico sincero. Mas defendeu o Catolicismo com eloquência, nunca com fanatismo, os sermões que restaram e os escritos que deixou mostram uma argumentação bem montada, sempre na busca do esclarecimento do ouvinte e nunca atacando-o. Neste aspecto pode-se dizer que destou de seus contemporâneos, pois enquanto governos e os povos ainda matavam pelas diferenças religiosas, a tolerância com os que tinham idéias diferentes da sua e a afabilidade com todos com que lidava foram traços marcantes de sua personalidade.

No século XVIII, antes da Revolução Francesa (1789), a Igreja era o único lugar onde a multidão podia ouvir grandes oradores. Existiam os sermões de quaresma, as grandes festas e os elogios fúnebres. O historiador Jacques Wilhelm (WILHELM, 1988) observa que enquanto as almas simples procuravam sobretudo as verdades da religião e uma exortação ao bem, as pessoas cultas buscavam também a perfeição da linguagem e a riqueza das idéias.


Fénelon, já no começo de sua carreira eclesiástica, chamou a atenção pela beleza e perfeição de seus sermões e foi nomeado em 1678 para diretor do "Institute des Nouvelles Catholiques" (Instituto dos Católicos Novos). Este instituição buscava reeducar na religião Católica as jovens de familias protestantes que haviam se convertido ao Catolicismo. Suas experiências pedagógicas o levaram a escrever em 1681 o livro "Traité de l'éducation des filles" (Tratado sobre a Educação de Meninas). Essa experiência lhe trouxe alguns problemas, pois a moderação com que tratava os protestantes e a recusa em impor aos convertidos práticas devocionacias exageradas ou desnecessárias,  provocou inimizades e acusações de simpatia pelo Jansenismo.

Em 1685 ele escreveu uma obra teológica em refutação ao Jansenismo. Esta corrente religiosa defendia posições diferentes das adotadas pelo Catolicismo na relação do "Livre Arbitrio" e da "Graça Divina" com a questão da salvação humana. O livro se chamava le "Traité de l'existence de Dieu et de la réfutation du système de Malebranche sur la nature et sur la Grâce" (Tratado sobre a existência de Deus e de refutação ao sistema de Malebranche sobre a Natureza e a Graça).


Neste ano ele também viajou algumas vezes em missão de pregação. Luis XIV foi o responsável por estas viagens. Ele revogou o Édito de Nantes promulgado pelo rei Henrique IV em 13 de abril de 1598 que reconhecia os direitos religiosos e políticos dos protestantes na França e, entre outras medidas para convertê-los ao Catolicismo, enviou oradores brilhantes em missões de pregação pelas provincias onde eles tinham grande representatividade.

A reação imediata ao fim da tolerância limitada garantida pelo Édito de Nantes foi a migração em massa dos Huguenotes (como eram chamados os Protestantes franceses) para outros países da Europa e para a América. Cerca de 300.000 deixaram a França nessa época. Cultos e laboriosos, sua saída trouxe consequências graves para a economia francesa e, em conjunto com as continuas guerras travadas contra outras potências européias, agravou a miséria no campo e nas cidades.

O Quietismo e a Corte

Em 1684 chegou na França uma nova querela teológica a partir de uma doutrina pregada por Madame Guyon (Jeanne Marie Bouvier de La Mothe-Guyon, 13 de abril de 1638 - 9 de junho de 1717). Extremamente piedosa, ela tinha visões desde os 5 anos de idade e expôs suas idéias em uma obra de 1684 intitulada "Moyen court et très facile pour l'oraison" (Meio rápido e simples para orar). Ela era adepta do "Quietismo", movimento iniciado pelo teólogo espanhol Miguel de Molinos (nasceu em 1628 e morreu em Roma, na prisão, em dezembro de 1696). O Quietismo era assim chamado porque valorizava o estado de quietude interior e confiança em Deus em detrimento das práticas exteriores e da liturgia. É muito semelhante com as idéias de Juan de La Cruz (1542-1591) e de Teresa de Jesus (1515-1582). O Quietismo foi condenado como heresia em 1687 pelo Papa Inocêncio XI (1676-1689) na bula "Coelestis Pastor".

Fénelon é apresentado a Madame de Maintenon, casada secretamente com Luis XIV, em 1688 e se torna seu conselheiro espiritual. É através de Madame de Maintenon que ele toma conhecimento das idéias de Madame Guyon, vindo a conhecê-la no inverno de 1688-1689. As idéias de Madame Guyon causam profunda impressão a Fénelon e durante os anos seguintes ele mantem correspondência com ela.

Em 1689 Fénelon é indicado para preceptor do herdeiro do trono, que estava então com sete anos de idade, e inicia nova etapa em sua vida. É uma fase fecunda, em que escreve suas principais obras literarias e em que exerce sua maior influência política e religiosa. Principalmente ele procurou formar moralmente o herdeiro real, orientando-o para que se tornasse um bom governante.


Em 1693 ele foi admitido na Acadêmia Francesa. Para a instrução de seu aluno real ele escreve a partir de 1694 "les Dialogues des Morts" (Os Dialogos dos Mortos), "les Fables" (as Fábulas) e os contos que compõe "Les Aventures de Télémaque, fils d'Ulysse" (As aventuras deTelemáco, filho de Ulisses). Esse período brilhante da vida de Fénelon atinge seu apogeu em 4 de fevereiro de 1695 quando ele foi nomeado Arcebispo da diocese de Cambrai.

