Tiago, filho de
Zebedeu, por Benvenuto Tisi de Garofalo
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“Desde
já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem à
tona os erros do nosso tentame singelo. [...] e ao pedantismo dogmático, ou literário, de todos
os tempos, recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o
espírito vivifica” 1
HAROLDO DUTRA DIAS
A tendendo
ao alvitre de Simão Pedro, Barnabé convidou Paulo para os trabalhos promissores
na Igreja de Antioquia.No artigo anterior [publicado em jan. 2010, p. 33-35], concluímos
que, da data de sua conversão em Damasco até sua chegada em Antioquia,
transcorreram seis longos anos (primeiro trimestre do ano 36 d.C. até o verão
do ano 42 d.C.), nos quais o Apóstolo dos Gentios consolidou as profundas transformações
que o encontro com Jesus lhe provocou.
Consoante os informes de Emmanuel e Irmão X:
[...] Ainda, aí, entrou a compreensão de Pedro para que não faltasse ao tecelão de Tarso o ensejo devido. Observando as dificuldades, depois de indicar
Barnabé para
a direção do núcleo do “Caminho”, aconselhou-o a procurar o convertido de
Damasco, a fim de que sua capacidade alcançasse um campo novo de exercício
espiritual.
[...]
Pressuroso e prestativo, Saulo de Tarso em breve se instalava em Antioquia, onde passou a cooperar ativamente com os amigos do Evangelho. [...]2
Com efeito,
daí a meses, um portador da igreja de Jerusalém chegava apressadamente a
Antioquia, trazendo notícias alarmantes e dolorosas. Em longa missiva, Pedro
relatava a Barnabé os últimos fatos que o acabrunhavam.
Escrevia na
data em que Tiago, filho de Zebedeu, sofrera a pena de morte, em grande
espetáculo público. [...]3(Grifo nosso.)
Onze anos
após a crucificação do Mestre, Tiago, o pregador, filho de Zebedeu, foi
violentamente arrebatado por esbirros do Sinédrio, em Jerusalém, a fim de responder
a processo infamante.(Grifo nosso.)
[...]
O antigo pescador e aprendiz de Jesus é atado a grande poste e, ali mesmo, sob a alegação de que Herodes lhe decretara a pena, legionários do povo passam-no pela espada, enquanto a turba estranha lhe apedreja os despojos.4
Imensas
surpresas aguardavam os emissários de Antioquia, que já não encontraram Simão
Pedro em Jerusalém. As autoridades haviam efetuado a prisão do ex-pescador de
Cafarnaum, logo após a dolorosa execução do filho de Zebedeu. [...]5
Nos capítulos 11, 12 e 13 do livro Atos dos Apóstolos encontramos uma descrição parcial dos fatos ocorridos durante a permanência do Apóstolo em Antioquia, entre eles a mudança do nome dos seguidores de Jesus, que passaram a se chamar “cristãos”, um ano depois da chegada de Paulo (Atos, 11:26); as previsões do profeta Ágabo a respeito dos martírios em Jerusalém (Atos, 11:28); o martírio de Tiago, filho de Zebedeu, e irmão de João Evangelista (Atos, 12:2); a prisão de Simão Pedro, a morte de Herodes (Atos, 12:3 e 23) e a viagem de Paulo e Barnabé a Jerusalém (Atos, 12:25).
Essa descrição parcial é bastante enriquecida com os dados trazidos pelo Benfeitor Emmanuel, no romance Paulo e Estêvão, permitindo-nos organizar um quadro razoavelmente detalhado do período.
Desse modo, conjugando as informações, é possível determinar que o martírio de Tiago ocorreu, segundo o relato do Espírito Irmão X, onze anos após a crucificação. Em publicações anteriores demonstramos que a crucificação de Jesus se deu em abril/maio do ano 33 d.C.,6 portanto, Tiago morreu no ano 44 d.C.,7 data em que Simão Pedro escreveu a missiva para Barnabé, que se encontrava em Antioquia.
Herodes Agripa I, filho mais novo de Herodes Magno (Herodes, o Grande), foi condecorado com o título real pelo imperador romano Calígula no ano 37 d.C., mas somente reinou, efetivamente, a partir do ano 41 d.C. Os historiadores divergem quanto à data da sua morte, especulando que ela tenha ocorrido entre setembro/outubro de 43 d.C. e fevereiro de 44 d.C.
Harold Hoehner, em sua tese de doutorado intitulada Chronology of the Apostolic Age,8 postula que Herodes morreu no ano 44 d. C., apresentando diversas evidências documentais e arqueológicas bastante convincentes. Ademais, sua data se harmoniza perfeitamente com aquela informada pelo Espírito Irmão X.
Após o recebimento da carta de Simão Pedro, Paulo e Barnabé dirigiram-se a Jerusalém, onde foram surpreendidos pela ausência do próprio Simão, que havia se retirado da cidade, em função da sua anterior prisão.
Não obstante, Barnabé e Paulo entregaram a coleta de donativos ao apóstolo Tiago, regressando a Antioquia profundamente impressionados com as mudanças ocorridas na Igreja de Jerusalém, que perdera suas características de simplicidade e independência.
O resumo das datas mencionadas neste artigo e no anterior pode ser conferido na tabela acima, enriquecida com outros eventos mencionados no livro Atos dos Apóstolos
Fonte: Reformador Ano 128 • Nº 2. 171 • Fevereiro 2010
1XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 44. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Breve notícia, p. 10.
2Idem, ibidem. P. 2,
cap. 4, p. 388.
3Idem, ibidem. p. 395.
4XAVIER, Francisco C. Contos desta e doutra
vida. Pelo Espírito Irmão X. 2. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap.
23. p. 111-112.
5Idem. Paulo e Estêvão.
Pelo Espírito Emmanuel. 44. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2007. P. 2, cap.
4, p. 396.
6Consultar o artigo
intitulado “A crucificação de Jesus”, publicado na revista Reformador, ano 126,
n. 2.154, set. 2008, p. 33(351)-35(353).
7Consultar o artigo
intitulado “A Igreja de Antioquia”, publicado na revista Reformador, ano 127,
n. 2.167, out. 2009, p. 34(392)-36(394)
8O leitor não deve
confundir essa tese de doutorado, não
publicada, com outro livro de Harold Hoehner intitulado Chronological Aspects
of the Life of Christ, publicado pela Editora Zondervan, de caráter
estritamente religioso. Sua tese de doutorado reúne todos os requisitos que uma
obra acadêmica deve apresentar para ser aceita pelos especialistas da área, ao
contrário do seu livro, acima citado, que foi dirigido ao público religioso.
9Consultar o artigo
intitulado “A crucificação de Jesus”, publicado na revista Reformador, ano 126,
n. 2.154, set. 2008, p. 33(351)-35(353).
10Consultar o artigo
intitulado “O primeiro Mártir”, publicado na revista Reformador, ano 127, n.
2.158, jan. 2009, p. 29(27)-31(29).
11Consultar o artigo
intitulado “A Igreja de Antioquia”, publicado na revista Reformador, ano 127,
n. 2.167, out. 2009, p. 34(392)-36(394).
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