quarta-feira, 11 de junho de 2014

BIOGRAFIA - CAÍRBAR DE SOUZA SCHUTEL

No dia 22 de setembro de 1868, filho do casal Anthero de Souza Schutel e Rita Tavares Schutel, nasceu Caírbar de Souza Schutel, no Rio de Janeiro, então sede da Corte Imperial do Brasil, onde praticou em diversas farmácias e aos 17 anos de idade foi para o Estado de São Paulo, trabalhando como farmacêutico em Piracicaba, Araraquara e depois em Matão, cidade em que viveu durante 42 anos.

Possuidor de brilhante cultura, de grande prestígio social e sobretudo de notória autoridade moral, acabou sendo escolhido para o honroso e histórico cargo de primeiro Prefeito da cidade de Matão, cargo que ocupou por duas vezes, a primeira de 28 de março a 07 de outubro de 1899, voltando a exercê-lo de 18 de agosto a 15 de outubro de 1900, conforme consta das atas e dos registros históricos da municipalidade matonense.

Nascido em família católica, batizado aos 7 anos de idade, Caírbar Schutel cumpria suas obrigações perante a Igreja de Roma. Entretanto, já adulto e vivendo em Matão, passou a receber, em sonhos, a visita constante de seus falecidos pais, porque ele ficara órfão de ambos com menos de 10 anos de idade. Insatisfeito com as explicações de um padre para o fenômeno, Schutel procurou Quintiliano José Alves e Calixto Prado, que realizavam reuniões de práticas espíritas domésticas, logrando então entender a realidade do mundo extrafísico.

Convertido ao Espiritismo, cuidou logo de legalizar o Grupo (hoje Centro Espírita O Clarim) Espírita Amantes da Pobreza, cuja ata de instalação foi lavrada no dia 15 de julho de 1905. Resolvido a difundir a Doutrina Espírita pelos quatro cantos do mundo – e mesmo vivendo em uma pequena e modesta cidade no interior do Brasil -, o “Bandeirante do Espiritismo”, como ficou conhecido Caírbar Schutel, fundou o jornal “O Clarim” no dia 15 de agosto de 1905, e a RIE – Revista Internacional de Espiritismo no dia 15 de fevereiro de 1925, ambos circulando até hoje.

Além disso, o incansável arauto da Boa Nova, com todas as dificuldades da época e da região, viajava semanalmente até a cidade de Araraquara para proferir, aos domingos, as suas famosas 15 “Conferências Radiofônicas”, pela Rádio Cultura de Araraquara (PRD – 4), no período de 19 de agosto de 1936 a 02 de maio de 1937.

Escritor fértil, entre 1911 e 1937 escreveu os livros O batismo, Cartas a esmo, Conferências radiofônicas, Histeria e fenômenos psíquicos, O diabo e a igreja, Espiritismo e protestantismo, O espírito do cristianismo, Os fatos espíritas e as forças X…, Gênese da alma, Interpretação sintética do apocalipse, Médiuns e mediunidades, Espiritismo e materialismo, Parábolas e ensinos de Jesus, Preces espíritas, Vida e atos dos apóstolos, A questão religiosa, Liberdade e progresso, Pureza doutrinária, A vida no outro mundo e Espiritismo para crianças.

Para publicá-los, Schutel não mediu esforços: adquiriu máquinas, papel, tinta, cola e outros insumos para impressão, procurando escolher sempre material de primeira categoria. Desse esforço surgiu a Casa Editora O Clarim, que hoje emprega inúmeros funcionários em Matão, tendo publicado mais de cem títulos de obras de renomados autores, encarnados e desencarnados.

Consciente de sua responsabilidade como cidadão, cuidou de regularizar a sua união com Dª. Maria Elvira da Silva e Lima, com ela se casando no dia 31 de agosto de 1905; o casal Schutel não teve filhos carnais, porém sua dedicação aos semelhantes ficou indelevelmente marcada na história de Matão, uma vez que ambos jamais deixaram de atender aqueles que os procuravam.

Depois de curta enfermidade, Caírbar Schutel faleceu em Matão, no dia 30 de janeiro de 1938. Durante e após suas exéquias, inúmeras pessoas de Matão, das cercanias, do Estado de São Paulo e de diversas regiões do Brasil prestaram-lhe comovente tributo de gratidão e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, tendo certamente cumprido a sua missão.

