quinta-feira, 17 de julho de 2014

MAGNETISMO E HOMEOPATIA, PRECURSORES DO ESPIRITISMO

Allan Kardec

Todo grande pensamento ou idéia religiosa não surge de repente, mas há que se haver uma preparação do solo para que a semente seja lançada e frutifique.  Assim ocorreu com o Espiritismo cujo Codificador, Allan Kardec estudou por 35 anos o Magnetismo Animal ou Mesmerismo antes de se dedicar à Doutrina Espírita.
A Homeopatia, criação inspirada de Samuel Hanehmann, e o Magnetismo, proporcionaram o  enraizamento de idéias que preparavam as almas européias sensíveis a pensarem o Ser Humano como um ser bio-psico-social dotado de uma alma, componente de uma centelha  que sustenta a vida. Não mais a influência de uma medicina medieval, materialista, mecanicista, mas uma ciência médica voltada para enxergar homem e o princípio vital contido em seu espírito.
Magnetismo e Homeopatia, portanto, se tornaram forças equilibrantes e opostas, na Europa e no Brasil, às idéias materialistas que permeavam o mundo pós-Inquisição. As doutrinas de Auguste Comte e Spencer seduziam milhares de criaturas se opondo intransigentemente ao sobrenatural, reforçando o “espírito positivo” e rejeitando qualquer cogitação das primeiras causas.

Samuel Hahnemann
•  Ao tempo de Hahnemann, a medicina oficial era um conjunto anacrônico de princípios, teorias e práticas empíricas, eminentemente drenadoras. Sua base eram as “sangrias”, os purgantes, os vomitórios e outros recursos criados sem um estudo metódico e científico.
•  A Homeopatia trouxe uma farmacodinâmica própria, considerando não só os limites materiais do indivíduo, mas penetrando no conhecimento da intimidade discreta e sutil de seu corpo bioplasmático.
Franz Anton Mesmer
Escreveu Mesmer em 1799: As primeiras curas obtidas de algumas doenças consideradas incuráveis pela medicina, suscitaram inveja e produziram mesmo ingratidão, que se somaram para ampliar as prevenções contra meu método de cura.
 Muitos sábios uniram-se  para fazer cair senão no esquecimento, pelo menos no desprezo, as aberturas que realizei neste campo: divulgou-se por toda parte como impostura.

