sábado, 8 de setembro de 2012

A DESENCARNAÇÃO É A CERTEZA FUTURA QUE TEMOS.



A DESENCARNAÇÃO É A CERTEZA FUTURA QUE TEMOS. 

Quando pessoa querida desencarna é crucial resignar-nos, observando no fenômeno da “morte” a manifestação da Lei de Deus que governa a vida. A desencarnação é a única certeza futura que temos. Todos passaremos por essa provisória despedida. Não há como tapearmos o pensamento a respeito desse impositivo da natureza. Em face disso, permitamos que o pensamento sobre a “morte” componha de forma ininterrupta e serena nossos estados mentais, reflexão sem a qual estaremos desaparelhados, ou para o regresso inevitável ou despreparados para arrostarmos com quietação a “morte” dos nossos entes queridos.

Compreendemos que “nenhum sofrimento, na Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio. Ver a névoa da morte estampar-se, inexorável, na fisionomia dos que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritível, é como despedaçar a própria alma e prosseguir vivendo.” (1)

Em verdade, depois do desenlace, sobrevém ao “falecido” um período de inquietação transitória, variando obviamente de espírito a espírito, consoante seu talhe moral, mormente no que tange ao desprendimento das coisas materiais. Em verdade, nem todo Espírito se desune imediatamente da carcaça biológica. Entretanto, em qualquer circunstância, jamais escasseará o socorro espiritual, sobretudo aos que fazem jus, proporcionado pelos bons espíritos. É como elucidou Jesus: "Em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a “morte”." (2)

Quando a desencarnação de ente amado nos bata à porta, dominemos o desespero e dissolvamos a corrente da aflição no manancial da prece, porquanto os desencarnados são tão somente ausentes e os pingos de nossas lágrimas lhes açoitam a consciência como chuva de fel. “Eles pensam e lutam, sentem e choram, inquietam-se pelos que ficam. Ouvem-nos os gritos e as súplicas, na onda mental que rompe a barreira da grande sombra e tremem cada vez que os laços afetivos da retaguarda se rendem à inconformação.” (3)
O luto (4) pode variar muito dependendo das pessoas, do tipo de “morte” e da cultura, mas que o caminho mais comum é entender que a pessoa partiu e redefinir a vida com a ausência do ente querido. Uma das teorias mais consagradas para elucidar a reação humana durante o luto é a dos “cinco estágios”, desenvolvida pela psiquiatra suíça e reencarnacionista Elizabeth Kübler-Ross, em 1969. Segundo Kübler-Ross, até superar uma perda, as pessoas enlutadas passam por fases sucessivas de negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. 
Cerca de 50% das pessoas lidam muito bem com a “perda” e volta à vida normal em semanas. Apenas 15 % de enlutados desenvolvem graves dificuldades que afetam a convivência social, possivelmente porque o “aceitar perdas”, especialmente aquelas referentes aos sentimentos, é enormemente complexo e trabalhoso para tais pessoas.
Se o luto não é essencialmente tão insuportável quanto se concebia, e se a maior parte dos enlutados conseguem suplantar bem uma “perda”, por que razão algumas pessoas não conseguem superar o trauma? Pois os 15% atravessam anos sobrevivendo como nos primeiros e mais complicados períodos do luto. Essas pessoas não conseguem retomar a vida. Cultuam a dor, em uma espécie de luto crônico, chamado pelos psiquiatras de “luto patológico” ou “luto complicado”.

Transportando o sentimento para a família, o luto pode provocar uma grave crise doméstica, pois exige a tarefa de renúncia, de excluir e incluir novos papéis na cena familiar. Sigmund Freud, em “Luto e Melancolia”, remete-nos para ponderações razoáveis sobre o desencadear patológico da “perda” afetiva pela desencarnação. Entre suas teses, o pai da psicanálise assegura que o luto é a resposta emocional benéfica, adequada para a ocorrência da “perda”, já que há necessidade do enlutado de reconhecer a “morte” como evento, como realidade que se apresenta e que naturalmente suscita constrangimento. O “pai da psicanálise” afiança que na melancolia o enlutado identifica-se com o morto e, ao deparar com essa “perda”, a pessoa entende que parte dela também está indo; há uma identificação patológica com o “de cujus”. Vemos então que no enlutamento melancólico há o que Freud chama de estado psicótico, em que o ego não suporta essa ruptura e adoece gravemente.
A revelação Espírita demonstra que “morte” física não é o extermínio das aspirações e anseios no bem, porém o ingresso para a existência autêntica, para a vida real. Sim! A existência física é ilusória, fugaz, transitória demais. A separação do corpo pela “morte” não é uma anomalia da natureza. Simplesmente transfere-se da dimensão física, para o sítio espiritual.