Aliás, o prestigioso jornal “A Comarca”, de Matão, em sua edição de 6 de fevereiro de 1938, consignou o seguinte: “É absolutamente impossível em Matão falar-se quer da nossa história passada, quer da nossa história hodierna sem mencionar Caírbar Schutel. Caírbar Schutel foi, para Matão, um dínamo propulsor do seu progresso, um arauto dedicado e eloqüente das suas aspirações de cidade nascente. Mais do que isso foi o homem que, como farmacêutico, acorria com o seu saber e com a sua caridade à cabeceira dos doentes, naqueles tempos em que o médico era ainda nos sertões que beiravam o “Rumo”, uma autêntica “avis rara”.

“Militando na política por algum tempo, a sua atuação pode ser traduzida no curto parágrafo que abaixo transcrevemos, fragmento de um discurso pronunciado em 1923, na Câmara Estadual, pelo Deputado Dr. Hilário Freire, quando aquele ilustre parlamentar apresentou o projeto da criação da Comarca de Matão. Ei-lo: “Em 1898, o operoso, humanitário e patriótico cidadão Sr. Caírbar de Souza Schutel, empregando todo o largo prestígio político de que gozava, e comprando com os seus próprios recursos o prédio para instalação da Câmara, conseguiu, por intermédio de um projeto apresentado e defendido pelo Dr. Francisco de Toledo Malta, de saudosa memória, a criação do município de Matão”.

Dizem algumas comunicações mediúnicas que o Espírito Caírbar Schutel está, no mundo espiritual, encarregado pela divulgação do Espiritismo na Terra; sendo confirmada tal informação, essa nobre tarefa está muito dirigida, porque o movimento espírita deve muito ao querido “Bandeirante do Espiritismo”, assim como à sua digníssima esposa Dª. Maria Elvira da Silva Schutel, pois, como diz a sabedoria popular, ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher!

Eliseu F. da Mota Júnior
Extraído do site www.espirito.org.br


Leitura Recomendada;
BIOGRAFIA - CHICO XAVIER - Traços biográficos - Nascimento - Sua iniciação espírita   (NOVO)
BIOGRAFIA - FRANÇOIS FÉNELON (1651-1715)                                              
BIOGRAFIA - ARTHUR CONAN DOYLE                                                        
BIOGRAFIA - LEOPOLDO MACHADO
BIOGRAFIA - LUIZ OLYMPIO TELLES DE MENEZES
BIOGRAFIA - DR. ADOLFO BEZERRA DE MENEZES
BIOGRAFIA - IRMÃS FOX
BIOGRAFIAS - ALGUNS VULTOS ESPÍRITAS DO BRASIL
BIOGRAFIA - ANÁLIA FRANCO                                            
BIOGRAFIA - WILLIAM CROOKES
BIOGRAFIA - MARQUÊS DE PUYSÉGUR (1751-1825)
BIOGRAFIA - CHARLES LAFONTAINE
BIOGRAFIA - DEOLINDO AMORIM - O FILÓSOFO E DIDATA DO ESPIRITISMO
BIOGRAFIA - CESAR LOMBROSO CIENTISTA ESPIRITA
BIOGRAFIA - JOHN ELLIOTSON (1791 - 1868)
BIOGRAFIA - LOUIS ALPHONSE CAHAGNET
BIOGRAFIA - ERNESTO BOZZANO
BIOGRAFIA - CAMILLE FLAMMARION
BIOGRAFIA - LÉON DENIS
BIOGRAFIA - ALEXANDRE AKSAKOF - O GIGANTE DA LITERATURA ESPÍRITA
BIOGRAFIA - GABRIEL DELANNE
BIOGRAFIA - EURÍPEDES BARSANULFO: "HOMEM MAGNÉTICO"
BIOGRAFIA - O SÁBIO FRANÇOIS DELEUZE (1753 -1835)
BIOGRAFIA - BARÃO DU POTET (1796 – 1881)
BIOGRAFIA - MEIMEI (IRMA DE CASTRO ROCHA)
BIOGRAFIA - IRMÃ SCHEILLA
BIOGRAFIA - FRANCISCA JÚLIA SILVA POR CHICO XAVIER
BIOGRAFIA - A VIDA E A OBRA DE ALLAN KARDEC
BIOGRAFIA - AUTA DE SOUZA
BIOGRAFIA - MIRIAM - ESPÍRITO ALIMENTADO PELAS PROFECIAS DE ISRAEL
BIOGRAFIA - CESAR LOMBROSO
BIOGRAFIA - CARLOS JULIANO TORRES PASTORINO (1910 - 1980)
BIOGRAFIA - JOANNA DE ÂNGELIS
BIOGRAFIA - IRMÃO X
BIOGRAFIA - MADRE TERESA DE CÁLCUTA
BIOGRAFIA - MARIA DOLORES
BIOGRAFIA - CORINA NOVELINO
BIOGRAFIA - ZILDA GAMA
BIOGRAFIA - MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA
BIOGRAFIA - YVONNE DO AMARAL PEREIRA
BIOGRAFIA - A VIDA E A OBRA DE ALLAN KARDEC
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/09/a-vida-e-obra-de-allan-kardec.html

