Lizarbe
Gomes/RS
Ao longo da
leitura da parte primeira, livro terceiro, a “Fisiologia do Magnetizador”, do
“Tratado Prático do Magnetismo e do Sonambulismo” (1845) encontramos a seguinte
dissertação do autor, Aubin Gauthier: “O Magnetismo é um agente disseminado na
natureza e dele todos os corpos são impregnados.
Ele escapa
aos nossos sentidos, não o vimos.
Se não o
vimos, podemos observar seus efeitos, o que já seria suficiente para
estabelecer sua existência. Porém, o homem, em estado de sonambulismo vê o
fluido magnético sob a forma de um fogo brilhante que sai particularmente das
mãos do magnetizador, o que explica porque a Antiguidade representava os deuses
com flamas nas pontas dos dedos e como Mesmer afirmou: “O magnetismo animal,
considerado como agente, é um fogo invisível”.
Quando um
magnetizador impõe a mão sobre um doente, de seu corpo saem imediatamente
correntes de matéria fluídica que se dirigem sobre o magnetizado. Diz Mesmer
“observa-se o escoamento de uma matéria cuja sutileza penetra todos os corpos.”
Concebe-se
então que o magnetizador não doa apenas seus esforços e fruto de seus estudos,
mas doa ainda uma parte de sua própria existência.
Sem entender
de outra maneira os atos magnéticos relacionados às incomparáveis curas
operadas por Jesus Cristo, eu lembrarei que tendo ele sido tocado, na ponta de
seu manto por uma mulher enferma, a qual foi curada. Jesus logo disse: ‘Quem me
tocou? “. Como todos se defendessem, Pedro e aqueles que estavam com Ele lhe
disseram: “Mestre, a multidão vos pressiona e vos oprime e vós quereis saber
quem vos tocou!”.
Jesus
respondeu: “Alguém me tocou, pois senti uma virtude que saiu de mim!”.
Essas
palavras de Jesus Cristo tem, na boca de São Lucas, um caráter particular que
hoje interessa bastante ao magnetismo, pois São Mateus, que era um coletor de
impostos não fala da “virtude saída” do corpo de Jesus Cristo, cita apenas a
cura; São Marcos, discípulo de São Pedro, que era um pescador, diz simplesmente
que Jesus conhecendo em si mesmo a virtude que saía dele, se voltou para a
multidão e disse “Quem tocou minhas vestes?”
São João nada
diz sobre este assunto.
São Lucas
relata com palavras completamente racionais: “Alguém me tocou, pois senti uma
virtude que saiu de mim!”.
Por que esta
superioridade de São Lucas sobre os outros evangelistas? É que São Lucas era
médico.
Seu Evangelho
oferece mesmo esta particularidade médica e magnética. Ele é também o único dos
evangelistas que diz a respeito da mulher doente:
“Que ela
havia dispensado todos seus bens com os médicos e que nenhum pode curá-la.”
Para São Lucas, a cura se deveu a virtude saída do corpo de seu Divino Mestre.
Ora, a
virtude magnética que residia em um grau incomparável em Jesus Cristo existe em
um grau inferior entre todos os homens e cada vez que um magnetizador impõe
suas mãos, dele sai uma virtude”.
Posteriormente,
ou seja, mais de vinte anos depois, o mesmo tema voltaria a ser estudado com
cuidado por Allan Kardec, no capítulo XV de “A Gênese – os Milagres e as
predições segundo o Espiritismo”, no qual encontramos o seguinte comentário do
Codificador: “É notável que o efeito não foi provocado por nenhum ato da
vontade de Jesus; ele não fez nem magnetização e nem imposição das mãos. A
irradiação fluídica normal bastou para operar a cura.
Mas por que
essa irradiação se dirigiu para essa mulher, antes que para os outros, uma vez
que Jesus não pensava nela e que estava cercado pela multidão?
A razão disso
é bem simples. “O fluido, sendo dado como matéria terapêutica, deve atingir a
desordem orgânica para repará-la; pode ser dirigido sobre o mal pela vontade do
curador, ou atraído, pelo desejo ardente, a confiança, em uma palavra, a fé do
enfermo.” Diz ainda Allan
Kardec: “Jesus, pois tinha razão em dizer: a vossa fé
vos salvou. Compreende-se aqui que a fé não é virtude mística, tal como certas
pessoas a entendem, mas uma verdadeira força atrativa, ao passo que aquele que
não a tem opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou pelo menos uma força
de inércia que paralisa a ação. Segundo isto, compreende-se que dois enfermos
atingidos pelo mesmo mal, estando em presença de um curador, um pode ser curado
e o outro não.”
Constatamos
assim o quanto a preocupação dos estudiosos do Magnetismo em compreender de
maneira racional a ação do fluido magnético nas curas operadas por Jesus até
então consideradas “miraculosas”. Tal assunto também mereceu a atenção de
Kardec que destacou ainda a atitude de quem recebe: se souber exercer a fé como
força atrativa poderá, sem dúvida, obter resultados positivos. Aliás, no
diversos aplicação épocas Jornal do
Magnetismo há artigos que abordam a do
Magnetismo desde as mais remotas e por diferentes povos. O Barão Du Potet
inúmeras vezes referia-se a ele, denominando-o “Ciência dos Templos”, já que
inicialmente sua prática se dava no recesso dos templos da
Antiguidade, seja na
Mesopotâmia, na Pérsia, no Egito, Grécia ou em Roma.
Finalizando,
recordemos ainda as palavras de Léon Denis, em sua obra “No Invisível”:
“Desembaraçado de qualquer móvel interesseiro, praticado com um objetivo de
caridade, o magnetismo se torna a medicina dos humildes e dos crentes, do pai
de família, da mãe para seus filhos, de todos aqueles que sabem amar. Sua
aplicação está ao alcance dos mais simples. Ela exige apenas a confiança em si,
a fé no infinito poder que faz irradiar por toda a parte a força e a vida. Como
o Cristo e os apóstolos, como os santos, os profetas e os magos, cada um de nós
pode impor as mãos e curar se tivermos amor aos semelhantes e a ardente vontade
de aliviar”.
JORNAL
VÓRTICE -ANO II, n.º 05 , outubro/2009
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