O chamado morto jaz na ligação pelo pensamento, de modo que ele captura as orações que lhe forem direcionadas e se sentirá apoiado com isso. Da mesma forma ficará descansado sabendo que os familiares estão resignados e trabalhando para que a vida terrena continue sem sobressaltos. Não olvidemos que em futuro mais próximo que imaginamos respiraremos entre os falecidos, comungando-lhes as necessidades e os problemas, porquanto terminaremos também a própria viagem no mar das provas terrenas.

Quando a saudade é dolorida, há os que buscam a instituição espírita para obter informações do finado, porém, nem sempre é possível obterem-se notícias sobre os parentes desencarnados; para tanto é necessário que eles tenham condições morais e a permissão dos Bons Espíritos. Mas, para abrando de alguns, existem episódios em que os saudosos poderão ter encontros com seus entes queridos no plano espiritual; isso poderá ocorrer durante o sono, quando os Benfeitores permitem essas aproximações, a fim de que sobrevenha renovação de ânimo entre encarnados e desencarnados.

De qualquer modo, o tema “morte” ainda se revela assunto quase inteiramente incompreendido na Terra. Efetivamente, “morrer” (término da vida biológica) e desencarnar (ruptura do laço magnético que une espírito ao corpo) são fenômenos que nem sempre acontecem simultaneamente. Os intervalos de tempo para desligar-se do corpo variam para cada Espírito. Para uns pode ser mais dilatado, para outros é uma passagem rápida.
A intermitência de tempo entre a “morte” biológica e a desencarnação tem relação direta com os pensamentos e ações praticados enquanto encarnado. Ninguém topará com o “céu” ou o “inferno” do lado de “lá”, porquanto o “empíreo” e a “geena” são conteúdos mentais construídos aqui no plano físico. Após o fenômeno da fatalidade biológica pela “morte”, cada Espírito irá deparar com o cárcere ou a liberdade a que faz merecer como fruto do desleixo ou disciplina mental que cultivou durante a experiência física.

Para os que alcançaram aproveitar a encarnação, sem viciações e apegos, os que cumpriram a lei de amor, tornam-se menos densos os laços magnéticos que prendem o Espírito ao corpo. Nesse caso, a desencarnação será rápida, proporcionando adequada liberdade, até mesmo antes de sua consumação. Todavia, os indisciplinados que se afundaram nos excessos, nas viciações, nos prazeres mundanos, cunham intensas impressões e vínculos magnéticos na matéria, e unicamente alcançarão a liberação após um intervalo de tempo, análogo ao tempo de desequilíbrio vivido na carne. Contudo, mesmo após a ruptura dos embaraços magnéticos, que o algemavam à vida física, padecerá, por tempo indefinido, dos tormentos disseminados nas vias de suas experiências no mal (eis aí a metáfora do inferno).

Ante os impositivos cristãos, devem-se emitir para os desencarnados, sem exceção, pensamentos de consideração, paz e desvelo, seja qual for a sua condição moral. Temos consciência da imortalidade, da vida além-túmulo.
Allan Kardec nos remete a Jesus, e com o Meigo Rabi certificamos que o fenômeno da “morte” é totalmente diferente. No túmulo de Jesus não há sinal de cinzas humanas, nem pedrarias, nem mármores luxuosos com frases que indiquem ali a presença de alguém. Quando os apóstolos visitaram o sepulcro, na gloriosa manhã da Ressurreição, não havia aí nem luto nem tristeza. Lá encontraram um mensageiro do reino espiritual que lhes afirmou: não está aqui. Os séculos se dissiparam e o túmulo [de Jesus] permanece aberto e vazio, há mais de dois mil anos. Seguindo, pois, com o Cristo, através da luta de cada dia, jamais localizaremos a amargura do luto por ensejo da “morte” de pessoa amada, e sim a vida em plenitude.

Jorge Hessen

Referências bibliográficas:
 (1)       Xavier, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos , ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1960
(2)       JOÃO, 8:51
(3)       _________ Francisco Cândido. Religião dos Espíritos , ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1960
(4)       Luto [do latim luctu] – 1. Sentimento de pesar ou de dor pela morte de alguém.