terça-feira, 10 de junho de 2014

TRANSE, ANIMISMO E MEDIUNISMO

Pedro da Fonseca Vieira
  
“(...) Um Espírito, que não o do médium, pode ser de ordem inferior à deste e, então, falar menos sensatamente” (O Livro dos Médiuns, Parte II, item 223-5).

O termo animismo não é novo, sempre permeia discussões de estudos mediúnicos nos Centros Espíritas – mas o que é o animismo? É um mal que deve ser combatido – como se ouve vez por outra? Pode ser desenvolvido e ser colocado a serviço do bem? Pode ajudar no exercício mediúnico?

Animismo é a denominação geral de todos os fenômenos psíquicos que têm por origem a alma, ou seja, o Espírito encarnado (vide O Livro dos Espíritos, questão 134), agente desses fenômenos. Mediunismo, por outro lado, é a designação geral de todos os fenômenos psíquicos que têm por origem outros Espíritos (encarnados ou desencarnados) e que se tornam perceptíveis pela ação de um médium, pessoa que atua como “meio ou intermediário entre os Espíritos e os homens” (vide O Livro dos Espíritos, introdução IV). Exemplos de fenômenos tipicamente anímicos são a psicometria (percepção de fatos a partir de objetos), a leitura de pensamentos, a pirogenia (combustão espontânea), a emancipação da alma e a clarividência. Por outro lado, podemos citar outros tipicamente mediúnicos como: a psicografia, a psicofonia, a possessão (ou incorporação), a pneumatografia (escrita direta), a pneumatofonia (fala direta) e a materialização dos Espíritos.

Existe animismo sem mediunismo? “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. Esta citação é de O Livro dos Espíritos, questão 459, a partir da qual entendemos que, de ordinário, não há fenômeno anímico que não tenha a participação efetiva dos desencarnados, o que equivale a dizer que o animismo puro é uma situação excepcional.

E mediunismo sem animismo, é possível? “Dessas explicações resulta, ao que parece, que o Espírito do médium nunca é completamente passivo? É passivo, quando não mistura suas próprias idéias com as do Espírito que se comunica, mas nunca é inteiramente nulo. Seu concurso é sempre indispensável, como o de um intermediário (...)”. Essa colocação é vista em O Livro dos Médiuns, Parte II, Capítulo XIX, item 223-10. Por ela podemos compreender que não há fenômeno mediúnico, seja de que natureza for, que não tenha a participação, mais ou menos forte, do médium, o que, analogamente, significa que o mediunismo puro também é uma abstração. Em suma, o que existem são fenômenos predominantemente mediúnicos ou predominantemente anímicos.

Essa dificuldade de isolar os dois conceitos foi a justificativa dada por pesquisadores para o uso do termo medianimismo, ou medianimidade, tal qual foi citado por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, Parte II, Capítulo XXXII como sinônimo de mediunidade, mas “no sentido restrito”, ou seja, poderíamos dizer, no sentido prático do fenômeno mediúnico, mostrando que esta nunca está desvinculada do animismo.

Em todos os acontecimentos medianímicos, indistintamente, o médium/anímico entra num estado especial citado pelos Espíritos em O Livro dos Médiuns, Parte II, Capítulo XIX, item 223: “No momento em que exerce a sua faculdade, está o médium em estado perfeitamente normal?” “Está, às vezes, num estado, mais ou menos acentuado, de crise”. Por conta da acepção negativa do termo “crise”, modernamente, sem perda de significado, adotou-se o termo “transe”, muito embora ainda pouco estudado. É, por definição, um movimento anímico, ou seja, um estado pertinente ao próprio Espírito encarnado, e constitui a base fundamental de todos os fenômenos psíquicos. Seu estudo e conhecimento seriam de importância capital para a melhora das práticas medianímicas no Centro Espírita. Sem buscar esgotar o assunto, vamos tratar de algumas de suas características.