Mas que, longe de me desencorajar, redobraram meus esforços para o triunfo das verdades que acho essenciais à felicidade dos homens.
Enquanto os Médicos de sua  época exerciam a medicina heróica, tradicional, desde Galeno no século II, por sua vez, Mesmer foi formado pela Universidade de Viena, então reformada por Van Swieden, na escola clínica de Boerhaave (conhecido como professor da Europa ou Hipócrates holandês).
Mesmer cursou as faculdades de teologia, filosofia, medicina, e em parte, de direito. Seu terceiro doutorado, foi em Medicina, pela Universidade de Viena, reformulada por Van-Swieten, discípulo de Boerhaave,  o criador da clínica moderna, que propôs uma retomada dos princípios da medicina científica e vitalista, fruto da observação junto aos pacientes e do uso da razão, recuperando os princípios do pai da medicina, o grego Hipócrates (vis medicatrix naturae). Incluía o estudo de ciências naturais, física, química e as então recentes descobertas fisiológicas.
 Para Boerhaave, uma  vis vitae, ou força vital, era responsável pela manutenção da saúde orgânica, como para todos os vitalistas científicos, que estavam  se contrapondo ao materialismo mecanicista da medicina oficial, a prática médica heróica milenar.
Muitas mentiras e difamações sofreu Mesmer e até mesmo uma das obras tidas como principais de sua bibliografia, AFORISMOS DE MESMER  foi desautorizada por ele, tendo sido compilada por seus alunos de um Curso dado por ele.
Sua obra principal foi Mémoires de F. A. Mesmer, docteur en médicine, sur ses découvertes. Paris, 1799.  “Memória de F. A. Mesmer, Doutor em Medicina, Sobre Suas Descobertas”. Esta obra, contém o modelo teórico da terapia do Magnetismo Animal, sonambulismo provocado e lucidez sonambúlica.
Diferentes tons de movimentos (vibrações) do Fluido Universal: Luz, eletricidade, magnetismo mineral, gravidade, magnetismo animal e todas as coisas.
A terapia do Magnetismo animal acelera o ciclo das doenças, antecipando a crise (crisis hipocrática) e restabelecendo o estado de equilíbrio, ou saúde.
Esclarece Mesmer em sua obra principal, ainda hoje desconhecida da geração atual: É o empirismo ou a aplicação às cegas dos meus procedimentos, que deram lugar às prevenções e às críticas indiscretas que se fizeram contra esse novo método. Estes procedimentos se não forem razoáveis, se assemelharão a afetações tão absurdas quanto ridículas, às quais será impossível atribuir fé.
Sexto sentido, instinto, sonambulismo provocado.
1. Como o homem adormecido pode julgar e prevenir suas moléstias, e mesmo as dos outros?
2. Como, sem qualquer instrução, pode indicar os meios mais adequados à cura?
3.  Como  pode  ver  objetos  afastados,  e  pressentir  os acontecimentos?
4. Como o homem pode receber impressões de uma outra vontade que não a sua ?
5. Por que o homem não é sempre dotado dessas faculdades?
6. Como são passíveis de aperfeiçoamento?
7. Por que este estado é mais freqüente, e parece ser mais perfeito após o emprego  do processo do Magnetismo Animal?
8. Quais têm sido os efeitos da ignorância destes fenômenos e quais são eles ainda hoje?
9. Quais são os inconvenientes resultantes do abuso que deles se faz?

DECLAROU KARDEC NA REVISTA ESPÍRITA DE 1868:

O Magnetismo, a Homeopatia, e o Espiritismo A cura só é completa após a destruição das causas.  Eis porque os tratamentos terapêuticos muitas vezes necessitam ser completados por tratamento fluídico e reciprocamente. Eis, também, porque as curas instantâneas, que ocorrem nos casos em que a predominância fluídica é, por assim dizer, exclusiva, jamais poderão tornar-se um meio curativo universal. Não são, consequentemente, chamadas  a suplantar nem a medicina, nem a homeopatia, nem o magnetismo comum.
Hahnemann, por sua vez,  escreveu no ORGANON, a “bíblia” da Homeopatia: Organon Parágrafo 288:

“Neste ponto acho ainda necessário fazer menção ao chamado Magnetismo Animal, ou melhor, ao mesmerismo (como deveria ser chamado, graças a Mesmer, seu fundador), que difere da natureza de todos  os outros medicamentos. Essa força curativa, muitas vezes tolamente negada e difamada ao longo de um século inteiro,  esse maravilhoso e inestimável presente com que Deus agraciou o Homem, mediante o qual, através da poderosa vontade de uma pessoa bem intencionada sobre um doente, por contato, ou mesmo sem ele, e mesmo a uma certa distância, a força vital do mesmerizador sadio, dotado com essa força, aflui  dinamicamente para um outro indivíduo (...) (Parágrafo 288)

Já no Plano Espiritual, viria declarar mais tarde
Hahnemann:


O Espiritismo será um poderoso auxiliar da medicina. Graças a ele, ela abandonará a tradição materialista que, há muito tempo, retardou o seu vôo.


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quarta-feira, 16 de julho de 2014

HIPÓTESES SOBRE A AÇÃO ORGÂNICA E PSICOLÓGICA DO ECTOPLASMA




JÁDER SAMPAIO
jadersampaio@uai.com.br
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)


Uma análise do livro Um ‘Fluido Vital’ Chamado Ectoplasma, de Matthieu Tubino, editado por Publicações Lachâtre
  
Matthieu Tubino é um professor da Unicamp, com sólida formação em Química, que escreveu um pequeno livro contendo suas observações pessoais em uma reunião de tratamento em Centro Espírita, das quais se formulou um conjunto de hipóteses sobre a ação do ectoplasma em organismos humanos.