Os problemas políticos e o Banimento

A situação de Fénelon começa a se reverter quando ele se opõe a Bousset - uma das principais vozes do episcopado francês no reinado de Luis XIV - na questão do Quietismo e escreve um texto em defesa de Madame Guyon, "Explication des maximes des saints sur la vie intérieure" (Explicação das máximas dos santos sobre a vida interior - 1697) que acaba sendo condenado pelo Papa Inocêncio XII. A pregação de Fénelon também começa a gerar inqueitação na corte e nos meios religiosos, sua defesa das idéias quietistas gera uma efervescência espiritual que é mal vista pela hierarquia da Igreja.

O Catolicismo era a religião de estado na França do Antigo Regime e os dois poderes, o civil e o eclesiástico exerciam um controle rigoroso das consciências. A Igreja prestava serviço ao poder político legitimando-o e apoiando a ordem estabelecida de todas as formas e, por outro lado, a monarquia a defendia, mantendo-lhe os privilégios e reprimindo com todo rigor quem se afastasse dela. Assim religião e a política estavam de tal forma ligadas no reinado de Luis XIV que Madame Guyon acabou sendo considerada inimiga do estado e presa em 1698. Por acreditar que era possivel ligar o ser humano a Deus diretamente, sem intermediação da Igreja, permaneceu 5 anos encarcerada na Bastilha e depois foi banida para Blois.

Como dito acima, Fénelon ao escrever a obra Telêmaco criou um verdadeiro programa de educação moral para seu aluno. O objetivo da obra era formar-lhe o caráter para que, ao assumir o trono, fosse um bom governante, sem fanatismos e preocupado com o bem estar do seu povo. O problema é que assim que em 1698 começaram a circular na corte as primeiras cópias do texto, Luis XIV a viu como uma critíca direta a seu comportamento e a sua política.


Em janeiro de 1699 Fénelon foi afastado de seu cargo de preceptor do herdeiro ao trono. Em maio de 1699, quando Telemáco é publicado, Fénelon é  banido da Corte. Aceitando com humildade o revés em sua situação retirou-se para sua diocese. A partir de então viveu uma vida regular e austera, ritmado pelas visitas as paroquias de sua diocese, as suas predicações e homilias aos seminaristas. Ao redor de Fénelon ficaram a familia e os amigos. Deu conselhos políticos aos que o procuraram nas crises por que passou a França nos últimos anos de Luis XIV, mas o rei não lhe permitiu jamais voltar a Paris e recusou todos os pedidos que lhe foram feitos neste sentido.

Desencarnou em 1715 deixando muitas obras - em geral sobre assuntos políticos, de educação e de religião - e a fama de homem de bem que persiste até nossos dias
.

Fénelon - Espírito
As mensagens de Fénelon, registradas nas obras básicas e na Revista Espírita, mostram que a formação moral do homem terrestre continua sendo o centro de suas atividades. É o educador e conselheiro, profundo conhecedor do ser humano, que com sua característica benevolência segue trabalhando  no plano espiritual. Transcrevemos abaixo a resposta de Fénelon à questão 917 do Livro dos Espíritos  (tradução de J. Herculano Pires, edição FEESP):
Qual é o meio de se destruir o egoísmo?
De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influência; suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais. O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, ele combate necessariamente o egoísmo.
É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é levado a ocupar-se de si mesmo mais que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá, assim, a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face do atual desdobramento do egoísmo é necessária uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade em proveito dos outros, que em geral não o reconhecem. É a esses, sobretudo, que possuem essa virtude, que está aberto o reino dos céus; a eles sobretudo está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será posto de lado e sofrerá no abandono. (Ver item 785).
FÉNELON
Bibliografia


ARNAULT e LANCELOT. Gramática de Port-Royal. Tradução de Bruno Fregni Bassetto e Henrique Graciano Muracho. São Paulo: Martins Fontes, 1992. (Este livro traz uma boa introdução sobre o Jansenismo).
FÉNELON. Oeuvres. Compilação e Introdução de Jacques Le Brun. França: Éditions Gallimard, 1983
FILHO. J. A. Índice Bio-Bibliográfico. In: Vol. XVIII da coleção das Obras Completas de Allan Kardec. São Paulo: EDICEL, 1976.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. In: GEAE. Disponível em: <http://www.geae.inf.br/pt/livros/le>. Tradução de J. Herculano Pires, publicada no site do GEAE com autorização da FEESP em 1995.
WIKIPEDIA. Fénelon. In: Wikipedia, the free encyclopedia. Disponível em: <http://fr.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9nelon>. Acesso em 28 de fevereiro de 2006.
WILHELM. J. Paris no Tempo do Rei Sol. Tradução Cassia R. da Silveira e Denise Moreno Pegorim. São Paulo: Companhia das Letras 1988.
 