Podemos entender o transe como uma série de alterações físicas (principalmente nervosas) e perispirituais que permitem certo grau de emancipação da alma. Essa fase, eminentemente anímica, antecede e predispõe o sensitivo a toda uma gama de fenômenos psíquicos que dela dependem, sejam estes anímicos ou mediúnicos. Uma descrição desse processo foi dada pelo Espírito Erasto em O Livro dos Médiuns com respeito aos médiuns de efeitos físicos: “Quem deseja obter fenômeno desta ordem precisa ter consigo médiuns a que chamarei sensitivos, isto é, dotados, no mais alto grau, das faculdades mediúnicas de expansão e de penetrabilidade, porque o sistema nervoso facilmente excitável de tais médiuns lhes permite, por meio de certas vibrações, projetar abundantemente, em torno de si, o fluido animalizado que lhes é próprio”.

O transe tem diferentes graus de profundidade, o que pode ser facilmente verificado pelos níveis de consciência física que o médium/anímico mantém durante a comunicação/percepção. Em O Livro dos Médiuns, Parte II, Capítulo XV, vemos três níveis de consciência que, podemos dizer, correspondem a três níveis de transe. O superficial distingue-se pouco do estado normal e corresponde à mediunidade intuitiva. O intermediário ou mediano permite que o Espírito que se comunica traga algumas de suas características com a contrapartida da perda parcial de consciência por parte do médium, correspondendo à mediunidade semi-consciente, ou semi-mecânica no caso específico da psicografia. O nível profundo de transe – mais raro hoje em dia – viabiliza uma percepção quase completa de anulação da personalidade do médium e da presença do comunicante, o que verificamos pela mudança de letra na psicografia, da voz na psicofonia, dos gestos na possessão (ou incorporação), permitindo, por exemplo, a passagem de detalhes e datas, bem como comunicação por meio de línguas estranhas ao médium. Observamos, também, no nível mais profundo, a perda total de consciência física por parte do médium, correspondendo à mediunidade inconsciente, sonambúlica ou mecânica.

A origem do transe pode ser também variada, podendo este ser provocado ou natural. Dizemos que o transe é provocado quando a causa principal de seu acontecimento não reside na própria alma – por exemplo, por efeito de ação magnética, de ação de Espíritos desencarnados ou do uso de algumas drogas (neste último caso, desequilibrado, imperfeito, perigoso e inútil em função do entorpecimento gerado). Natural quando nasce da concentração do Espírito encarnado numa direção bem definida, em atitudes naturais da vida, ou sob seu direto controle. Recomendamos fortemente o estudo detido da obra: “Transe e mediunidade” para maiores esclarecimentos (ver recomendações bibliográficas ao fim).

Será que animismo e mediunismo podem andar de mãos dadas? Dia 01/10/2005, no Centro Espírita Cristófilos, no Rio de Janeiro, o Espírito Ayres de Oliveira nos trouxe essa reflexão, situando o movimento anímico como importante para a qualidade da prática mediúnica: “É de fundamental importância que compreendam, de forma correta, as fases por que passam todos vocês em uma reunião como essa. Podemos dividi-las em três: preparação, busca e vibração. (...) A próxima fase é a da busca, ou a fase predominantemente anímica, é aquela que deve ser melhor desenvolvida ainda se quisermos dar maior ganho à reunião. O foco da maioria dos problemas que se observa nos médiuns está nesta fase. Este momento é o do movimento da alma do médium encarnado. Ele, na hora que um nome é chamado, deve fazer um movimento de ir buscar, no Plano Espiritual, as causas e as circunstâncias que envolvem a pessoa que foi chamada. (...) Com esse movimento anímico de todos vocês, o canal para que possamos trazer os Espíritos até aqui torna-se muito mais simples e os médiuns tornam-se muito mais preparados para o exercício da sua função”.

A Casa Espírita está preparada para lidar com o animismo? Deveria, mas aparentemente não é esse, infelizmente, o caso geral. Muito se tem ouvido, nos Centros Espíritas, que o animismo é um mal que precisa ser extirpado e as percepções anímicas em suas reuniões condenadas, perdendo-se, assim, não apenas a possibilidade do uso racional do animismo como da melhora do próprio mediunismo. Trabalhos interessantíssimos com o uso das potencialidades anímicas podem ser desenvolvidos e colocados a serviço das pessoas, tais como os citados nas obras “Laudos espíritas da loucura” e “Evocando os Espíritos” (vide recomendações bibliográficas). Por que não fazê-lo? A questão é de suma importância e merece a reflexão de todos nós.