Seu livro é uma obra de divulgação, escrita para o grande público. Além de uma discussão teórica, o livro repassa ao leitor a técnica de manipulação da substância desenvolvida pelo autor e sua equipe e apresenta alguns casos, após escrever de forma clara as suas conjecturas sobre a natureza, possível    fisiologia    e    alterações    psicológicas 
associadas ao acúmulo de ectoplasma.

A definição de Ectoplasma é uma questão que se estende ao longo do livro. O autor entende tratar-se de um atributo do organismo, com propriedades similares às substâncias gasosas e de composição desconhecida. Ele não apresenta alguns resultados de pesquisadores, como Schrenk-Notzing, que fizeram análises empregando métodos químicos do ectoplasma expelido por médiuns de materialização, como se pode ler abaixo:

“Segundo o resultado desses dois estudos, trata-se de substância albuminóide unida a um corpo gorduroso e com células análogas às que se encontram no corpo humano. Particularmente, notável é o grande número de leucócitos; as expectorações, por exemplo, não contêm jamais tanto. Esta matéria lembra fortemente o líquido linfático e o quilo do corpo humano, sem, contudo, ser-lhes idêntica”. (SCHRENK-NOTZING apud ANDRADE, 1984, p. 169.)

Baseando-se nos relatos de sensações dos pacientes e nas observações do comportamento do ectoplasma visível, o autor defende a existência de algumas propriedades gerais desta substância, que seriam:

a) A semelhança aos gases, como, por exemplo, a possibilidade de ser percebido no organismo das pessoas como algo volumoso, que provocaria inchaço (até ser expelido diretamente ou associado a secreções e gases do organismo, como a coriza, a flatulência, as eructações e as lágrimas, por exemplo);

b) Na sua apresentação invisível, o ectoplasma seria capaz de provocar sensações e percepções fisiopsicológicas, tais como náuseas, calores, dores, desconfortos semelhantes aos provocados por ulcerações, sensação de falta de ar e de excreção de líquidos (sem que as pessoas ao redor possam ver qualquer substância);

c) O ectoplasma estaria associado à ocorrência de fenômenos físicos (movimentos espontâneos de objetos, formação de corpos ou parte de corpos, quando em sua forma visível) descritos na literatura espírita, metapsíquica e parapsicológica;

d) Ele estaria sujeito à ação da força da gravidade, após ser expelido pelo organismo, nas suas duas apresentações (visível e invisível).

Segundo Tubino, o ectoplasma se acumula no organismo e isso pode desenvolver doenças

Esta última propriedade, no estado invisível, é depreendida das sensações e percepções de pacientes e de passistas (o autor evita este termo em seu livro).

Tubino reafirma a idéia de que esta substância seria produzida pelo organismo, proposta pela literatura, e adiciona a possibilidade de estar associada à alimentação e à ingestão de amido, com base no relato de pessoas atendidas em seu trabalho.

Uma proposição original do autor, com diversas implicações, é a de que o ectoplasma se acumularia no organismo e que este acúmulo poderia até promover o desenvolvimento de doenças.

A lista de doenças é muito ampla, e envolve os diversos sistemas orgânicos. O autor apresenta o relato de melhoras em pacientes submetidos ao procedimento de retirada de ectoplasma acumulado, mas, como se trata de pesquisa baseada em observação, não apresenta o resultado de comparações entre o grupo experimental e o de controle, o que dificulta a discussão do chamado efeito placebo e da formação psicológica dos sintomas.

Haveria também uma dimensão psicológica do acúmulo de ectoplasma no organismo, e este é um dos temas mais polêmicos do livro. Ao abordar o tema, Tubino destaca dois grupos de sintomas psicológicos: labilidade do humor (e cita casos de pacientes depressivos) e tendências paranóicas (que ele descreve como vitimização, melindres etc.). (1)

O autor faz uma incursão na psicanálise e revê alguns casos de pacientes de Freud, que, em sua opinião, apresentariam mal-estares semelhantes aos das pessoas diagnosticadas como portadoras de acúmulo de ectoplasma.