PENSAMENTOS DE FÉNELON

O trecho seguinte foi dirigido a uma dama da corte que se queixava de estar sempre triste:
"Muitas vezes a tristeza vem de que, procurando a Deus, nós não temos o sentimento da sua presença. Querer sentir não é querer possuir: é uma espécie de amor próprio; queremos ter certeza de possuir, para só então sentir a consolação. A nossa natureza comum se impacienta de viver apenas da fé. Ela quer sair dessa situação, porque na verdadeira fé, parecem faltar os apoios; a alma fica como que no ar; ela gostaria de “sentir” que está progredindo. Gostaríamos, por amor próprio, de ter o prazer de nos vermos perfeitos; resmungamos porque isso ainda não é visível; ficamos impacientes, altivos, de mau humor contra os outros e contra nós mesmos. É um erro. Como se a obra de Deus pudesse concretizar-se pela nossa tristeza! Como se pudéssemos nos unir ao Deus da paz perdendo a paz interior... “Marta, Marta, você se preocupa com muitas coisas”, diz o Cristo, que acrescenta: “Só uma coisa é necessária”; e essa coisa é amá-lo e saber viver tranqüilamente a seus pés."
As cartas de direção espiritual que Fénelon escreveu são famosas; de uma delas extraiu-se o trecho seguinte:
"É certo, segundo a Escritura, que o espírito de Deus habita dentro de nós, que ali ele age, reza sem cessar, geme, deseja, pede o que nós mesmos não sabemos pedir, nos anima, nos impele, nos fala em silêncio, nos sugere toda a verdade, e nos une de tal modo a ele que nós nos tornamos um mesmo espírito com Deus. Eis o que a fé nos ensina; eis o que os doutores mais afastados da vida interior não podem deixar de reconhecer. Entretanto, apesar desses princípios, eles tendem sempre a supor, na prática, que a leiexterior, ou uma certa luz de doutrina e de raciocínio, nos ilumina interiormente, e que em seguida é a nossa razão que age por ela mesma a partir dessa instrução. Não contamos suficientemente com o mestre interior que é o Espírito Santo, e que faz tudo em nós. Ele é a alma da nossa alma: não poderíamos formar nem pensamento nem desejo a não ser por ele. Infelizmente, assim é a nossa cegueira: agimos como se estivéssemos sós nesse santuário interior; quando, bem ao contrário, Deus está ali mais intimamente do que nós mesmos".
O trecho seguinte chama-se “Fidelidade nas pequenas coisas”:
"Gostaríamos cem vezes mais de fazer a Deus alguns grandes sacrifícios, por dolorosos que fossem, com a condição de ganhar em seguida a liberdade de seguir nossos gostos e hábitos em todos os pequenos detalhes. E, no entanto, é pela fidelidade nas pequenas coisas que a graça do verdadeiro amor se apóia, e se distingue dos fervores passageiros".
"Deveríamos saber que Deus não considera tanto as nossas ações quanto o espírito de amor com que as praticamos. As pessoas julgam as nossas ações pelo exterior; mas para Deus, pouco importa o que brilha aos olhos dos homens. O que Ele quer é uma intenção pura, é uma vontade dócil em Suas mãos, é um sincero desprendimento de nós mesmos. Esse exercício pode ser praticado muito melhor nas coisas comuns do que nas extraordinárias — onde a tentação do orgulho é sempre muito grande".
"Tudo o que pedimos é morrer antes de sermos infiéis ao Senhor. Não nos dê a vida se formos amá-la demais".
"Muitas vezes nossos erros nos beneficiam mais do que nossos acertos. As façanhas enchem o coração de presunção perigosa; os erros obrigam o homem a recolher-se em si mesmo e devolvem-lhe aquela prudência de que os sucessos o privaram".
"Senhor, dê a nós, seus filhos, aquilo que não sabemos pedir. Não teríamos outro desejo a não ser cumprir Sua vontade. Ensina-nos a rezar, ora em nós".
"Meu Deus, resquarde-me da escravidão fatal que os homens insanamente chamam de liberdade. Apenas no Senhor está a liberdade. É a Sua verdade que nos liberta. Servir ao Senhor é a verdadeira conquista".
"Não basta mostrar a verdade, é preciso apresentá-la amavelmente".
"Já é saber muito quando se sabe que não se sabe nada".
"O mais livre de todos os homens é aquele que consegue ser livre na própria escravidão".
"Nenhum poder humano consegue forçar o impenetrável reduto da liberdade de um coração".
"Desconfiem dos sábios e dos grandes argumentadores. Eles esmorecem à volta dos problemas [...], a sua curiosidade é uma avareza espiritual que é insaciável. São como os conquistadores que destroem o mundo sem o possuir".
"Antes de buscarmos o perigo, torna-se indispensável prevê-lo e temê-lo; mas, quando estamos metidos nele, só nos resta desprezá-lo".
"Aquele pensa que sabe muito, mas não sabe de nada, e a sua ignorância é tanta que nem sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta".
"Aqueles que nunca sofreram não sabem nada; não conhecem nem os bens nem os males; ignoram os homens; ignoram-se a si próprios".
"Desejar o impossível é doença da alma".
"Se quereis formar juízo acerca de um homem, observai quem são os seus amigos".
"Reservando ao pintor a tarefa severa e controlável de começar os quadros, atribuímos ao espectador o papel vantajoso, cómodo e cómico de os acabar pela sua meditação ou pelo seu sonho".
"Só é digno de glória o coração capaz de suportar o desgosto e de desprezar os prazeres".
"A pátria de um porco encontra-se por toda a parte onde há bolotas".
"As injúrias são os argumentos daqueles que não têm razão".
"As almas belas são as únicas que sabem o que há de grande na bondade".
"Todos os homens procuram a paz da alma, mas não a procuram onde ela existe".
"Tão-somente o infortúnio pode converter um coração de pedra num coração humano".
"A avareza e a ambição mostram-se mais descontentes do que não têm, do que satisfeitas com o que possuem"
"Para que uma obra de arte seja realmente bela, é preciso que nela o autor se esqueça de si mesmo e me permita esquecê-lo".