Para aqueles que ainda pensam no animismo como um mal, resta-nos recorrer à obra A Gênese, de Allan Kardec, em seu Capítulo XV, item 2, onde o maior anímico de todos os tempos é apresentado: “Agiria [Jesus] como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus.”

Finalmente, para mais esclarecimentos sobre o assunto, são recomendados, em ordem, os títulos a seguir:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, LAKE.
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, LAKE.
3. PALHANO, Lamartine (Jr.). Transe e mediunidade, Lachâtre.
4. AKSAKOF, Alexander. Animismo e Espiritismo (2 volumes), FEB.
5. BOZZANO, Ernesto. Animismo ou Espiritismo?, FEB.
6. PALHANO, Lamartine (Jr.). Laudos espíritas da loucura, Lachâtre.
7. PALHANO, Lamartine (Jr.). Evocando os Espíritos, Lachâtre.
8. SCHUBERT, Suely Caldas. Os poderes da Mente, EBM Editora.
9. DELANNE, Gabriel. A evolução anímica, FEB.
10. BOZZANO, Ernesto. Os enigmas da psicometria, FEB.
11. BACELLI, Carlos A.; FERNANDES, Odilon (Espírito). Mediunidade e Animismo, LEEP.

Fonte;
espiritismo.net

Leitura Recomendada;
A MEDIUNIDADE
NOVO ESTUDO COM MÉDIUNS OBTÉM FORTÍSSIMAS EVIDÊNCIAS DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA
MEDIUNIDADE NO TEMPO DE JESUS
MÉDIUNS DE ONTEM E DE HOJE
EVOLUÇÃO E MEDIUNIDADE
INTELIGÊNCIA E MEDIUNIDADE
PROCESSOS DA MEDIUNIDADE
MÉDIUNS CURADORES
A MEDIUNIDADE DE SANTA BRÍGIDA
DIVULGAÇÃO DE MENSAGENS MEDIÚNICAS
ESTUDOS DA MEDIUNIDADE ANTES DA CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA
MEDIUNIDADE NA BÍBLIA
TRANSE E MEDIUNIDADE
O FENÔMENO MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE, ESTUDO CLÍNICO
A EDUCAÇÃO DO MÉDIUM
A MEDIUNIDADE, POR LÉON DENIS
MEDIUNIDADE E ANIMISMO
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
O FENÔMENO MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE CURADORA
PALAVRAS DO CODIFICADOR - MEDIUNIDADE CURADORA

domingo, 8 de junho de 2014

A MEDIUNIDADE

Todas as manifestações da Natureza e da vida se resumem em vibrações, mais ou menos rápidas e extensas, conforme as causas que as produzem. Tudo vibra no Universo: a luz, o som, o calor, a eletricidade, os raios químicos, os raios catódicos, as ondas hertzianas, etc., não são mais que diferentes modalidades de ondulação, graus sucessivos, que em seu conjunto constituem a escala ascensional das manifestações da energia.

Esses graus são muito afastados entre si. O som percorre 340 metros por segundo; a luz, no mesmo tempo, faz o percurso de 300.000 quilômetros; a eletricidade se propaga com uma rapidez que se nos afigura incalculável. Os nossos sentidos físicos, porém, não nos permitem perceber todos os modos de vibração. Sua impotência para dar uma impressão completa das forças da Natureza é um fato suficientemente conhecido para que tenhamos necessidade de insistir sobre esse ponto.

Só no domínio da óptica, sabemos que as ondas luminosas não nos impressionam a retina senão nos limites das sete cores, certas radiações solares escapam à nossa vista; chamam-se, por isso, raios obscuros.

Entre o limite dos sons, cujas vibrações alcançam de 24.000 a 60.000 por segundo, e a sensação de calor, que se mede por trilhões de vibrações, nada percebemos. O mesmo acontece entre a sensação de calor e de luz, que corresponde, na média, a 500 trilhões de vibrações por segundo. (34)

Nessa prodigiosa ascensão, os nossos sentidos representam paradas muitíssimo espaçadas, estações dispostas a consideráveis distâncias uma das outras, uma rota sem-fim. Entre essas diversas
paradas, por exemplo, entre os sons agudos e os fenômenos de calor e de luz, destes, em seguida, até às zonas vibratórias afetadas pelos raios catódicos, há para nós como que abismos. Para seres, porém, dotados de sentidos mais sutis ou mais numerosos que os nossos, esses abismos, desertos e obscuros na aparência, não estariam preenchidos? Entre as vibrações percebidas pelo ouvido e as que nos impressionam a vista não há mais que o nada no domínio das forças e da vida universal ?