Encontrando a palavra streichen no texto freudiano, ele afirma que Freud aplicou passes para aliviar a dor de Emmy Von R. Tubino parece desconhecer que esta paciente pertence à pré-história da Psicanálise, período no qual Freud aceitava a teoria do trauma, tratava através da hipnose e da catarse e estava influenciado pela teoria da sugestão de Bernheim. Com a mesma paciente, Freud utilizou outros recursos de base sugestiva para fazer desaparecer os sintomas, como se lê abaixo:

“Minha terapia consiste em eliminar esses quadros (2), de modo que ela não possa mais vê-los diante de si. Para reforçar minha sugestão, passei suavemente a mão por seus olhos várias vezes”. (FREUD, Obras Completas, Vol. XXII, caso 2.)

Podem os transtornos mentais ser explicados e tratados exclusivamente pela ação do ectoplasma?

O caso em pauta é importante, porque a paciente não melhora substancialmente. A terapia hipnótica sugestiva possibilita a supressão de alguns sintomas, mas Emmy desenvolve posteriormente outros equivalentes, apresentando recaídas ao longo da vida. Freud entende que seus sintomas têm origem psicológica.

A psicogênese dos sintomas não é desenvolvida satisfatoriamente no livro. Como leitor, fico em dúvida quanto ao alcance das afirmações de Tubino. Os transtornos mentais podem ser explicados e tratados exclusivamente pela ação do ectoplasma sobre o organismo? Sintomas típicos de transtornos mentais são apenas acúmulo de ectoplasma no organismo? As histéricas de Freud não seriam neuróticas, mas pessoas que acumulam ectoplasma?

Matthieu Tubino defende que “a solução do problema do acúmulo de ectoplasma está na falta de ‘equilíbrio interno’ de cada um” (p. 45) e entende que o sistema de tratamento focalizado no ectoplasma apenas as auxiliaria a sentirem-se melhor enquanto procuram sua própria mudança.

Subentende-se que a mudança é uma mudança de atitudes da pessoa com base na ética espírita e cristã.

Segue o livro e o autor volta a perguntar-se sobre a constituição do ectoplasma. Após um raciocínio breve, conclui que não se pode concluir que se trata de algum gás conhecido, mas “algo diferente e, de certo modo, ligado ao sistema nervoso”, porque se pode sentir quando alguém o toca. Contudo, o autor não explica como ele distinguiu esta sensação de uma sugestão psicológica.

Outra proposta ousada é a da origem do ectoplasma nos alimentos, ar e água ingeridos. Tubino defende a existência de um metabolismo paralelo, e apresenta como evidência desta associação a presença de cheiros durante a liberação de ectoplasma, como o cheiro “semelhante ao de um cinzeiro com cigarros apagados” no ambiente em que fumantes são atendidos. Se tivéssemos fumantes, com abstenção ou redução de uso de cigarro e não ocorresse a liberação de ectoplasma, apenas a presença em um outro ambiente, será que este cheiro também não estaria presente?

O autor descreve a seguir as técnicas e cuidados empregados por sua equipe no trabalho de liberação de ectoplasma. Preparo dos pacientes, cuidados com o ambiente, técnicas de manuseio do ectoplasma, ação em situações em que ocorre mal-estar, entre outros temas, são tratados com objetividade.

A teoria dos diversos “corpos” auxiliaria a compreensão da
origem mental das doenças

Por fim, o autor afirma que algumas pessoas aprendem a ter controle sobre o seu ectoplasma. Ele cita alguns relatos de pacientes que alegam a melhora de doenças psicossomáticas após o tratamento, mas não se aprofunda na duração do seu bem-estar, dizendo apenas que esta depende da já citada mudança de atitudes, como o abandono do orgulho, da vaidade, da cobiça, da inveja, do rancor e da mágoa, entre outras atitudes condenadas pelo pensamento cristão.