"É indigno de um homem honesto servir-se dos restos de uma amizade que termina, para satisfazer um ódio que começa".

Fonte; http://coracaomistico.blogspot.com.br/2007/12/franois-fnelon.html


Leitura Recomendada;

BIOGRAFIA - CHICO XAVIER - Traços biográficos - Nascimento - Sua iniciação espírita   (NOVO)
BIOGRAFIA - ARTHUR CONAN DOYLE                                                        
BIOGRAFIA - LEOPOLDO MACHADO
BIOGRAFIA - LUIZ OLYMPIO TELLES DE MENEZES
BIOGRAFIA - DR. ADOLFO BEZERRA DE MENEZES
BIOGRAFIA - IRMÃS FOX
BIOGRAFIAS - ALGUNS VULTOS ESPÍRITAS DO BRASIL
BIOGRAFIA - ANÁLIA FRANCO                                            
BIOGRAFIA - CAÍRBAR DE SOUZA SCHUTEL
BIOGRAFIA - WILLIAM CROOKES
BIOGRAFIA - MARQUÊS DE PUYSÉGUR (1751-1825)
BIOGRAFIA - CHARLES LAFONTAINE
BIOGRAFIA - DEOLINDO AMORIM - O FILÓSOFO E DIDATA DO ESPIRITISMO
BIOGRAFIA - CESAR LOMBROSO CIENTISTA ESPIRITA
BIOGRAFIA - JOHN ELLIOTSON (1791 - 1868)
BIOGRAFIA - LOUIS ALPHONSE CAHAGNET
BIOGRAFIA - ERNESTO BOZZANO
BIOGRAFIA - CAMILLE FLAMMARION
BIOGRAFIA - LÉON DENIS
BIOGRAFIA - ALEXANDRE AKSAKOF - O GIGANTE DA LITERATURA ESPÍRITA
BIOGRAFIA - GABRIEL DELANNE
BIOGRAFIA - EURÍPEDES BARSANULFO: "HOMEM MAGNÉTICO"
BIOGRAFIA - O SÁBIO FRANÇOIS DELEUZE (1753 -1835)
BIOGRAFIA - BARÃO DU POTET (1796 – 1881)
BIOGRAFIA - MEIMEI (IRMA DE CASTRO ROCHA)
BIOGRAFIA - IRMÃ SCHEILLA
BIOGRAFIA - FRANCISCA JÚLIA SILVA POR CHICO XAVIER
BIOGRAFIA - A VIDA E A OBRA DE ALLAN KARDEC
BIOGRAFIA - AUTA DE SOUZA
BIOGRAFIA - MIRIAM - ESPÍRITO ALIMENTADO PELAS PROFECIAS DE ISRAEL
BIOGRAFIA - CESAR LOMBROSO
BIOGRAFIA - CARLOS JULIANO TORRES PASTORINO (1910 - 1980)
BIOGRAFIA - JOANNA DE ÂNGELIS
BIOGRAFIA - IRMÃO X
BIOGRAFIA - MADRE TERESA DE CÁLCUTA
BIOGRAFIA - MARIA DOLORES
BIOGRAFIA - CORINA NOVELINO
BIOGRAFIA - ZILDA GAMA
BIOGRAFIA - MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA
BIOGRAFIA - YVONNE DO AMARAL PEREIRA
BIOGRAFIA - A VIDA E A OBRA DE ALLAN KARDEC
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/09/a-vida-e-obra-de-allan-kardec.html

domingo, 7 de setembro de 2014

HUMILDADE – em Lachâtre

Termo do Nouveau Dictionnaire Universel1 , de Maurice Lachâtre, traduzido do francês pela Equipe do GEAK.

Humildade – s. f. (do lat. Humilitas, mesmo sentido; rad. Humilis, humble).