Jorge Hessen

Jorge Hessen, nascido no Rio de Janeiro a 18/08/1951, Servidor Publico Federal, residente em Brasília desde 1972. Formado em Estudos Sociais com ênfase em Geografia e Bacharel e Licenciado em História pela UnB. Escritor livros publicados: Luz na Mente publicada pela Edicel, Praeiro, um Peregrino nas Terras do Pantanal publicado pela Ed do Jornal Diário de Cuiabá/MT, Anuário Histórico Espírita 2002, uma coletânea de diversos autores e trabalhos históricos de todo o Brasil, coordenado pelo Centro de Documentação Histórica da União das Sociedades Espíritas de São Paulo - USE. Articulista com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Imortal, Revista Internacional do Espiritismo, O Médium de Juiz de Fora, Brasília Espírita, Mato Grosso Espírita, Jornal União da Federação Espírita do DF. Artigos publicados na WEB da Federação Espírita Espanhola, l'Encyclopédie Spirite. Revista eletrônica O Consolador, da Espiritismogi.com.br, Panorama Espírita, Garanhuns Espírita e outras.


Leitura Recomendada;

A MORTE ESPIRITUAL
A CRIANÇA E O LUTO
RESPOSTA DE LÉON DENIS SOBRE A REENCARNAÇÃO
NOTICIÁRIO DO ALÉM
DA PROIBIÇÃO DE EVOCAR OS MORTOS
EVOCAR OU NÃO EVOCAR DETERMINADOS ESPÍRITOS?
INVISÍVEIS, MAS NÃO AUSENTES
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/09/invisiveis-mas-nao-ausentes.html

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

OBSESSÃO E AUXÍLIO


OBSESSÃO E AUXÍLIO


A obsessão se caracteriza pela ação de entidades espirituais inferiores sobre o psiquismo humano.
Kardec distinguiu, em suas pesquisas, três graus do processo obsessivo: obsessão simples, subjugação e fascinação. No primeiro grau a infestação espiritual atinge a mente causando perturbações mentais; no segundo grau amplia-se aos centros da afetividade e da vontade, afetando os sentimentos e o sistema psicomotor, levando o obsedado a atitudes e gestos estranhos e tiques nervosos; no terceiro grau afeta a própria consciência da vítima, desencadeando processos alucinatórios.

As causas da obsessão decorrem de vários fatores, dos quais os mais frequentes são: problemas reencarnatórios, tendências viciosas, egoísmo excessivo, ambições desmedidas, aversão a certas pessoas, ódio, sentimentos de vingança, futilidade, vaidade exagerada, apego ao dinheiro e assim por diante. Essas disposições da criatura atraem espíritos afins que a envolvem e são aceitos por ela como companheiros invisíveis. Os Espíritos obsessores não são os únicos culpados da obsessão. Geralmente o maior culpado é a vítima.

Na Antiguidade a obsessão era tratada com violência. As práticas do exorcismo, até hoje vigentes no Judaísmo e no Catolicismo, destinam-se a afastar o demônio de maneira agressiva e violenta. No Espiritismo o método empregado é o da persuasão progressiva do obsessor e do obsedado. É o que se chama de doutrinação, ou seja, esclarecimento de ambos à luz da Doutrina Espírita. Não se usa nenhum ingrediente especial. Emprega-se apenas a prece e a conversação persuasiva. Esclarecido o obsedado, atinge-se o obsessor, que ficam, por assim dizer, vacinados contra novas ocorrências obsessivas.

O tratamento mediúnico não segue uma regra única. Varia de acordo com a natureza dos casos e as condições psicológicas específicas dos pacientes. Todo tratamento mediúnico deve ser gratuito, segundo a prescrição de Kardec, pois depende estritamente do auxílio espiritual. Os Espíritos não cobram por seus serviços e não gostam que cobrem por eles. Os que não compreendem isso, deixando-se levar pela ganância, acabam fatalmente subjugados pelos Espíritos inferiores. Como assinalava Kardec, o desprendimento dos interesses terrenos é a primeira condição do interesse dos Espíritos superiores pelo nosso esforço em favor do próximo.

Do livro “Obsessão, o passe, a doutrinação”
J. Herculano Pires

TORMENTOS DA OBSESSÃO


TORMENTOS DA OBSESSÃO 


A obsessão campeia na Terra, em razão da inferioridade de alguns Espíritos que nela habitam.
Mundo de provas e expiações, conforme esclareceu Allan Kardec, é também bendita escola de recuperação e reeducação, onde se matriculam os calcetas e renitentes no mal, que crescerão no rumo da felicidade mediante o contributo das aflições que se lhes fazem indispensáveis.
Alertados para o cumprimento dos deveres morais e espirituais que são parte do programa de crescimento interior de cada qual, somente alguns optam pelo comportamento saudável, o que constitui psicoterapia preventiva contra quaisquer aflições a que pudessem ser conduzidos. No entanto, aqueles que se tornam descuidados dos compromissos de auto-iluminação e de paz enveredam pelas trilhas do abuso das faculdades orgânicas, emocionais e mentais, comprometendo-se lamentavelmente com as soberanas Leis da Vida através da agressão e do desrespeito aos irmãos de marcha evolutiva.
Não é, portanto, de estranhar que a inferioridade daqueles que sofrem injustiças e traições, enganos e perversidades, os arme com os instrumentos covardes da vingança e da perseguição quando desvestidos da indumentária carnal, para desforçarem-se daqueles que, por sua vez, foram motivos do seu sofrimento.