O leitor irá ler a explicação de alguns casos de crianças que foram submetidas ao tratamento e uma discussão sobre a relação entre o duplo etérico e o ectoplasma. O autor defende a idéia de que a teoria dos diversos “corpos” auxilia a compreensão da origem mental das doenças e do funcionamento dos remédios homeopáticos.

Dois temas ainda compõem o trabalho em resenha. A ectoplasmia visível, utilizada pelos Espíritos, e um detalhamento da técnica de tatear o ectoplasma, para fins de diagnóstico. O autor é honesto em afirmar desconhecer o processo através do qual o ectoplasma visível se tornaria invisível e vice-versa. Faz apenas algumas metáforas com substâncias conhecidas que mudam de estado.

Ao concluir a leitura, e com as reflexões da resenha, ficam mais claras as minhas dúvidas e a contribuição do livro.

Tubino propõe idéias que possibilitam algum avanço na prática de passes realizados nos centros espíritas, se devidamente confirmadas. Admiro-lhe a coragem e a honestidade intelectuais, porque no texto se percebe que ele também tem dúvidas, mas não se furtou de sistematizar e expor suas observações e a evolução de sua prática, o que nos possibilita criticar, mas, mais importante, desenvolver uma agenda de pesquisas que permita testar as idéias propostas. 

Notas:

(1) Labilidade, em Psicologia, significa instabilidade emocional: tendência a demonstrar, alternadamente, estados de alegria e tristeza.  
 (2) Nesta situação, a paciente sofria com a recordação de seus irmãos jogando animais mortos nela, o irmão enrolado em um lençol e a visão do corpo da tia no dia do enterro. Estas cenas surgiram em estado hipnótico.

Fontes bibliográficas:

ANDRADE, Hernani G. Espírito, perispírito e alma: ensaio sobre o modelo organizador biológico. São Paulo: Pensamento, 1984.
 FREUD, Sigmund. Caso 2, Sra. Emmy Von R. da Livônia. In: Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Imago, s.d.

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sábado, 12 de julho de 2014

PROCESSOS DA MEDIUNIDADE

Itair Ferreira

      A Bíblia Sagrada é um repositório de sabedoria. Além de seu valor histórico, ela é cheia de misticismos, magias e alegorias nos processos da mediunidade.

     Desde seu primeiro livro, Gênesis, até o último, Apocalipse – do grego Apokálypis, Revelação – a Bíblia nos relata a trajetória da raça humana e seu cabedal anímico e mediúnico, num processo contínuo de utilização de energias espirituais, ligando a Terra às forças celestes.

     O primeiro médium de que se tem notícia, oriundo de suas páginas, foi Abraão, que interagiu com o Mundo Espiritual, já que a palavra médium, criada por Allan Kardec, significa intermediário.

     Esse relacionamento espiritual está citado no livro Gênesis, no capítulo 12, versículos 1 e 2: “Ora disse o Senhor a Abraão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome.”

     Quanto a Adão e Eva, eles representam a raça adâmica, estudada por Allan Kardec, no capítulo XI, do livro Gênese. Emmanuel sobre eles assim se expressa, no excelente livro A Caminho da Luz:

     “Onde está Adão com a sua queda do paraíso? Debalde nossos olhos procuram, aflitos, essas figuras legendárias, com o propósito de localizá-las no Espaço e no Tempo. Compreendemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança dos espíritos degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos para a personalidade das criaturas”.

     O Espírito Áureo, no livro Universo e Vida, editado pela FEB no ano de 1978, igualmente escreve sobre os exilados da Capela, num estudo sobre o povo de Israel.

     Ele descreve a dinastia desse povo e de seus patriarcas: Abraão, Isaac, Jacó e José, mostrando que esses seres e tantos outros foram espíritos que já haviam reconquistado o patamar evolutivo e renunciaram à glória e à felicidade de seu regresso a Sírius, para descerem ao nosso obscuro planeta à frente dos espíritos rebeldes exilados na Terra primitiva, na condição de Grandes Guardiães, colocando-se humildemente a serviço do Cristo Planetário.