Virtude que reprime em nós o orgulho; disposição moral que nos lembra nossa fragilidade sem nos rebaixar; tendência de nosso coração e de nosso espírito para combater nossos sentimentos de vaidade. Grande humildade. Profunda humildade. Fazer atos de humildade. Praticar a humildade. Sofrer injúrias com humildade. Em muitos falsos devotos o orgulho é o princípio da humildade. A humildade à prova da grandeza é a principal obra da graça. (Bourdaloue) Nós nos limitaremos a dizer que a humildade é a modéstia da alma. (Voltaire) A humildade, enquanto virtude, é, por assim dizer, a perfeição da modéstia. A modéstia é uma marca de bom gosto e de bom senso, uma das graças da linguagem, da decência e da conduta. A humildade é menos exterior; em nosso coração e em nosso espírito é um ato de alta razão, que nos eleva tanto mais quanto mais nosso sentimento e nosso julgamento sobre nós mesmos forem mais ponderados. Pode-se ter motivos de interesse na modéstia; a experiência, que se encarrega de nos ensinar muito frequentemente às nossas custas, não nos desembaraça sempre do orgulho; ela nos faz ver o que arriscamos ao mostrá-la e o que ganhamos deixando-a na sombra. O que há de mais hábil do que não elogiar a si mesmo, do que parecer não buscar o louvor que se espera? Esse papel é suficiente para a modéstia, mas não para a humildade. Ser humilde não é dissimular seu orgulho, é suprimi-lo; é dizer-se: Eu sou apenas um homem, elo frágil na cadeia das gerações. Os Latinos não tinham palavra equivalente à humildade, empregada nesse sentido; o que eles entendiam por modéstia não era senão uma moderação de desejos, de afeições e de ações, enquanto a humildade indica um sentimento de si mesmo regrado não somente sobre o conhecimento que temos da fragilidade do homem, mas também sobre a grandeza de Deus comparada à natureza das coisas daqui da Terra. Humilitas, para os Latinos, continha ideias de aviltamento, de desonra, de desprezo e de indignidade de condição. Deferência, submissão, rebaixamento. Pedir, alguém, com toda humildade. Confessar com humildade que se cometeu faltas. Fam. Com toda humildade, tão humildemente quanto possível. Os antigos representavam a Humildade sob a figura de uma mulher que segura na mão um cesto de pão e tem um saco sobre os ombros. Vestida simplesmente, ela calca sob os pés vestimentas preciosas, um espelho e um pavão. A arte cristã representa a Humildade por uma mulher, cabeça abaixada e os braços cruzados. Ao lado dela está um cordeiro, símbolo da doçura, e sob seus pés uma coroa, para indicar o pouco caso que ela faz das grandezas.

1 Nouveau Dictionnaire Universel, tome troisième. Paris, 1867

Fonte; Ipeak – Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec

terça-feira, 26 de agosto de 2014

AS PIRÂMIDES DO EGITO E O MUNDO ESPIRITUAL

Redação do Correio Espírita

Está claro agora que os faraós construíram suas maiores pirâmides - as do Vale de Gizé, a 10 quilômetros do centro do Cairo - alinhadas em direção ao norte e que eles utilizavam as estrelas para determinar essa direção. Para chegar a essas conclusões a arquiteta, e egiptóloga Kate Spencer, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, analisou meticulosamente a posição dos astros em torno do ano 2500 a.C (data aproximada ao erguimento das pirâmides). Kate revela que antes de começar a ergue-las, os egípcios reuniam-se à noite em uma cerimônia religiosa na qual os sacerdotes traçavam no céu uma linha imaginária, ligando a estrela Beta da constelação da Ursa Maior à estrela Zeta da Ursa Menor. O ponto em que a linha tocava o horizonte dava a posição exata do norte. Os lados dos grandes templos eram então projetados de modo a ficar paralelos a essa direção (veja o desenho abaixo). Esse método, diz a cientista, era seguro; o problema é que as estrelas mudam ligeiramente de lugar com o tempo, devido ao próprio movimento do Sol pela Via Láctea. Tanto que, hoje, passados quase 5.000 anos do tempo dos faraós, algumas das pirâmides estão ligeiramente voltadas para oeste e outras, para leste. Esse fato até hoje confundia os egiptólogos.

Outro feito de Kate Spence: conseguiu datar com precisão, pela primeira vez, a construção das pirâmides, que, quanto mais se afastam do norte, atualmente, mais velhas são. A mais antiga pirâmide é a de Quéfren, com 2467 a.C.
  
Como foram construídas as pirâmides?

Encontramos a resposta na Revista Espírita do ano de 1858 através do Espírito de Mehemet-Ali quando pontuou a Allan Kardec, eis o diálogo:

AK - Desde que vivestes ao tempo dos faraós, podereis dizer-nos com que fim foram construídas as pirâmides? R: São sepulcros; sepulcros e templos. Ali se davam frandes manifestações.

AK - Tinham estas um objetivo científico? R: Não. O interesse religioso absorvia tudo.

AK - Podereis dar-nos uma idéia dos meios empregados na construção das pirâmides? R: Massas de homens gemeram sob o peso destas pedras que atravessaram os séculos. A máquina era o homem.

AK - De onde tiravam os egípcios os gosto pelas coisas colossais, em vez do das coisas graciosas, que distinguia os gregos, posto tivessem a mesma origem? R:  O egípcio era tocado pela grandeza de Deus. Procurava igualá-lo, superando as suas próprias forças. Sempre o homem!

Dentre todas os povos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacavam na prática do bem e no culto a verdade.

Ressalta Emmanuel que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da justiça divina. Em razão dos seus elevados patrimônios morais, guardaram no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de uma pátria distante.
  
Culto à morte - Metempsicose

A civilização egípcia foi a quem mais preocupou com a idéia da morte. A sua vida era apenas um esforço para bem morrer. Seus papiros e frescos estão cheios dos consoladores mistérios do além-túmulo.

Natural era o grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humilhação, que, na lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinação punitiva dos deuses. A metempsicose era exatamente o fruto amargo da sua impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora inflingido no ambiente terrestre. Inventou-se desse modo, uma série de rituais e cerimônias para solenizar o regresso dos seus irmãos à Pátria espiritual.

Os mistérios de Ísis e Osíris e toda uma influenciação na cultura da mitologia grega eram símbolos das forças espirituais que presidiam aos fenômenos da morte.
  
A constelação de Capela

Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundo, cantando as glórias divinas do Ilimitado.

A sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face da Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente entre a Capela e o nosso planeta, já que a luz percorre o espaço com a velocidade aproximada de 300.000 quilômetros por segundo.

A Constelação do Cocheiro é formada por um grupo de estrelas de várias grandezas, entre as quais se inclui a Capela, de primeira grandeza, que, por isso mesmo, é alfa da constelação.

Capela é uma estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol, e se este fosse colocado em seu lugar, mal seria percebido por nós, à vista desarmada.

Na abóbada celeste Capela está situada no hemisfério boreal, limitada pelas constelações da Girafa, Perseu e Lince, e, quanto ao Zodíaco, sua posição é entre Gêmeos e Touro.

Conhecida desde a mais remota antiguidade, Capela é uma estrela gasosa, segundo afirma o célebre astrônomo e físico inglês Arthur Stanley Eddington (1822-1924), e de matéria tão fluídica que sua densidade pode ser confundida com a do ar que respiramos. Sua cor é amarela, o que demonstra ser um Sol em plena juventude, é, como um Sol, deve ser habitada por uma humanidade bastante evoluída.

Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização.

Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.

As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.

Único desejo, voltar à Capela

Os egípcios eram animados pelo desejo que era trabalhar devotadamente para regressar, um dia, aos seus penates resplandecentes. Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas. Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão altamente desenvolvido. Morava em seus corações a ansiedade de voltar ao orbe distante, ao qual se sentiam presos pelos mais santos afetos. Foi por esse motivo que, representando uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do antigo Egito desapareceram para sempre do plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana regressaram à Pátria Sideral.
  
                                                                                              Religião e sociedade egípcia

 A partir da Pré-História - se assim podemos dizer - todos os povos passaram pelas fases de fetichismo, do animismo e do politeísmo. Ainda hoje, aqui e ali, se encontram vestígios disso em vários lugares e religiões.

Os egípcios também passaram por isso. Vencida a fase de culto aos totens eles chagaram ao culto dos deuses. Além do Deus Pré-Existente e único - Amon-Rá. Osíres, o deus do Infinito, do Espaço, do Tempo e Senhor da Luz, que também era o protetor da terra e da vegetação.

Os egípcios acreditavam na reencarnação e de certo modo mantinham o intercâmbio com os desencarnados. Havia uma religião secreta professada pelos sacerdotes, que também era ciência, englobando a matemática, a física, a química, a astronomia, a medicina, a meteorologia etc. Conheciam o magnetismo, o sonambulismo, curavam pelo sono provocado e praticavam largamente a sugestão. É o que denominavam de magia.

A Bíblia Sagrada do povo egípcio foi o " Livro dos Mortos" . Continha 165 capítulos e dele emanaram todas as religiões do ramo ocidental, dogmas etc. A civilização egípcia antiga desenvolveu-se no nordeste africano (margens do rio Nilo) entre 3200 a.C (unificação do norte e sul) a 32 a.C (domínio romano).

A sociedade egípcia estava dividida em várias camadas, sendo que o faraó era a autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra. Sacerdotes, militares e escribas (responsáveis pela escrita) também ganharam importância na sociedade. Esta era sustentada pelo trabalho e impostos pagos por camponeses, artesã\os e pequenos comerciantes. Os escravos também compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em guerras. Trabalhavam muito e nada recebiam por seu trabalho, apenas água e comida.

A escrita egípcia também foi algo importante para este povo, pois permitiu a divulgação de idéias, comunicação e controle de impostos. Existiam duas formas de escrita: a demótica (mais simplificadas) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, cultos e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamada papiro que era produzida a partir de uma planta de mesmo nome também era utilizado para escrever.

Fonte; http://www.correioespirita.org.br/


Leitura Recomendada;
  
A  AURA E OS CHACRAS NO ESPIRITISMO                                              (NOVO)
AS PAIXÕES: UMA BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA E ESPÍRITA [1]          (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE II                                           (NOVO)
COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE I                                            (NOVO)
ORGULHO                                                                                                     (NOVO)
SOBRE A EDUCAÇÃO1                                                                                (NOVO)
ESCOLA FUNDADA NO MONT-JURA                                                         (NOVO)
DA INVEJA                                                                                                     (NOVO)  
HUMILDADE - Termos traduzidos do francês                                                (NOVO)  
LITERATURA MEDIÚNICA                                                                            (NOVO)
A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO                                        
CARTA DE ALLAN KARDEC AO PRÍNCIPE G.
A CIÊNCIA EM KARDEC
O QUE PENSA O ESPIRITISMO
ESPIRITISMO E FILOSOFIA
O PROBLEMA DO DESTINO
PIONEIRISMO E OPOSIÇÃO DA IGREJA
ESPIRITISMO Ou será científico ou não subsistirá
ESTUDO SEQUENCIAL OU SISTEMATIZADO?
CEM ANOS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA
DIMENSÕES ESPIRITUAIS DO CENTRO ESPÍRITA
O ESPIRITISMO E A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
PRIMEIRO LIVRO DE ALLAN KARDEC TRADUZIDO PARA O BRASIL
O SEGREDO DE ALLAN KARDEC
A DIMENSÃO ESPIRITUAL E A SAÚDE DA ALMA
O ASPECTO FILOSÓFICO DA DOUTRINA ESPÍRITA
O SILÊNCIO DO SERVIDOR
TALISMÃS, FITINHAS DO “SENHOR DO BONFIM” E OUTROS AMULETOS NUM CONCISO COMENTÁRIO ESPÍRITA
“CURANDEIROS ENDEUSADOS”, CIRURGIÕES DO ALÉM – SOB OS NARCÓTICOS INSENSATOS DO COMÉRCIO
DILÚVIO DE LIVROS “ESPÍRITAS” DELIRANTES
TRATAR OU NÃO TRATAR: EIS A QUESTÃO
ATRAÇÃO SEXUAL, MAGNETISMO, HOMOSSESUALIDADE E PRECONCEITO
RECORDANDO A VIAGEM ESPÍRITA DE ALLAN KARDEC, EM 1862
OS FRUTOS DO ESPIRITISMO
FALTA DE MERECIMENTO OU DE ESTUDO?
FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
EURÍPIDES E HÉCUBA
O HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO
FONTE DE PERFEIÇÃO
MESMERISMO E ESPIRITISMO
VIVÊNCIAS EVOLUTIVAS DE ALLAN KARDEC
AS MESAS GIRANTES
RESGUARDEMOS KARDEC
REFLEXÃO SOBRE O LIVRE-ARBÍTRIO
AUTO DE FÉ DE BARCELONA
ACERCA DA AURA HUMANA
COMO PODEMOS INTERPRETAR A FRASE DE JESUS: "A tua fé te curou"?
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/12/como-podemos-interpretar-frase-de-jesus.html