Seria bem pouco sensato acreditá-lo, porque tudo em a Natureza se sucede, se encadeia e se desdobra, de elo em elo, por gradativas transições. Em parte alguma há salto brusco, hiato, vácuo. O que resulta destas considerações é simplesmente a insuficiência do nosso organismo, demasiado pobre para perceber todas as modalidades da energia.

O que dizemos das forças em ação no Universo, aplica-se igualmente ao conjunto dos seres e das coisas em suas diversas formas, em seus diferentes graus de condensação ou de rarefação.

O nosso conhecimento do Universo se restringe ou amplia conforme o número e a delicadeza de nossos sentidos. O nosso organismo atual não nos permite abranger mais que limitadíssimo círculo do império das coisas. A maior parte das formas da vida nos atuais, e imediatamente se há de o invisível revelar, será preenchido o vácuo, animado o que era soturna insensibilidade.

Poderíamos mesmo possuir sentidos diferentes que, por sua estrutura anatômica, modificariam totalmente a natureza de nossas sensações atuais, de modo a nos fazer ouvir as cores e saborear os sons. Bastaria para isso que no lugar e posição da retina um feixe de nervos pudesse ligar o fundo do olho ao ouvido.

Nesse caso ouviríamos o que vemos. Em lugar de contemplar o céu estrelado, perceberíamos a harmonia das esferas e não seriam por isso menos exatos os nossos conhecimentos astronômicos. Se os nossos sentidos, em lugar de separados, estivessem reunidos, não possuiríamos mais que um único sentido generalizado, que perceberia ao mesmo tempo os diversos gêneros de fenômenos.

Estas considerações, deduzidas das mais rigorosas observações científicas, nos demonstram a insuficiência das teorias materialistas. Pretendem estas fundar o edifício das leis naturais sobre a
experiência adquirida mediante o nosso atual organismo, ao passo que, com uma organização mais perfeita, esta experiência seria bem diversa.

Pela simples modificação dos nossos órgãos, com efeito, o mundo, tal como o conhecemos, se poderia transformar e mudar de aspecto, sem que de leve a realidade total das coisas se .alterasse. Seres constituídos de modo diferente poderiam viver no mesmo meio sem se verem, sem se conhecerem.

E se, em conseqüência do desenvolvimento orgânico de alguns desses seres, em seus diversos apropriados "habitat", seus meios de percepção lhes permitissem entrar em relações com aqueles cuja organização é diferente, nada haveria nisso de sobrenatural nem de miraculoso, mas simplesmente um conjunto de fenômenos naturais, regidos por leis ainda ignoradas desses seres, entre os outros, menos favorecidos no que se refere ao conhecimento.

Ora, é o que precisamente se produz em nossas relações, com os Espíritos dos homens falecidos, em todos os casos em que é possível a um médium servir de intermediário entre as duas humanidades, visível e invisível. Nos fenômenos espíritas, dois mundos, cujas organizações e leis conhecidas são diferentes, entram em contacto, e assomando a essa linha divisória, a essa fronteira que os separava
mas que desaparece, o pensador ansioso vê desdobrarem-se perspectivas infinitas. Vê bosquejarem-se os elementos de uma ciência do Universo muito vasta e mais completa que a do passado, conquanto seja o seu prolongamento lógico; e essa ciência não vem destruir a noção das leis atualmente conhecidas, mas ampliá-la em vastas proporções, pois que traça ao espírito humano a rota segura que o conduzirá à aquisição dos conhecimentos e dos poderes necessários a firmar em sólidas bases sua tarefa presente e seu destino futuro.

*
 Acabamos de aludir ao papel dos médiuns. O médium é o agente indispensável, com cujo auxílio se produzem as manifestações do mundo invisível.

Assinalamos a impotência dos nossos sentidos, desde que são aplicados aos estudos dos fenômenos da vida. Nas ciências experimentais, não tardou a ser preciso recorrer a instrumentos para suprir essa deficiência do organismo humano e ampliar o nosso campo de observação. Vieram assim o telescópio e o microscópio revelar-nos a existência do infinitamente grande e do infinitamente pequeno.

A partir do estado gasoso, a matéria escapava aos nossos sentidos. Os tubos de Crookes, as placas sensíveis nos permitem prosseguir os estudos no domínio, por muito tempo inexplorado, da matéria radiante.

Aí, por enquanto, se detêm os meios de investigação da Ciência. Mais além, todavia, se entrevêem estados da matéria e da força que um instrumento aperfeiçoado, mais dia menos dia, nos tornará familiares.