     Abraão reencarnou, na esteira do tempo, como rei Salomão e, depois, como Simão Pedro, o amoroso apóstolo de Jesus. Sua força anímica e mediúnica extravasa em todas as suas personalidades.

     Na personalidade do rei Salomão, vemos sua conduta sábia e inspirada no episódio da disputa das duas mães, ao entregar o filho vivo à mãe certa, no capítulo 3, do 1º Livro de Reis.

     Escreveu, por inspiração, os livros: Provérbios, Cantares e Eclesiastes. Enfatizou o poder do amor, no versículo 12, do capítulo 10 do livro Provérbios: “O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões”.

     Reencarnando como o apóstolo Pedro, valorizou a mediunidade nos seus vários processos, colaborando com Jesus na implantação da segunda revelação da Lei de Deus – a Lei do Amor, e, numa frase parecida com a do rei Salomão, declarou em sua primeira epístola, capítulo 4, versículo 8: “Tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados”.

     Por sua mediunidade ostensiva, foi convidado por Jesus no momento da transfiguração e na despedida do Mestre no Horto do Getsêmani.

     No livro Atos dos Apóstolos, sua sombra curava doentes, espíritos se materializavam para tirá-lo da prisão e tantos outros fenômenos, posteriormente estudados e classificados por Allan Kardec no inigualável tratado mediúnico e psiquiátrico existente na Terra: O Livro dos Médiuns.

     Isaac , filho legítimo de Abraão com Sara, reencarnou como o profeta Daniel, médium de grande potencial. Na época em que estava exilado na Babilônia, participou do banquete de Belsazar, filho do rei Nabucodonosor, promovendo, com a liberação de seu ectoplasma, a materialização de uma mão, que escreveu na parede: mene, mene, tekel e parsin.

     Daniel interpretou essa inscrição para o rei, dizendo-lhe que Deus tolerou a existência do seu reino, contando-o até aqui, julgando-o e dividindo-o: parte ficaria com os medos, e, a outra parte com os persas.

     E isso aconteceu. Naquela mesma noite, a Babilônia foi invadida pelos exércitos de Dario, o rei dos medos e, posteriormente, dividido entre Dario e Ciro, o rei dos persas.

     Num outro episódio, por inveja dos seus pares, porque Daniel foi escolhido pelo rei Dario como um dos três príncipes para comandar os sátrapas – governadores das províncias–, ele foi lançado na cova dos leões famintos e saiu ileso.

     Daniel desencarnou com idade avançada, após servir a Nabucodonosor, a seu filho Belsazar e aos conquistadores Dario e Ciro.

     A seguir, reencarnou como João Evangelista, assim denominado por ter escrito o evangelho, – o quarto evangelho. A sua participação como discípulo de Jesus foi de grande destaque. Jesus o chamava discípulo amado porque era muito amoroso.

     Foi o único discípulo presente em todos os instantes da estada de Jesus entre nós, até no momento derradeiro de Seu sacrifício, na cruz do Calvário.

     Tal como Pedro, João foi sempre convidado por Jesus nos momentos mais importantes do evangelho, em que Sua mensagem deveria ser entendida, sem rebuços.

     E, assim como Daniel, sua personalidade anterior, João desencarnou em idade provecta, com 94 anos, no reinado de Trajano (53 d.C. – 117 d.C.), e, posteriormente, reencarnou como Francisco de Assis.

     Contam seus biógrafos que seu pai, Pietro Bernardone, estava viajando quando ele nasceu e já estava sendo batizado com o nome de João, mas o pai chegou a tempo e deu-lhe o nome de Francisco, em homenagem à França, porque lá ele realizava grandes negócios e também porque sua mulher, Picalini, era francesa.