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO JEAN-JACQUES ROUSSEAU


Seu nome é lembrado toda vez que ocorrem estudos biográficos do Codificador. Jean Henri Pestalozzi, o educador atento e homem íntegro, assimilou o pensamento de Rousseau, a partir do contato que teve com a sua obra capital: Émile ou de l'Éducation. E foi por intermédio de Yverdun e de Pestalozzi que Rivail abeberou-se na doutrina da natureza de Rousseau.

Esse homem estranho, que tem seu nome estreitamento ligado à área pedagógica, foi romancista, memorialista, teórico social e político e um ideólogo.

Nascido em Genebra, na Suíça, a 28 de junho de 1712, até os seus 38 anos, era conhecido apenas como músico. Órfão de mãe ao nascer, com apenas 10 anos de idade foi entregue aos cuidados de um pastor, em Bossey, retornando a sua cidade natal dois anos depois e ali, foi aprendiz de gravador.

Peregrinando entre a Suíça e a França, tornou-se professor de música em Lausanne e Chambéry, e aos 19 anos, deslumbrou-se com a capital parisiense. Conseguindo quem o amparasse, na qualidade de protetores, entre os quais Mme. de Warens, da cidade de Chambéry, chegou a acompanhar o embaixador da França a Veneza, na qualidade de secretário.

Dedicado à música, teve recusado seu projeto de uma nova notação musical, apresentado na Academia de Ciências, em Paris. O sucesso musical seria alcançado em 1750, quando foi premiado, pela Academia de Dijon, o seu ensaio, Discurso sobre as ciências e as artes. A partir daí, suas novas produções teatrais e musicais são melhor acolhidas. No Discurso premiado, Rousseau responde à pergunta proposta pela Academia de Dijon, em concurso: se o progresso das ciências e das letras concorreu para corromper ou depurar os costumes, onde afirma a primeira alternativa. Foi um contestador da sociedade tal como era organizada.

Quatro anos depois, no seu Discurso sobre a desigualdade entre os homens, afirmaria que a desigualdade e a injustiça eram os frutos de uma hierarquia mal constituída, que a organização social não corresponde à verdadeira natureza humana, corrompendo-a e sufocando o seu potencial.

No campo da música Rousseau escreveu a ópera-balé As musas galantes e a ópera cômica, O adivinho da aldeia.

Foi amigo dos enciclopedistas, entre os quais Diderot e Grimm, com os quais romperia mais tarde, tornando-se objeto de hostilidades tanto do governo como dos seus ex-amigos enciclopedistas, chegando a ter sua prisão decretada, o que o fez refugiar-se na Suíça, depois na Inglaterra.

Rousseau foi a mais profunda influência sobre o pré-romantismo, encontrando-se os traços dessa influência no romantismo francês de Chateaubriand, Lamartine e Victor Hugo, bem assim inspirou personagens de Goethe, de Foscolo, bem como personagens de Byron. Seu romance de amor, A nova Heloísa, publicado em 1761 teve um sucesso extraordinário. Ao mesmo tempo romance filosófico, exalta a pureza em luta contra uma ordem social corrompida e injusta. Descreve um amor irrealizado. Possivelmente o retrato do que ele mesmo viveu.

No ano seguinte, surgiram suas obras mais discutidas: Do contrato social e Emílio ou da Educação. Na primeira, Rousseau apresenta o Estado ideal como resultante de um acordo comum entre os seus membros. Para esse acordo, faz-se necessário se estabeleçam obrigações. Para se tornarem cidadãos, os indivíduos devem ceder algumas de suas prerrogativas. A vontade geral, que é a da coletividade, é a que deve prevalecer. É um Estado que garante os direitos dos cidadãos.