 Onde faltam ainda os meios artificiais, vêm certos indivíduos trazer ao estudo dos fenômenos vitais o concurso de preciosas
faculdades. É assim que o sensitivo hipnótico representa o instrumento que tem permitido sondar as profundezas ainda misteriosas do "eu humano", o proceder a uma análise minuciosa de todos os modos de sensibilidade, de todos os aspectos da memória e da vontade.

O médium vem, por sua vez, desempenhar um papel essencial no estudo dos fenômenos espíritas. Participando simultaneamente, por seu invólucro fluídico, da vida do Espaço e, pelo corpo físico, da vida terrestre, é ele o intermediário obrigatório entre dois mundos.

O estudo, pois, da mediunidade prende-se intimamente a todos os problemas do Espiritismo; é mesmo a sua chave. O mais importante, no exame dos fenômenos, é distinguir a parte que é preciso atribuir ao organismo e à personalidade do médium e a que provém de uma intervenção estranha, e determinar em seguida a natureza dessa intervenção.

O Espírito, separado da matéria grosseira pela morte, não pode mais sobre ela agir; nem se manifestar na esfera humana sem o auxilio de uma força, de uma energia, que ele haure no organismo de um ser vivo. Toda pessoa suscetível de fornecer, de exteriorizar essa força, é apta para desempenhar um papel nas manifestações físicas. deslocação de objetos sem contacto, transportes, sons de pancadas, mesas giratórias, levitações, materializações. É essa a mais comum, a mais generalizada forma da mediunidade; não requer nenhum desenvolvimento intelectual, nem adiantamento moral. É uma simples propriedade fisiológica, observada em pessoas de todas as condições. Em todas as formas inferiores da mediunidade o indivíduo é comparável, quer a um acumulador de força, quer a um aparelho telegráfico ou telefônico, transmissor do pensamento do operador.

A comparação é tanto mais exata quanto a força psíquica se esgota, como todas as forças não renovadas; a intensidade das manifestações está na razão direta do estado físico e mental do médium. Seria um erro considerar este como um histérico ou um
doente; é simplesmente um indivíduo dotado de capacidades mais extensas ou de mais sutis percepções que outro qualquer.

A saúde do médium parece-nos ser uma das condições de sua faculdade. Conhecemos um grande número de médiuns, que gozam perfeita saúde; temos notado mesmo um fato significativo, e é quequando a saúde se lhes altera, os fenômenos se enfraquecem e cessam até de se produzir.

A mediunidade apresenta variedades quase infinitas, desde as mais vulgares formas até as mais sublimes manifestações. Nunca é idêntica em dois indivíduos, e se diversifica segundo os caracteres e os temperamentos. Em um grau superior, é como uma centelha do céu a dissipar as humanas tristezas e esclarecer as obscuridades que nos envolvem.

A mediunidade de efeitos físicos é geralmente utilizada por Espíritos de ordem vulgar. Requer continuo e atento exame. É pela mediunidade de efeitos intelectuais - inspiração escrita - que habitualmente nos são transmitidos os ensinos dos Espíritos
elevados. Para produzir bons resultados, exige conhecimentos muito extensos. Quanto mais instruído e dotado de qualidades morais é o médium, maiores recursos facilita aos Espíritos. Em todos os casos, contudo, o indivíduo não é mais do que um instrumento; este, porém, deve ser apropriado à função de que é encarregado. Um artista, por mais hábil que seja, nunca poderá tirar de um instrumento incompleto mais que medíocre partido. O mesmo se dá com o Espírito em relação ao médium intuitivo, no qual um claro discernimento, uma lúcida inteligência, o saber mesmo, são condições essenciais.

Verdade é que se têm visto sensitivos escreverem em línguas desconhecidas ou tratar de questões cientificas e abstratas, muito acima de sua capacidade. São raros, porém, esses casos, que exigem grandes esforços da parte dos Espíritos. Estes preferem recorrer a intermediários maleáveis, aperfeiçoados pelo estudo, suscetíveis de os compreender e lhes interpretar fielmente os pensamentos.

Nessa ordem de manifestações, os invisíveis atuam sobre o intelecto do sensitivo e lhes projetam na esfera mental suas idéias. Às vezes os pensamentos se confundem; os dois Espíritos revestem uma forma, uma expressão, em que se acham reproduzidos o estilo e a linguagem habitual do médium. Ainda aí se requer escrupuloso exame. Será, todavia, fácil ao observador destacar, da insignificância de inúmeros ditados e do contingente pessoal dos sensitivos, o quepertence aos Espíritos adiantados, cujas comunicações revestem um caráter grandioso, um cunho de verdade muito acima das possibilidades do médium.