     É interessante a questão do nome, porque no livro Francisco de Assis, do Espírito Miramez, psicografado pelo médium João Nunes Maia, há um episódio de fuga desse Espírito, na personalidade de João Evangelista, à perseguição cristã, em que ele usa o nome Francisco.

     Jacó foi o maior dos patriarcas e o maior médium de todos os tempos. O neto de Abraão reencarnou como Moisés, Elias e, por fim, João Batista, que Jesus afirmou ser o maior nascido do ventre de mulher.

     Jacó inicia sua missão com a visão em sonho de uma escada colocada entre o céu e a terra, na qual os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Perto dele estava o Senhor, que lhe prometeu abençoar sua descendência na Terra.

     Posteriormente, já com sua numerosa família, teve seu nome mudado para Israel, por ter lutado com um anjo do Senhor materializado, ao atravessar o vau de Jaboque. Dessa forma, surgiu o nome Israel e as doze tribos, que eram os seus doze filhos.

     Reencarnando como Moisés, recebeu a incumbência de nos trazer a primeira revelação da Lei de Deus: a lei de justiça. Com a produção de vários fenômenos mediúnicos, sua chegada ao monte Horebe, na península do Sinai, para receber as dez tábuas da lei é relatada no livro Êxodo. Emmanuel diz que “Os dez mandamentos representam a primeira psicografia feita na pedra”.

     Diz Emmanuel, no livro supracitado:

     “Moisés, na sua qualidade de mensageiro do Divino Mestre, procura então concentrar o seu povo para a grande jornada em busca da terra da Promissão. Médium extraordinário, realiza grandes feitos ante os seus irmãos e companheiros maravilhados. É quando então recebe dos emissários do Cristo, no Sinai, os dez sagrados mandamentos, que, até hoje, representam a base de toda a justiça do mundo”.

     “Antes de abandonar as lutas na Terra, na extática visão da Terra Prometida, Moisés lega a posteridade às suas tradições no Pentateuco, iniciando a construção da mais elevada ciência religiosa de todos os tempos, para as coletividades porvindouras.”

     “Seguiu-lhe Jesus todos os passos, assistindo-o nos mais delicados momentos de sua vida e foi ainda, sob o pálio da sua proteção, que se organizaram os reinos de Israel e de Judá, na Palestina.”

     Retorna na personalidade de Elias, sempre com a missão da fortificação do monoteísmo, a revelação do Deus Único, Pai de todas as criaturas.

     Quando o rei Acabe, se casou com Jezabel, mulher que rendia culto ao deus Baal, enfraqueceu a fé dos israelitas, quase suplantando Deus. O profeta Elias desafiou e venceu os quatrocentos e cinquenta sacerdotes de Baal, no alto do monte Carmelo, passando todos eles a fio de espada. (I Reis 18.19-45; 19.1.).

     E, por fim, reencarnando como João Batista, o precursor de Jesus, tal qual fora profetizado por Malaquias, nos capítulos 3 e 4.

     José , o último dos patriarcas, era o undécimo filho de Jacó com Raquel, sua preferida. Dotado de alta mediunidade, foi o chanceler do Egito. Era clarividente e salvou o Egito da fome, tornando-se o administrador mais bem-sucedido do mundo. Reencarnou, posteriormente, na personalidade do rei Davi e depois como Saulo de Tarso, denominado o apóstolo dos gentios pela sua missão de levar o evangelho de Jesus para todos os povos idólatras, transformando-os e implantando em seus corações desolados e vazios, sequiosos de carinho, amor, luz e paz, a doutrina de amor, envolvendo-os nos laços de alegria e liberdade.

     Vemos, nos processos da mediunidade, a estratégia utilizada pelo Cristo de Deus, o governador espiritual da Terra, a fim de nos trazer o conhecimento das leis de justiça, amor e caridade, implantando-as em nossos espíritos, através do tempo, para o nosso progresso em direção a nós mesmos, à nossa consciência, onde estão insculpidas as Leis de Deus.


Muita paz!

Fonte; Correio Espírita

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