Saulo é surpreendido pela visita do próprio Cristo,
alterando-se
definitivamente o rumo da sua existência, na estrada para
Damasco
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“O
Mestre chama-o, da sua esfera de claridades imortais. Paulo tateia na treva das
experiências humanas e responde: – Senhor, que queres que eu faça? Entre ele e
Jesus havia um abismo, que o Apóstolo soube transpor em decênios de luta
redentora e constante.”1
HAROLDO DUTRA DIAS
As lições
sublimes
do Evangelho, como pérolas, se revelam nos
menores gestos do Mestre. Do círculo dos perseguidores do Cristianismo, Jesus convoca
o verdugo de Estêvão, o primeiro mártir, para transformá-lo no apóstolo dos
gentios.
O chamado
de Saulo guarda a marca do perdão, com que a Providência Divina renova as
oportunidades aos filhos transviados.
Verdugo
e vítima se unem, espiritualmente, para a maior tarefa de propagação do
Cristianismo
Nascente,
conferindo à mensagem da Boa Nova seu inigualável sabor de universalidade.
A
universalização do Cristianismo é contribuição de
Paulo, no plano físico, e de Estêvão, no plano espiritual, sob a égide do
Cristo, que não cessa de prodigalizar bênçãos e serviços, visando o
aprimoramento de seus tutelados na Terra.
A conversão
de Saulo representa a retomada de um destino, de uma missão espiritual, que
corria o risco de soçobrar, não fosse a misericórdia do Mestre. Neste artigo,
focalizamos a data da referida conversão, em nossa tentativa de levantamento dos
fatos marcantes do primeiro século do Cristianismo no mundo.
Novamente,
urge realizar uma combinação harmoniosa e criteriosa de dados, com vistas à
formação de um quadro cronológico coerente e convincente, baseado nas
informações de Emmanuel:
“Estamos na velha Jerusalém, numa clara manhã do ano
35”.2
Naquelas primeiras horas da tarde, o sol de Jerusalém era
um braseiro ardente. Não obstante o calor insuportável, a massa deslocou-se com
profundo interesse. Tratava-se do primeiro processo concernente às atividades
do “Caminho”, após a morte do seu fundador.[...]3
Oito meses de
lutas incessantes passaram sobre a morte de Estêvão, quando o moço tarsense, capitulando
ante a saudade e o amor que lhe dominavam a alma, resolveu rever a paisagem florida
da estrada de Jope, onde por certo reconquistaria o afeto de Abigail,de maneira
a reorganizarem todos os projetos de um futuro ditoso.4
Quando as
sombras crepusculares se faziam mais densas, dois homens desconhecidos entravam
nos subúrbios da cidade.Embora a ventania afastasse as nuvens tempestuosas na
direção do deserto, grossos pingos de chuva caíam, aqui e ali, sobre a poeira ardente
das ruas. As janelas das casas residenciais fechavam-se com estrépito.
Damasco podia
recordar o jovem tarsense [...]. 5
Antes de comparar os
textos, é conveniente relembrar algumas datas importantes do primeiro século do
Cristianismo, todas detalhadamente explicadas em edições anteriores desta
revista.
Sendo assim,
considerando-se que a crucificação se deu em abril/maio do ano 33 d.C.,6 o
encontro de Estêvão com Simão Pedro, na Casa do Caminho, ocorreu após o outono
de 34 d.C., mas antes de abril de 35 d.C., ou seja, antes de se completarem
dois anos da crucificação.7
Ao introduzir
o episódio do martírio de Estêvão, afirma Emmanuel: “Estamos na velha
Jerusalém, numa clara manhã do ano 35”, confirmando todos os cálculos
precedentes.
Na descrição,
propriamente dita, do referido martírio, o Benfeitor espiritual utiliza a
seguinte expressão: “Naquelas primeiras horas da tarde, o sol de Jerusalém era um
braseiro ardente. Não obstante o calor insuportável [...]”. Assim, é lícito
concluir:
O
apedrejamento de Estêvão se deu no verão do ano 35 d.C.8
Decorridos
oito
meses da morte do primeiro Mártir, Saulo procura Abigail na pequena propriedade
rural situada na estrada de Jope, surpreendendo-a em grave estado de saúde.
Esse
dramático encontro entre Saulo e Abigail só pode ter ocorrido
no início do ano 36 d.C.
Saulo de
Tarso,
profundamente abatido com a morte de Abigail, renova os processos de
perseguição aos cristãos e organiza a célebre viagem à cidade de Damasco, em
busca de Ananias.
Na véspera
de sua chegada, após viagem longa e penosa, o apóstolo dos gentios é
surpreendido pela visita do próprio Cristo, alterando-se definitivamente o rumo
da sua existência.
Adentrando
em Damasco, acometido de temporária cegueira, o jovem Saulo sente que “grossos pingos
de chuva caíam, aqui e ali, sobre a poeira ardente das ruas”. Nos países
banhados pelo mar Mediterrâneo, o clima é muito semelhante, com verões secos e quentes,
e invernos moderados e chuvosos. As estações do ano se dividem em dois grandes
blocos: primavera–verão (abril–setembro) e outono–inverno (outubro–março).
A primavera
tem início no mês de abril, quando cessam as chuvas.
Nesse caso,
é plausível postular, com base nos informes de Emmanuel, que a conversão de
Saulo se deu antes da primavera, ou seja, no primeiro trimestre do ano 36 d.C.
Fonte: Reformador Ano 127 •
Nº 2. 160 • Março 2009
1XAVIER, Francisco C.
Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 44. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.
Breve notícia, p. 9.
2Idem, ibidem. P. 1,
cap. 4, p. 84.
3Idem, ibidem. Cap. 8,
p. 187-188.
4Idem, ibidem. Cap. 9,
p. 210.
5XAVIER, Francisco
C.Op. cit. P. 1, cap. 10,p. 250.
6DUTRA, Haroldo D.
Cristianismo redivivo: história da era apostólica, a crucificação de Jesus,
Reformador, ano 126, n. 2.154, p. 33(351)-35(353), set. 2008.
7Idem, ibidem. O
primeiro mártir, Reformador, ano 127, n. 2.158, p. 29(27)--31(29), jan. 2009. Saulo
é surpreendido pela visita do próprio Cristo, alterando-se definitivamente o
rumo da sua existência, na estrada para Damasco
8Idem, ibidem.
Leitura
Recomendada:
História
da Era Apostólica (SÉCULO I) – PARTE I
História
da Era Apostólica (Século I) – Parte II
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http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2016/02/cristianismo-redivivo-historia-da-era_27.html
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