Compreendessem, porém, a necessidade do amor e superariam as ocorrências nefastas, desculpando os seus adversários e dando-lhes ensejo para repararem o atentado praticado contra a Consciência Divina. No entanto, porque também primários nos sentimentos, resolvem-se pelo desforço, atirando-se nas rudes pugnas obsessivas, nas quais, por sua vez, tornam-se igualmente presas das paixões infelizes que combatem nos seus desafetos.
A inteligência e o sentimento demonstram que é muito mais fácil amar, ser fiel, construir a paz, implantar o dever, realizar a própria e contribuir em favor da felicidade alheia, do que semear dissabor, cultivar amargura, distender o ódio e o ressentimento. Não obstante, o egoísmo e a crueldade que ainda vigem nas criaturas humanas quase em geral respondem pela conduta doentia, impulsionando-as para os desatinos e descalabros que se tornam responsáveis pela sua futura desdita.

Negando-se aos sentimentos elevados, o ser transita pelos sítios tumultuados do desespero a que se entrega, quando poderia ascender aos planaltos da harmonia que o aguardam com plenitude.
Enquanto permanece esse estado no comportamento humano, as obsessões se transformam em verdadeiro flagelo para todos aqueles que se deixem aprisionar nas suas amarras.

A obsessão apresenta-se sob muitos disfarces, tornando-se cada vez mais grave na sociedade hodierna que teima em não a reconhecer, nem a considerar.
Religiosos apegados a fanatismo injustificável descartam-na, acreditando-se credenciados a saná-la onde se manifeste, mediante o poder da fé e a autoridade que se atribuem.
Acadêmicos vinculados ao ceticismo em torno da imnortalidade do Espírito nas diversas áreas em que se movimentam, especialmente nas denominadas 'ciências da alma', recusam-se a aceitá-la, convertendo o ser humano a uma situação reducionista, materialista, que a morte consome, aniquilando-o.

Arreligiosos, embriagados pela ilusão dos sentidos ou portadores de empáfia, afirmam-se imunes à enfermidade traiçoeira por indiferença aos elevados fenômenos espirituais, que se multiplicam, volumosos, e são desconsiderados.
Multidões desinformadas da realidade da vida banqueteiam-se na irresponsabilidade, comprometendo-se lamentavelmente através de condutas esdrúxulas e imorais, gerando faturas calamidades para cada um dos seus membros.
E mesmo incontável número de adeptos do Espiritismo, com profundos esclarecimentos e orientação, não poucas vezes opta pela leviandade e arrogância, comprometendo-se com a retaguarda onde ficam em expectativa aqueles que foram iludidos, defraudados, maltratados pela sua insensatez.

A vida sempre convoca à reparação todo aquele que se compromete, perturbando-lhe os estatutos superiores. Ninguém, que defraude a ordem, deixará de sofrer a consequência da atitude irrefletida. Cada ser humano conduz no imo a cruz para o sofrimento ou a transforma em instrumento de ascensão conforme se comporte durante o périplo terreno.
Os sofrimentos, que surpreendem os Espíritos após desvestirem-se da roupagem física, são decorrência natural dos seus próprios atos, assim como as alegrias e bênçãos que desfrutem. Não se tratam, portanto, os primeiros, de punições severas impostas pela 

Divindade, mas de processo natural de reparação, nem as outras de concessão gratuita oferecidas aos privilegiados. O Amor vige em tudo, facultando aos equivocados os sublimes mecanismos para a reparação dos erros e a edificação no Bem que se encontra ao alcance de todos.
Podemos dizer, portanto, que a obsessão pode ser considerada como o choque de retorno da ação infeliz perpetrada contra alguém que enlouqueceu de dor e de revolta, necessitando de tratamento adequado e urgente.

* * *
Toda semente de ódio, deixada a esmo pelo caminho, sempre se transforma em plantação de infelicidade, proporcionando colheita de amarguras.
Somente o amor possui o recurso precioso para facultar harmonia e alegria de viver.
Do livro: “Tormentos da Obsessão”

Pelo Espírito: Manoel Philomeno de MirandaPsicografia: Divaldo Pereira Franco