Nos fenômenos de transe ou do sonambulismo em seus diversos graus, os sentidos materiais vêm a ser pouco a pouco substituídos pelos sentidos psíquicos, os meios de percepção e de atividade aumentam em proporções tanto mais consideráveis quanto mais profundo é o sono e mais completo o desprendimento perispirituais.

Nesse estado, nada percebe o corpo físico; serve simplesmente de transmissor, quando o médium ainda pode exprimir suas sensações. Já na exteriorização parcial se produz esse fenômeno. No estado de vigília, sob a influência oculta, a tal ponto o invólucro fluídico do sensitivo se desprende e irradia que, permanecendo embora intimamente ligado ao corpo, começa a perceber as coisas ocultas aos nossos sentidos exteriores; é o estado de clarividência, ou dupla vista, de visão à distância através dos corpos opacos, audição, psicometria, etc.

Em mais elevadas graduações, no estado de hipnose, a exteriorização se acentua até ao desprendimento completo. A alma, liberta de sua prisão carnal, paira nas alturas; seus modos de percepção, subitamente recobrados, lhe permitem abranger um vasto círculo e se transporta com a rapidez do pensamento. A essa ordem de fenômenos pertence o estado de transe, que torna possível a incorporação de Espíritos desencarnados ao envoltório do médium, deixado.livre, semelhante a um viajante que penetra em casa devoluta.

Os sentidos psíquicos, inativas no estado de vigília na maior parte dos homens, podem, entretanto, ser utilizados. Basta, para isso, abstrair-se das coisas materiais, cerrar os sentidos físicos a todo ruído e toda visão exterior, e, por um esforço de vontade, interrogar esse sentido profundo em que se resumem todas as nossas faculdades superiores e que denominamos o sexto sentido, a intuição, a percepção espiritual. E por ele que entramos em contacto direto com o mundo dos Espíritos, mais facilmente que por qualquer outro meio; porque esse sentido constitui atributo da alma, o próprio
fundo de sua natureza, e acha-se fora do alcance dos sentidos materiais, de que difere inteiramente.

A Ciência menosprezou até hoje esse sentido - o mais belo de todos; e é por isso que se tem conservado ignorante de tudo o que se refere ao mundo do invisível. As regras que ela aplica ao plano físico serão insuficientes, sempre que as quiserem aplicar ao mundo dos Espíritos. Para penetrar neste, é preciso antes de tudo compreender que nós mesmos soros espíritos, e que não podemos entrar em relação com o universo espiritual senão pelos sentidos do espírito.


Referência:
34O grande físico Willian Crookes organizou uma classificação, segundo a qual as vibrações sonoras se  acham  distribuídas  do  5º  ao  15º  graus,  conforme  a  intensidade  e  a  tonalidade.  A  eletricidade  e  a imantação  do  20º  ao  35º  graus.  Do  45º  ao  50º  encontram­se  o  calor e  a  luz.  Além  do  58º  grau,  manifestam­ se as ondulações catódicas.Nos intervalos, porém, extensas regiões de energias permanecem  inexploradas, inacessíveis aos nossos sentidos.

Fonte;
Livro No Invisível - Leon Denis 


Leitura Recomendada;
TRANSE, ANIMISMO E MEDIUNISMO
NOVO ESTUDO COM MÉDIUNS OBTÉM FORTÍSSIMAS EVIDÊNCIAS DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA
MEDIUNIDADE NO TEMPO DE JESUS
MÉDIUNS DE ONTEM E DE HOJE
EVOLUÇÃO E MEDIUNIDADE
INTELIGÊNCIA E MEDIUNIDADE
PROCESSOS DA MEDIUNIDADE
MÉDIUNS CURADORES
A MEDIUNIDADE DE SANTA BRÍGIDA
DIVULGAÇÃO DE MENSAGENS MEDIÚNICAS
ESTUDOS DA MEDIUNIDADE ANTES DA CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA
MEDIUNIDADE NA BÍBLIA
TRANSE E MEDIUNIDADE
O FENÔMENO MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE, ESTUDO CLÍNICO
A EDUCAÇÃO DO MÉDIUM
A MEDIUNIDADE, POR LÉON DENIS
MEDIUNIDADE E ANIMISMO
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
O FENÔMENO MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE CURADORA
PALAVRAS DO CODIFICADOR - MEDIUNIDADE CURADORA