Em Emílio, em forma romanesca, Rousseau imagina a educação de um jovem. É o processo da formação do indivíduo, que deveria ser ensinado a ver com "os próprios olhos". Afirmava ali, o pedagogo francês: "... a educação do homem começa no seu nascimento; antes de falar, antes de escutar, ele já se instrui. A experiência precede as lições; no momento em que ele conhece a sua ama de leite, ele já adquiriu muito."

Se considerarmos a idéia da pré-existência da alma e o Espírito reencarnante presente no processo gestatório, desde a fecundação, o pensamento de Rousseau ganha maior significado. Para ele, a educação é um processo espontâneo, natural, particularizando a necessidade do contato com a natureza. Mais do que conhecer, o ser necessita ser capaz de discernir.

A respeito de Deus, na última parte da obra, resume Rousseau: "Esse Ser que quer e que pode, esse Ser, ativo por si mesmo, esse Ser, enfim qualquer que seja, que move o universo e ordena todas as coisas, eu o chamo Deus. Acrescento a esse nome as idéias reunidas de inteligência, de poder, de vontade, e a de bondade, que é uma conseqüência necessária; apesar disto não conheço melhor o Ser que assim classifico; ele se furta, tanto aos meus sentidos como ao meu entendimento; quanto mais penso nele, mais me confundo; sei com muita certeza que ele existe, e que existe por si mesmo; sei que minha existência é subordinada à sua, e que todas as coisas que conheço se encontram absolutamente no mesmo caso. Percebo Deus por toda parte em suas obras; sinto-o em mim, vejo-o à minha volta; mas tão logo quero contemplá-lo em si mesmo, tão logo quero procurar onde está, o que é, qual a sua substância, ele me escapa, e meu espírito perturbado não percebe mais nada."

A sua obra mais delicada e de emoção mais tranqüila, denomina-se Devaneios de um passeante solitário. Referir-se-ia porventura, o escritor à sua breve passagem pela Terra? Exatamente à transitoriedade da encarnação? Ao escrevê-lo já se encontra enfermo, mas ainda sensível à beleza natural da vida. Queixa-se da incompreensão de todos, afirma-se amigo da Humanidade desprezado pelos homens e dá uma imagem idílica da natureza. É seu testamento final. O dia 2 de julho de 1778 assinala o término da sua jornada terrena na personalidade de Jean-Jacques Rousseau. Contava 66 anos de idade.

Na Doutrina Espírita, que surgiria na Terra, quase 80 anos depois, Rousseau teria saciada sua fome e sede de justiça, igualdade e conhecimento. Eis como ele se expressa em mensagem inserida em O Livro dos Médiuns, pelo Codificador: "Penso que o Espiritismo é um estudo todo filosófico das causas secretas dos movimentos interiores da alma, até agora nada ou pouco definidos.

Explica, mais do que desvenda, horizontes novos.

A reencarnação e as provas, sofridas antes de atingir o Espírito a meta suprema, não são revelações, porém uma confirmação importante. Tocam-me ao vivo as verdades que por esse meio são postas em foco. Digo intencionalmente _ meio _ porquanto, a meu ver, o Espiritismo é uma alavanca que afasta as barreiras da cegueira.

Ressuscitando o espiritualismo, o Espiritismo restituirá à sociedade o surto, que a uns dará a dignidade interior, a outros a resignação, a todos a necessidade de se elevarem para o Ente supremo, olvidado e desconhecido pelas suas ingratas criaturas."
   
Fontes de consulta:

Kardec, Allan. O livro dos médiuns. FEB, 1986. pt. 2, cap. XXXI, item 3.
Rivail, Hippolyte Léon Denizard. COMENIUS, 1998.
Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 18.
Moreil, André. Vida e obra de Allan Kardec. EDICEL, 1986.
Incontri, Dora. Pestalozzi, educação e ética. SCIPIONE, 1996.

 Fonte; JORNAL MUNDO ESPÍRITA - MARÇO DE 2001

Leitura Recomendada;

EXPOENTES DA CODIFICAÇÃO FÉLICITÉ ROBERT DE LAMENNAIS
EXPOENTES DA CODIFICAÇÃO JOÃO MARIA VIANNEY - O CURA D'ARS
EXPOENTES DA CODIFICAÇÃO JOÃO MARIA VIANNEY - O CURA D'ARS
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO DELPHINE DE GIRARDIN
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO BLAISE PASCAL                  
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO SÓCRATES                          
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO PLATÃO                               
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO JOANA D'ARC                     
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO DELPHINE DE GIRARDIN   
ANDRÉ LUIZ CONCEDE ESPETACULAR ENTREVISTA EM 1964.             
ERASTO
TOMÉ - O APÓSTOLO DESCRENTE
A CARIDADE SEGUNDO O APÓSTOLO PAULO
SANTO AGOSTINHO E O ESPIRITISMO
PAULO [OU SAULO PARA OS HEBREUS] DE TARSO, O APÓSTOLO DOS GENTIOS
KARDEC ANALISA EMMANUEL SWEDENBORG
NICODEMOS (O ENTREVISTADOR NOTURNO)
A GRANDE CONTRIBUIÇÃO DE JAN HUSS
SERIE ANDRE LUIZ (CHICO XAVIER)
ANDRÉ LUIZ - REFLEXÕES NECESSÁRIAS
AS IRMÃS FOX E O FENÔMENO DE HYDESVILLE
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/09/as-irmas-fox-e-o-fenomeno-de-hydesville.html